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Eu vou cuidar de você

Andrade

Alguns flashbacks vem em minha mente, mas nada o que me faça lembrar de onde eu estou, olho para o meu corpo e me vejo nua, merda, eu não posso ter feito isso, faço um grande esforço e me sento na cama, estou suada, melada, nojenta, olha a minha volta e o quarto também parecia nojento. Olho para os lençóis brancos que estavam sujos com sangue e algo amarelado, no piso de carpete bege, possuía dois pacotes de preservativos intactos e o próprio preservativo inutilizável, meus seios estavam com algumas marcas roxas, uma delas de mordida, minha camisa estava rasgada, meu celular jogado do outro lado do quarto, eu saí da cama quase me rastejando para pega-ló. O visor ascendeu, tinha uma trincado na película, eu fiquei sem entender completamente o que tinha acontecido, me olhei no espelho na minha frente e me assustei, eu estava toda mordida. Tinha muitas mensagens da Juliette, ligações, mais mensagem, mais ligações. Eu apertei a notificação de ligação, mas ela recusou a minha ligação. O que eu fiz? Liguei mais uma vez, ela recusou, outra vez, recusou, outra vez, recusou, fiz isso até ela atender. - Fala. - Sua voz não era doce, com o sotaque que eu gostava de ouvir, era seca, com certa quantia alta de raiva.

- Juh! Eu não sei onde eu estou... Eu tô... Eu não me lembro do que aconteceu... - Eu disse com tom de desespero.

- Não se lembra? Então eu vou refrescar sua memória, eu saí para buscar bebida, quando voltei te vi agarrando o homem encostada em uma árvore. depois dele arrebentar dois botões da sua camisa, vocês sumiram. - Ela estava brava. - Eu queria que se divertisse. Mas poderia ter tido a descendência de me avisar, fiquei te procurando igual uma imbecil.

- Eu sei que está com raiva, mas por favor, me ajuda. - Eu falei com a voz manhosa. - Por favor, se me tirar do lugar que estou, eu te deixo me xingar o quanto quiser... Mesmo que eu me esconda no banheiro e chore por horas.

- Essa vai ser a última vez garota. - Eu suspirei aliviada. - Me manda sua localização. É isso não muda o fato de eu ter ficado brava e chateada. - Ela desligou.
Mandei a minha localização, olhei para o meu estado, tinha sangue seco na minha coxa, e sangue fresco pingando no chão, eu corri para o banheiro e me limpei, vesti minha roupa e dei um jeito na minha camisa. Quando me sentei na cama colocando o meu joelho contra os meus seios doloridos, senti meu sexo mais dolorido ainda. Nesse momento em que a porta do quarto abriu, de primeira eu me assustei, só poderia ser brincadeira, pensei que fosse alguém mas era a Juliette. - Veste. - Ela jogou um moletom em cima de mim e eu me vesti, peguei meu sapato e sai do quarto, ela bateu a porta com tanta força, estava um clima pesado, tão pesado que se pesasse mais choveria dentro do carro, sem música ou brincadeira, me deixou na minha casa e eu abri a porta, os meus cachorros se desesperam quando me viram, pularam e pularam, eu me joguei na cama e eles se deitaram ao meu lado, assim que eu fechei os meus olhos, a lembrança veio, eu lembrei o que aconteceu, meus olhos foram aberto abruptamente, minha cabeça estava doendo, mas nada comparado a dor de cabeça que eu teria, não me lembrei ontem, mas eu estava no meu período fértil, peguei a chave do meu carro e um óculos de sol, a chave do meu carro, quando pisei na grama lembrei que estava sem sapatos, corri para dentro e peguei meu chinelo, quando estava entrando no meu carro a Juliette veio até mim. - Eu só acho engraçado que..- Ela começou a falar.

- Juh agora não dá, se quiser falar entra no carro. - Ela entrou no carro enquanto brigava comigo, como se fosse a minha mãe.

- Eu não quero saber! Você vai me ouvir! - Ela bateu a porta do carro. Só parou de falar quando estávamos na porta da farmácia. - O que vai fazer?

- Pílula, vem comigo. - Eu abri a porta para ela e a mesma revirou os olhos. - Eu sinto muito, eu me lembrei do que eu fiz, mas eu não iria sair dali... Me desculpa, eu não vou me justificar. Você tem direito de estar brava comigo, e ainda sim, mesmo tendo me xingando eu estou feliz por ter você como minha amiga. - Eu entrei com ela na farmácia e fui até a bancada. - Por favor, me vê uma pílula do dia seguinte. - Eu disse baixo para a atendente. A mesma trouxe para mim e eu paguei junto com uma garrafa de água. - Não precisa sair mais comigo se não quiser, desculpa mesmo, eu estava bêbada ontem...

- Está desculpada. - Eu a olhei surpresa enquanto tomava o comprimido. - Se fizer isso de novo cancelo nosso contrato da casa e estrangulo você. - Eu ri e abracei.

- Obrigada... - Entramos no carro em silêncio, o clima ainda estava pesado, mas nada comparado a morena que parecia fervilhar de ideias. - Eu perdi a minha filha e fui traída. - Eu soltei enquanto parei o carro no acostamento. Ela me olhou sem entender. - Esse foi o motivo de eu vim parar no fim do mundo, comecei a namorar aos 16 anos, com o mesmo cara que tirou minha virgindade, eu me casei, construímos uma casa, abrimos a minha empresa e tivemos uma filha, eu tive complicações na gravidez. - Eu contei para a mesma que me olhava com toda a atenção. - Bem, levei a gravidez até o final, o médico quis induzir meu parto, eu disse que queria a cesárea, mas, ele me fez a indução, minha filha não saia e não importava a força que eu fizesse, ela estava em sem oxigênio, quando decidiram fazer a cesárea, ela morreu nos meus braços, quando eu peguei ela na primeira vez, foi o tempo de tirar uma única foto dela. - Eu contei sem chorar. - Até hoje me lembro da sensação boa que eu tinha quando ela chutava, eu tenho a cicatriz que ficou da cirurgia, mais o menos, dois meses depois, meu ex marido fugiu com a minha irmã, o dia que eu corri para a sua casa, foi porque eu descobri que ela está na segunda gestação. Isso fazem 4 anos, minha filha estaria com 4 anos se não fosse o médico que mandou eu induzir o parto, eu fui diagnosticada com depressão, ansiedade, algumas fobias e bulimia.

- Eu... - Ela começou a falar mas o instinto dela foi me abraçar. - Eu sinto muito... Como sua amiga, eu prometo não deixar te machucarem, vou te proteger o quanto puder.

- Eu, Juh, eu não queria ficar com aquele homem ontem... Por favor, acredite em mim, eu disse não e ele sabia que eu estava bêbada, mas como ele não me soltou, eu cedi... - Minha vista embaçou, logo a lágrima escorreu, mas ela
as secou.

- Me deixa dirigir, eu vou cuidar de você.. - Nós trocamos de lugar. Ela me levou até a a minha casa, foi meio estranho, mas ela me deu banho, fez algo para eu comer e depois me colocou para dormir ao lado dela. Eu...
Eu não sei descrever o que senti, era uma espécie de segurança, mas ao mesmo tempo senti alguma coisa estranha, como me senti quando comecei a gostar do Tom, mas eu nunca fiquei com mulheres ou algo do tipo, então era uma sensação estranha para mim.

Eu ainda te procuroOnde histórias criam vida. Descubra agora