XIX. Os sentimentos diabólicos

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AVISO: Este capítulo não foi revisado. Além disso, há cenas com violência e conteúdo sexual, se você se sentir desconfortável, pare imediatamente.

#ÉPascal

Meu nariz está debaixo da coberta e continuo com o tecido cobrindo-me por inteiro. Gosto de fazer isso, não me sinto sozinho e nem tenho pavor dos dias seguintes. Não me lembro em que momento os meus olhos se apagaram; muito menos da minha respiração sendo tranquilizada, meu estado de espírito não está nessas sinergias e não permite que eu adormeça.

Desistir dos sentimentos.

Sentimentos.

Eu sinto tanto pelas decisões que os humanos tomam quando o peito aperta, e a água corrente escorre sem ao menos pedir permissão. Eu sinto tanto por não poder mudar nada.

E quando o colchão afunda, as mãos grossas passeiam pela minha bochecha e um selar é disposto nos meus fios, tenho a repleta certeza de que meu sentir tanto é uma cicatriz formada no interior do meu corpo.

Em toda a minha vida, Jungkook jamais desistiu dos sentimentos por mim.

E na situação que estamos inseridos atualmente, hoje ele está.

A cautela de se aproximar de mim é notável, mas ele a chuta com toda força ao dar-se conta da coberta molhada.

Eu disse que não choraria. Que patético.

— Aconteceu alguma coisa? — inquire, ligando a luz do abajur para ver o meu rosto. — Te atormentaram? Posso resolver agora.

É sempre como ele sempre faz. O cenho franzido, a sobrancelha arqueada e o queixo imóvel. Jungkook poderia facilmente quebrar em pedacinhos a pessoa que me fez chorar.

A única coisa que almejo, é saber a verdade.

— Você desistiu de ter sentimentos por mim?

Ele suaviza a expressão, tomando mais do meu espaço. Suas pernas enroscam-se nas minhas por debaixo da coberta e ele puxa-me para perto. Perto o suficiente para eu notar sua cicatriz.

— Acha que eu desistiria tão facilmente de você? — tento respondê-lo, mas o indicador dele é sobreposto nos meus lábios. — Vou me transformar, mas isso não significa que o que sinto por você irá mudar.

— É uma decisão egoísta.

— É, de fato — concorda, abaixando o tecido para ver o meu rosto. — Mas nunca tivemos uma oportunidade como essa. Você pode viver.

Meus olhos ardem e minha garganta esquenta.

— Pense nisso como uma forma de se redimir por ter me deixado todas as vezes. Como acha que me senti? Eu jurei de joelhos, desejando por uma oportunidade como essa. E não seria fácil te esquecer.

— Você tá mentindo, só fala essas coisas para me tranquilizar — o refuto, cravando meus orbes nos dele.

— Confesso que menti várias vezes, mas dessa vez, falo a verdade — Pega a minha mão direita, sobrepondo-a no peito dele.

Os batimentos cardíacos de Jungkook estão acelerados, ele age como um louco.

— Você pode estar armando uma manipulação mental.

— Acho que consigo tirá-lo para te mostrar que ele ainda bate, apenas preciso de alguma-

— Olha, não precisa tirar nada! Deixa ele aí, guardadinho. — Seguro os ombros dele, Jei aproveita para nos grudar, batendo minha pélvis na dele.

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