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Aprender a amar e a perdoar

Andrade

Eu aprendi que quando amamos deixamos ir e está se adequando essa frase ao momento. Eu a amo e tenho que deixar ela ir, aprendi isso de uma forma cruel, mas eu aprendi então porque eu tentaria prendê-la aqui. Isso era ela quem tinha que decidir, mas eu sinto que eu a atrapalho. E essa não era a decisão que eu queria tomar, mas eu a quero voando e não presa em uma espécie de viveiro que não podemos mais sair. Se ela se arrepender? Ou se eu me arrepender das minhas novas descobertas, isso poderia acabar com ela, eu me preocupava, psicologicamente e fisicamente.
Estava no meu quarto, ao lado do Ralph, acariciava o pelo macio, enquanto em minha mente se passava milhões de pensamentos, na velocidade da luz, após a minha consulta com a minha terapeuta, ela teria que dar a resposta final, eu não poderia interferir, não tínhamos como saber sobre o futuro sem ter passado o pelo presente. Então estava aproveitando todos os momentos possíveis com ela, já que eu não sabia a sua resposta. Após alguns toques no meu celular, eu olhei e vi que eram da única pessoa que eu não esperava mensagem, minha irmã. Apertei na notificação, que me guiou até a conversa. "Hey maninha, sei que faz tempo que nós não nos falamos, por razões óbvias, mas, eu sinto sua falta, quero conversar com você, o que acha de me deixar te pagar um jantar e levantarmos a bandeira branca, beijinhos minha conchinha." Li a mensagem mas não sabia o que responder, o que eu poderia falar para ela? Depois de tudo o que aconteceu? Ele não valia a pena. Tratei de responder a mesma, o perdão era algo que deveríamos praticar. "Oi Thaís. Realmente, sim também acho que devemos conversar. Pode marcar o dia." Mando e espero que esse dia demore para chegar. Ótimo, mais uma coisa para eu pensar. Minha irmã não demorou para me responder. "Hoje! Eu estou em Sampa novamente, vim trazer a minha mudança para cá." Okay, já entendi universo. "Okay.. Mas eu me mudei, estou morando no interior, vou para a capital, me diz onde te encontrar." Pedi e ela logo passou-me o endereço, mandei uma mensagem para a Juliette avisando que caso viesse até a minha casa não estaria aqui, dizendo que iria visitar uma amiga na capital e ela genuinamente se voluntário para cuidar dos cachorros. Eu autorizei, não demorou para a morena chegar aqui, abri a porta para ela, que me cumprimentou com um beijo longo. Hoje ela tinha tido a reunião decisiva sobre os seus caminhos que seriam traçados. - Ei, você está bem? - Ela acariciou o meu rosto e eu balancei a cabeça.

- Estou, quer ir me contando como foi enquanto me arrumo?

- Posso te contar na volta, o que acha? - Ela me olhou.

- Você vai me deixar mais ansiosa do que já estou... - Disse baixo e ela soltou uma risada abafada.

- Okay.. Então se prefere que eu fale agora, eu digo, eu pensei muito, muito mesmo Sah. - Ela se sentou no sofá e eu me sentei no seu colo. - Conversei com a minha irmã, que me ajudou muito... Eu te amo e isso não vai mudar... Nunca vai mudar..

- Mas você quer ir, estou certa? - Ela balançou a cabeça e eu acariciei o seu rosto. - Eu quero que você vá, eu quero seja feliz e que realize o seu sonho. Nós ficaremos juntas se for para ser.

- Eu sei, mas eu to com medo... - Disse acariciando a minha cintura. - Eu te amo ao ponto de desistir de tudo.

- Eu não quero que desista do que sempre sonhou. - Eu digo e sorrio suavemente. - Nós vamos conseguir superar tudo isso, eu prometo a você. - Digo beijando os seus lábios. - Vamos passar os melhores últimos três meses, eu prometo a você. Agora vamos fazer o seguinte, quando você for embora, eu quero seja livre para fazer o que quiser e bem entender, okay? - Ela afirmou e me beijou novamente.

- Ainda vamos ficar juntas.. Temos 90 dias de despedida. - Ela sorriu e me beijou novamente. - Você vai se atrasar, vai lá se arrumar. - Eu pensei um pouco antes de me levantar.

- Vamos comigo. - Eu disse mordendo o meu lábio. - Eu... Bem, minha irmã me mandou mensagem, sim aquela irmã, mas, eu não sei se quero enfrentar ela sozinha. - Ela se levantou.

- Sarah, você não está sozinha. - Ela beijou o meu rosto. - Claro que eu vou com você.

- Tá bem, então eu irei me arrumar. - Sorri, eu me arrumei de forma simples.
Após me arrumar, deixei os cachorros na cozinha, para não bagunçarem a casa inteira.
Nós entramos no carro e colocamos o cinto, coloquei o endereço no Waze e seguimos caminho em conversas sobre como seria daqui para frente, tomamos uma decisão importante, ao final dos três meses, eu a deixarei no aeroporto e ali seria a nossa despedida, despedida na qual, o universo decidirá no futuro se nós nos reencontraremos ou não, seria melhor assim.
Quando chegamos no restaurante era o mesmo, o mesmo restaurante que fez-me mudar de vida bruscamente e conhecer essa mulher maravilhosa.
Estacionamos, adentramos o restaurante de mãos dadas.

- Amor, eu vim aqui, uma vez só, com a minha irmã para comemorar a entrada dela na faculdade e eu ajudei uma mulher naquele dia que estava tendo uma crise. - Meus olhos se arregalaram, agora eu entendi porque eu achei que a conhecia. Era ela, ela me ajudou naquele dia.

- A.. Okay, isso vai parecer estranho, mas, eu quem era a mulher.. - Disse corando e ela sorriu de certa forma.

- Sempre soube. - Ela riu e beijou a minha bochecha. Logo vi minha irmã em uma mesa com uma criancinha de colo, em uma cadeirinha. Suspirei e acenei, vendo que ela tinha acenado de volta. A Thaís correu até mim e me abraçou com força. Nesse momento, eu não consegui a abraçar de volta mas a mais velha chorava enquanto segurava o meu corpo.

- Meu Deus... Eu quase não te reconheci.. - Ela secou o rosto e acariciou minha bochecha. - E ela é...?

- Namorada. - A morena disse e eu balancei a cabeça concordando.
Nós nos sentamos e eu conheci o meu sobrinho que parecia muito a minha irmã e eu acho que finalmente pude perdoa-lá, depois do que eu soube do que ela passou, nossas histórias eram bem parecidas e os nossos pais como fizeram comigo, não a ajudou, não tinha mais quem recorrer, a não ser a mim e eu era a sua única esperança. Meu sobrinho era a coisa mais fofa do mundo, não tinha nada do desgraçado do Tom, ele fez novamente o que fez comigo, fez com ela, mas de forma pior, ainda deixou o filho para trás, minha irmã teve um aborto espontâneo, mas óbvio que ninguém me contou, como sempre.
Perdoar era a melhor opção, sempre será, olha o que eu perdi, meu sobrinho e todo o resto que aconteceu na vida da minha irmã.

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora