Eu ainda te procuro

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Alerta gatinho: Detalhes do nascimento da filha da Sarah, crises de choro

Feliz aniversário Cecilia

Andrade

Essa era primeira manhã em que eu acordava e não me sentia bem, em algum tempo, hoje foi a primeira manhã em que recai. Olhei para o teto branco, minha vista estava embasada, eram lágrimas, que molharam o meu rosto, por que? Por que isso acontece quando eu estou me sentindo feliz? Okay, hoje tinha um motivo, 5 anos, hoje minha filha estaria fazendo 5 anos. Mas ainda sim, faz 5 anos, 5 anos e eu ainda não superei. Rolei para o outro lado da cama, abraçando o travesseiro, passaria o dia todo aqui se fosse preciso, mas não sairia daqui, não hoje, não essa semana.
O tecido já úmido e frio tocou o meu rosto, mas as lágrimas continuavam a descer, o que teria sido se ela não tivesse morrido? O que aconteceria se eu ainda estivesse casada? Se a minha menininha estivesse aqui, por que não eu? Por que ela? Minha Cecilia, ela tinha uma vida inteira pra viver, eu já vivi demais, ela só tinha horas, horas de vida, eu quem coloquei Jesus na cruz? Por que levar a minha filha?
Meus pensamentos eram as minha piores armas, minha própria mente me matava a cada dia, qual a escolha que fizeram para ser ela? Poderia me lembrar de cada detalhe daquele dia.

Flashback on

Como todas as manhãs estávamos fazendo caminhada. Ele mantinha o meu ritmo, caminhávamos devagar, até porque era quase impossível se andar rápido quando se tem a gravidade de uma vaca. - Anda devagar! - Falei parando para beber um pouco de água.

- Desculpa amor, mas nossa caminhada não pode esperar. - Ele riu e deixou um beijo no meu pescoço. - Vamos só mais um pouco amor.. - Andávamos todos os dias pelas ruas do condomínio, ele sempre dizia que não queria que eu engordasse muito na gravidez, então fizemos o máximo de exercícios e dietas, ele me levou nos melhores médicos nutricionista imagináveis e inimagináveis. - Nossa Cecilia vai já chegar em forma. - Eu ri e caminhei juntamente com ele, éramos o típico casal classe média alta, meu marido era loiro, dos olhos azuis, ele é musculoso, hoje em dia é dono de empresa, mas na época em que nos conhecemos ele era jogador de futebol, eu era animadora. Assim que chegamos o Tom me ajudou no banho.

- Tom, amor, pega o meu secador de cabelo. - Pedi e ele buscou para mim. Fiz minha escova, já que hoje era dia de fazer minhas unhas, estava me arrumando para ir, ele ia me deixar lá, não estava conseguindo dirigir. Mas assim que peguei a minha bolsa, senti uma cólica mas não me importei, eu só queria ir fazer logo as minhas unhas. - Hoje vai ser nosso dia de beleza filha. - Disse acariciando a minha barriga.

- Vamos logo Sarah, tenho uma reunião com novos fornecedores. - Ele me apressou e eu logo sai do quarto. Enfim, o meu marido me levou para o salão e de lá foi para o trabalho, fiz as minhas unhas, sobrancelhas, cilícios e cabelos, mas ainda sentindo aquela cólica chata. Quando o loiro foi me buscar as dores já estavam um pouco mais fortes. - Já pagou amor? - Eu balancei a cabeça e me segurei nele quando senti a tal cólica, um gemido de dor saiu dos meus lábios. - Ei, o que houve? - Ele me segurou.

- Não sei, estou sentindo cólica. - Disse e toquei minha barriga. Desde ontem senti algumas contrações, mas achei que eram de treinamento. Nesse momento eu senti um líquido escorrer pelas minhas pernas e molhar os meus pés. Eu estava em puro choque, minha bolsa tinha estourado.

- Porra, meu sapato italiano. - O Tom disse. - Cecilia vai ter que me pagar por um novo par.

- Tom, cala a boca! - Disse e algumas pessoas vieram me ajudar.

- Sah, amor, relaxa, nossa filha vai nascer, por um lado positivo, vai se livrar da barriga e vamos poder vê-la, suas malas já estão no carro, então relaxa aí. - Ele disse em um tom brincalhão. Depois que ele acertou a conta, ele me levou para a maternidade, lá fizeram alguns exames em mim mas me mandaram de volta para casa, quando as contrações foram se intensificando, eu voltei para a maternidade, mas minha dilatação ainda era pouca, então me mandaram para casa novamente. O Tom fazia massagem em minhas costas, me deu banho de banheira, levou-me para a cama, mas nada amenizava isso, mais uma vez lá íamos nós, para a maternidade novamente, quando eles me internaram, por horas a fio minha dilatação não prosseguia, foi então que tiveram que induzir a dilatação, eu chorava de de dor, cada grito, gemido de dor que ecoava dos meus lábios, lágrimas molhavam o meu rosto. Minha mãe estava na sala comigo, meu marido, pai e irmã resolveram não entrar.