Capítulo 21

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-Acha que um dia eu irei me casar com um príncipe?- a loirinha perguntou enquanto rodopiava pelo jardim segurando a barra de seu vestido cor de rosa com uma mão e a outra segurava a mão do marido da sua irmã.

-Não tenho dúvidas. Mas não adianta ele ser apenas um príncipe.- disse o mais velho, observando a doce menina no auge dos seus seis anos. Meredith parou por um momento e olhou para cima, encarando ele.

-Por que não?

-Bom...- ele pensou em uma forma de explicar para ela. Meredith segurou as duas mãos dele e começou a se embalar de um lado para o outro.-Ele tem que ser gentil com você. Deve ser respeitoso e sempre te tratar muito bem. Ele deve ser sincero e nunca mentir.

-Ta bem.- sorriu para ele.-Ele tem que ser igual você então, né?

-Eu? Por que eu?- sorriu para a garotinha que estava pendurada em suas mãos.

-Por que você é gentil e nunca mentiu pra mim.- sorriu meiga e Derek se abaixou para ficar na altura dela. Ele passou o polegar pela bochecha rosada e ajeitou a coroa de papel em cima dos cabelos dourados.-Você nunca vai mentir pra mim, não é Derek?- perguntou receosa.

-Claro que não, Mermer.- sorriu para ela, e recebeu um abraço caloroso da loirinha.





Me acordei quando meu despertador começou a tocar. Apertei para parar e me virei de barriga para cima e sorri, hoje seria meu primeiro dia no internato e me passa um filme pela cabeça.

Nesses oito anos aconteceram tantas coisas...bom, vamos com calma. Eu e Cristina conseguimos morar separadas, agora cada uma tem seu próprio apartamento. Ela agora tem um namorado, o Owen que trabalha no Seattle Grace para a felicidade dela, está empolgada pois poderão passar o dia juntos. Meus pais se separaram e voltaram várias vezes, no momento estão separados mas morando juntos, o que me dá a entender que ainda sim estão juntos. Ah, Lexie e Mark tem uma filhinha! Sim! Eu sou madrinha da pequena Mavie Marie, ela está atualmente com três aninhos e é a coisa mais fofa que se pode imaginar. A cara da Lexie mas com os olhos e jeito de Mark. Perfeita.

Me levantei, tomei banho, me aprontei e desci para pegar o carro e ir para o Seattle Grace. Eu estava tão animada, seria meu primeiro dia de internato no hospital que eu sonhei estar desde criança. Estacionei o carro e corri para dentro para me encontrar com Cristina e conhecer nossos colegas e residentes.

Vocês devem estar se perguntando dele. Derek foi um grande erro. Eu era jovem demais para entender o que estava acontecendo e ele se aproveitou disso, não passa de um aproveitador. Confesso que sofri demais quando ele me deixou em Seattle e foi morar com Addison em Nova York sem dar nenhuma satisfação para mim. Eu realmente estava apaixonada, realmente o amava e entreguei meu coração todo para ele, achei que ficaríamos juntos para sempre e que nosso amor proibido teria um futuro. Que besta. Addison engravidou e isso mudou tudo para Derek, ele resolveu perdoar o erro dela e seguir como uma família feliz, esquecendo totalmente de mim. Eu fui a menina bobinha e virgem que ele traçou e jogou fora. Eu só fui isso para ele, nada mais.

Addison passou a gravidez inteira fora e veio poucas vezes nos visitar, sempre sem ele. Todos perguntavam por Derek e Addie dizia que ele estava trabalhando muito. Ela me disse que ele também parou de perguntar por mim. Addie descobriu então que estava grávida de um menininho, e isso me alegrou e me distraiu por muito tempo, a ideia de ser tia me animava, ainda mais quando o bebê mexia toda vez que eu falava com ele, fosse pessoalmente ou pelo celular.

Seu nome era Bailey. Eu o chamava de Pequeno Grande Bailey. O segurei apenas uma única vez quando poucas semanas depois de nascer, Addie o trouxe para conhecer a família. Ele era lindo, perfeito. Os cabelos cobre da mãe e olhos azuis intensos do pai, nunca vou me esquecer do jeitinho que ele sorriu e apertou meu dedo quando me viu pela primeira vez. Eu o amava demais. Mas infelizmente, nosso Pequeno Grande Bailey nasceu com uma má formação no coração, que lhe deu apenas três meses de vida com a gente.

A família inteira perdeu uma parte de si quando ele se foi. Addie que nem queria ser mãe, estava desolada, perdida e doente. Ficou sem trabalhar durante três anos após a perda e entrou em uma grave depressão. Derek havia ficado parecido, porém ele precisava ser mais forte para cuidar dela, ainda mais quando estávamos longe. Addison tentou se suicidar uma vez com remédios e quase conseguiu, por sorte Derek chegou a tempo.

Eu o vi uma única vez depois que ele foi embora. Foi no enterro de Bailey. Ele estava completamente abatido, não parava de chorar nem por um segundo. Senti pena mas não tive coragem de ir abraçá-lo ou falar com ele. Não era lugar e nem hora para isso, mas naquele momento, a sua dor era a minha também.

Os anos foram passando e Addie melhorando. Não tentaram mais filhos depois do pequeno, então viviam suas vidas os dois apenas em NY, Derek então começou a vir para os encontros familiares e toda vez que eu sabia que ele viria, eu não ia. Não conseguia olhar para sua cara, sentia nojo e tinha vontade de gritar com ele e perguntar como ele teve coragem de fazer o que fez.

-Você ouviu o que eu acabei de dizer?!- perguntou Cristina enquanto estalava seus dedos na minha frente. Voltei para a realidade e lembrei que estávamos almoçando no refeitório do hospital.

-Não...desculpe.

-Estou atrasada duas semanas. Preciso que pegue alguns testes emprestados nos armários de suprimentos.

-Você quer que eu roube!- falei indignada mas não surpresa.

-Não, é pegar emprestado. Eu pago impostos então se pensar bem, eu posso pegar.

-Cristina, todo mês é a mesma coisa. Você acha que está grávida porquê sua menstruação atrasa, você me atormenta, me faz comprar testes pra no final, você não estar grávida.

-Exatamente. Não quero quebrar a tradição. Pode dar má sorte e eu engravidar.- revirei os olhos.

-Por que não pega você? Vai acabar me metendo em encrenca no primeiro dia.

-Por que você conhece esse hospital e os médicos daqui. Se te pegarem você não vai ser expulsa do programa.

Cristina ficou tentando me convencer ali mais um tempo, mas minha mente voou longe. Eu tentava não sentir falta dele e toda vez que Derek voltava a minha mente, eu o expulsava e lembrava de tudo que ele já me fez passar. Ele sempre disse que estaria no meu primeiro dia de internato, que minha primeira cirurgia seria ao lado dele e que me ensinaria tudo o que soubesse.

É...o destino é engraçado.


Não está grande e está um pouco sem graça, eu sei. Mas é mais para contextualizar.

Espero que tenham gostado 🤍

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