A irmã imperfeita
Andrade
Estava terminando de arrumar a minha cama, na sala, até que ter os meus pais aqui não era tão ruim, apenas pelo fato, eu estou dormindo na sala, mais precisamente no meu sofá, isso não era legal. O sofá ele é confortável para se sentar e ver filmes, ou até mesmo um breve cochilo, não para você dormir uma noite inteira, uma noite inteira você dorme NA CAMA. Okay, afofei meus travesseiros me deitei e cobri meu corpo com um edredom pesado, estava frio, mais frio ainda quando você mora perto do nada, onde judas perdeu todas as suas roupas e correu 1km pelado. Usava um moletom preto e meias de pelúcia branca. Os cachorros estavam usando roupa, sim roupas quais, eu comprei para eles, deitados em cima de mim. Sim, eu sei, dizem que não pode deixar eles dormirem com você, para não terem o mau costume, mas eu não me importo. Peguei o meu celular, abri minha redes sociais, sem atualizações a um bom tempo, minha última foi uma foto na maternidade com a criança prematura em um berço transparente, deveria arquivar minhas fotos, igual como eu fiz com o meu ex marido, mas eu apaguei todas, como se ele nunca tivesse existido para mim, ou passado pela minha vida. Como de costume, comecei a ver vídeos de animais fofos e bebês sendo bebês. Foi quando escutei o barulho de carro deveria ser a vizinha, meu celular foi desligado e eu comecei a dormir, teria uma noite tranquila se quando fosse 7h da manhã, minha mãe continuasse dormindo, não levantado para fazer café da manhã para o meu pai, fui acordada pelos ovos sendo feitos. Meus olhos se abriram e eu os esfreguei, a preguiça consumia cada átomos do meu corpo. Suspirei e me sentei no sofá, bocejei e olhei para ela com um robe branco, preguiçosamente sorri para a minha mãe. - Bom dia querida! Levante-se, está na hora. Seu pai ainda está dormindo, tem café na cafeteira, estou fazendo o café da manhã para levar na cama para o seu pai. - Eu a encarei e balancei a cabeça, eu fazia a mesma coisa quando era casada, minha mãe me ensinou a ser ela, como eu deveria tratar o meu marido, da mesma forma que ela ensinou a minha irmã, a única coisa que ela aprendeu foi a roubar o marido de outras pessoas, independente de quem seja, além do mais, ele também foi a pior pessoa por ter aceitado isso, agora me diz, como se confia em alguém depois disso?
- Obrigada, mas eu não como pela manhã. - Minha voz sai mais rouca e sonolenta.
- Não querida, mas você sabe que não pode ficar sem comer, então por favor. - Minha mãe veio até mim com uma salada de frutas e uma xícara de café. - Era a salada de frutas do seu pai, coma essa eu farei outra para ele. Deixando em cima da mesa de centro, eu peguei o café e tomei um gole. Tinha açúcar, olhei para minha mãe com a boca cheia do líquido, ela estava completamente distraída, eu peguei a caneca e joguei o líquido ali dentro novamente. Deixando o café de lado, peguei a salada de frutas e comecei a comer, tinha mel e aveia. Quando eu terminei, peguei a minha xícara e joguei o líquido de em um vaso de planta disfarçadamente, era uma planta que ficava na mesa de canto. Precisava de mais dois dias com eles aqui, logo eu voltaria a trabalhar, estava tudo pronto, eu não acho que seria um bom movimento, eu teria que voltar a aparecer nas redes sociais da empresa, mas apenas lá, foi bom ficar esses dias com eles.
- Você não vai comer? - Eu perguntei deixando o meu prato na pia e pegava um pouco de suco na geladeira.
- Não, eu vou fazer primeiro o café do seu pai.
- Ele pode levantar e fazer. - Eu disse colocando mais suco em meu copo.
- Não foi isso que eu te ensinei, por que sempre tem que questionar o certo? Querida nenhum homem gosta disso. - O líquido em temperatura mais fria desceu pela minha garganta, sua fala me fez olhar em seus olhos. - Foi por isso que o seu marido te deixou.
- Oi? Mãe, por favor, se veio na minha casa para me insultar dizendo que o Tom me deixou porque eu não sou como você, eu sinto em te dizer que está enganada. - Minha ansiedade acelerava o meu coração.
- Não o deu filhos, não o tocava, mal sabia cozinhar, sempre foi um desastre quando eu tentei te ensinar. - Meus olhos se encheram de lágrimas. - Ao contrário de você, sua irmã está esperando gêmeos. É a segunda gestação dela. - Eu acho que eu não tinha reação, estava em puro choque. Eu queria que eles sumissem dali e da minha vida. Senti a mão do meu pai no meu ombro direito, meus olhos encontraram o dele.
- Foi a última vez que você me viu. - Eu olhei para ela. - Você nunca mais abre a boca para falar do que aconteceu! - Eu bati no balcão e meu pai tentou me puxar para trás. - Eu não quero saber do deles! Eles poderiam morrer, eu não ia me importar! Ela nunca vai ser minha irmã! Eu não confio em vocês, quem dirá naquela puta de esquina! - Eu gritava cada vez mais alto. - Vocês são iguais a ela! Ela sempre foi a melhor em tudo, a mais bonita, mais inteligente, a filha perfeita e planejada! E eu mãe?! O que eu sou para você?! - As lágrimas desciam do meu rosto. - O acidente de uma camisinha estourada ?! A filha que não fazia nada certo ?! Eu nunca arruinei meu casamento! Eu dei um bebê para ele! Mas a minha filha morreu! Por que eu tive culpa disso?! Eu não tive culpa de um erro médico! Eu vivo com esse peso, sobre esse luto a 4 anos, você acha que eu sou feliz?! Eu pedia para que eu tivesse morrido no lugar, você nunca vai me entender, eu não quero mais vocês aqui, a visita acabou, a casa da Thais tem uma estadia melhor. - Eu me afastei e peguei o meu celular e um par de pantufas, foi a primeira coisa que eu vi na minha frente. - Vocês tem uma hora para sair daqui. - Eu os escutei brigar um com o outro, mas eu não me importava, andei até o lago, me sentei na beirada de uma pedra. Vi a minha vizinha fazendo exercícios, ela não tinha me visto, eu chorava sem conseguir me controlar, isso dói, ninguém tinha noção o quanto isso doía.
Eu estava com frio mas me recusava a voltar para casa, minhas lágrimas secaram, apenas uma dor de cabeça forte se mantinha, foi quando a Juliette me viu, acenou para mim e atravessou a pequena ponte até mim.- Ei, o que houve? - Sua voz era suave. - Você não quer entrar? Está frio. - Eu neguei com a cabeça. - O que aconteceu? Você não me parece bem. - Talvez seja porque eu não esteja mesmo bem. - Se não entrar comigo vou te cobrir com um cobertor. - Eu sorri suavemente, meus olhos deveriam estar brilhantes e vermelhos, pelas lágrimas recém derramadas deles, eu a encarei e balancei a cabeça. - Vamos entrar. - Ela me levantou e caminhamos até a sua casa, me sentando no sofá e me cobrindo, eu me encolhi ali, chorando novamente, no sofá de uma desconhecida, tinha certeza que ela era legal. - O que houve? Está me deixando preocupada, é a casa? - Eu neguei e sequei o meu rosto, não gostava de mostrar vulnerabilidade a terceiros.
- Meus pais. - Eu funguei e esfreguei o meu rosto, com uma xícara de chá quente, ela se sentou a minha frente.
- Família é horrível. - Ri e concordei. Bebi um gole do chá e a olhava, mas não diretamente nos olhos. - Talvez isso te deixei animada. - A mesma me entregou um panfleto da festa da cidade, aquela que seria em duas semanas. - Podemos ir juntas, quero dizer, para te mostrar a cidade.
- Eu não sei se eu vou, mas de toda a forma obrigada pelo convite. - Eu sorri suavemente. - Obrigada. Se eu for vai ser legal ir com você, espero que se entendi com a minha companhia. - Ela sorriu e se sentou ao meu lado.
- Você já está melhor, está vendo, está sorrindo. - ela disse dando uma pequena risada. - Okay, me conta um pouco de você, o que fez uma mulher que morava na capital, vim para um fim de mundo como esse, vendo algumas pessoas andam de bota e fivela, sem shopping, fast-food ou qualquer coisa do tipo. Você tem jeito de patricinha, bateu com o carro dos seus pais e esse foi o castigo? - Eu não me aguentei e gargalhei.
- Não, eu tive problemas pessoais, precisava de paz e aqui estou eu, aqui não tem fast-food, mas eles entregam a comida do restaurante da cidade, fora que eu trabalho na cidade que faz divisa com a capital. Bem mais movimentado. - O assunto começou a desenvolver quando notei, ela estava de ponta cabeça na poltrona enquanto conversávamos. - Okay, escolhe a letra.
- Z. - Ela riu quando eu joguei a almofada nela. - Você falou qualquer letra, okay, então fala a letra e eu começo.
- A. - Eu sorri e ela revirou os olhos.
- Avião.
- Viagem. - Era um jogo, uma escolhia a letra, soltava uma palavra e tínhamos que falar outras palavras com relação a anterior. Passei um bom tempo fazendo isso, mas eu voltei para casa, nada dos meus pais, limpei a louça, cuidei, brinquei e dei carinho aos meus bebês.
Me sentia em paz ouvindo o silêncio, isso me deixava em paz, se não fosse a minha vizinha eu agonizaria até agora o que minha mãe havia me dito.
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Eu ainda te procuro
FanfictionO líquido penetrava a minha pele e o cheiro de flores francesas empestearam o meu quarto, era mais uma compra que ela se dado. Os olhos verdes eram fixos no espelho a sua frente, enquanto arrumava os últimos detalhes do seu rosto, Sarah se levantou...