22

206 23 3
                                    

Perdão e saudades

Andrade

Perdão é algo tão... Ele é simples, uma palavra de 6 letras pode ser tão importante, me sentia mais leve, com a minha irmã perdoada era muito mais fácil enfrentar o processo. - Sasah você já sabe o que eu acho. - Ela diz me encarando.

- Sim eu sei. Mas eu não quero isso. - Digo e ela se joga na cama ao meu lado.

- Você continua complicada, credo. - Thais diz e dou risada.
Eu senti falta dela.

- Eu quero poder deixá-la livre. - Encosto minha cabeça no colo da minha irmã. - Cadê a criança?

- Brincando com seus cachorros na sala. - Ela diz começando a rir.
Eu sorrio e na minha cabeça só consigo pensar no meu atual plano. Assim que a Juliette fosse para Europa, eu iria voltar a Brasília, de lá eu iria para fazer uma viagem pelas Américas e logo depois pelo mundo, queria ir para cada continente. Eu tinha dinheiro o suficiente para ir aos 4 cantos do mundo. Depois eu voltaria para o Brasil, esse sempre foi meu sonho, mas eu fiquei presa por pessoas, vidas que nunca foram e serão vividas. Era a minha vez dizer adeus, minha irmã virou minha sócia, a viagem também tinha um propósito comercial, ela era a única pessoa que eu confiava para tomar conta da empresa. A Thais precisava de ajuda e eu também precisava, então, agora somos sociais. O tempo se passava cada vez mais rápido, de três meses já viraram semanas. - Sah, acha que vai se arrepender?

- Não sei Thata, eu posso me arrepender, como eu posso dizer que foi a melhor coisa que eu poderia ter feito na minha vida. - Eu olho para a minha irmã. - Você sabe que o meu lema sempre foi, se tiver medo, vai com medo mesmo.

- Credo tudo você transforma em uma palestra. - Ela rio. - Posso dormir aqui? Está tarde pra eu voltar pro apartamento.

- Que pergunta Thais, claro que pode. - Eu digo sorrindo. - Vou pedir ifood pra gente. O que o Noah vai querer?

- McDonald's, pode pedir pra ele o mclanche feliz, eu vou querer... Hmm o que você vai querer?

- To pensando em pizza.

- Gostei da ideia. - Eu sorri para a mesma que buscou o filho na sala para dar banho nele, enquanto esperava a nossa comida eu escutei algumas batidas na porta. Me levantei e abri a porta, era o entregador, com o lanche do Noah. Eu peguei o mesmo e deixei em cima da mesa. Peguei o meu moletom e abri a porta.
Apenas mais duas semanas e ela iria embora.
Como tudo passou tão rápido? Por que tudo passou tão rápido? Era isso mesmo o que eu queria? O caminho até a sua casa parecia ser muito maior do que eu realmente era. Assim que eu atravessei a pequena ponte, respirei fundo, os meus pés enraizaram no chão. Toda a minha coragem sumiu, o que restava apenas um grande desejo de chorar, por que eu sou tão confusa? Se minha cabeça não fosse tão problemática isso seria bem mais fácil. Eu não quero ser egoísta a ponto de pedir para ela desistir.

- Sah? - Ouvi a sua voz abrindo a porta da varanda. - O que está fazendo aí parada amor? - Minha voz tinha sumido. Eu queria sumir.
Juliette começou a vim na minha direção. Nesse momento eu desabei, eu estava perto de perder a pessoa que mais estava me fazendo feliz.
As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, sentindo o toque sobre a minha pele, me deixava ainda mais agitada. Meu cérebro entrou em estado de pane, pânico total, haviam tantas vozes, pensamentos, que gritavam de uma única vez, ele desligou. Tudo o que eu conseguia fazer era soluçar enquanto as lágrimas desciam. - O que aconteceu? - Suas mãos seguram o meu rosto.

- Jully, você não vai entrar? A comida vai esfriar. - Uma outra voz feminina surgiu.

- Amor, o que aconteceu? - Seus braços rodearam o meu corpo.
Eu desmoronei, sabia que não teria ela ali mais. Ela me levou para a sua casa, me deitou na sua cama, onde ali cuidou de mim, minha crise de chorou se manteve por horas a fio, horas quais ela ficou ao meu lado, a mesma pessoa por quem eu chorava. - O que aconteceu? - Sua voz era doce. Mas a única coisa que eu fiz foi olhar os seus olhos profundamente. Talvez eles conseguissem falar mais do que eu conseguiria naquele momento.
Eu já deveria ter aprendido, ela conseguiu me fazer perder o meu muro de blocos que criei em torno de mim, todos esses meses passaram como um caminhão de sentimentos sobre o meu coração. Agora ela deveria ir embora e a nossa história ficará para trás. Eu queria que fosse ela, mas o destino não queria, ou talvez não esteja no nosso momento, eu não posso ser a pedra no sapato dela, a pessoa quem impediria ela de seguir o sonho dela, nessa oportunidade incrível que o universo lhe deu em suas mãos. - Sarah, me diz para eu tentar te ajudar.

- Eu te amo. - Minha voz era baixa. Amar a alguém mais do que amar a si próprio é algo perigoso, talvez eu não tenha aprendido o suficiente.

- Eu também te amo. - Ela acariciou o meu rosto. - Nós apenas vamos dar um tempo... Se o que sentirmos for real, isso vai durar dentro de nós, porque você é como minha alma gêmea... - Meu abraço a ela foi tão forte, meu sentimento era tão verdadeiro, por que eu não consegui bloquear isso? Mais uma vez eu irei sofrer por isso? Saudades, isso era tudo o que eu sentiria por ela. A nossa última noite se acaba de um jeito quente, melancólico, com gosto de quero mais, enquanto eu a sentia as lágrimas escorriam, nada mudará o destino. E eu nunca me arrependo de ter incentivado os seus sonhos.

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora