XV. As lembranças nefastas

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AVISO: Esse capítulo contêm cenas violentas.

#ÉPascal

Jungkook inclina-se na minha órbita, cravando os dígitos no meu pescoço enquanto passeia o seu polegar pelo meu lábio inferior. Abro um pouco a boca, deixando ele passar o seu dedo na minha língua molhada, e eu o chupo delicadamente. Apesar da falta de luz, ouço a oxigenação dele ficar mais ardorosa e quente na minha orelha. Recebo alguns selares no meu pescoço, e ele vaga a ponta de seu nariz gelado pela minha pele, fazendo com que eu ofegue com o contato inesperado.

Meus pensamentos somem, e tenho plena certeza de que, esse é um dos efeitos que Jungkook causa no meu corpo. Como uma droga ilícita, suas ações tiram-me dos eixos.

Ele desgruda os nossos corpos quando uma batida é desferida na porta, e eu coço a minha garganta, envergonhado.

— Acho que está ficando apaixonado — ele fala. — Não consegue nem se controlar.

Inflo as bochechas, bufando.

Claro que não estou apaixonado! O que estamos fazendo não tem nada a ver com paixão ou sinônimos que derivam de paixão, é só uma atraçãozinha ingênua. De ambos, obviamente. Eu já havia dito que meu gostar é precoce.

Muito, muito precoce.

Tão precoce, que eu engulo minha saliva em seco, desaprovando a atitude dele.

— Não estou apaixonado. Puff... Eu? Apaixonado? Nem morto. — Tenho a vontade de xingá-lo de cretino, mas a contenho para mim. — Não sou eu que estou prometendo fazer o inferno cair por outra pessoa.

Pisco o meu olho esquerdo, soltando uma risadinha amarga. Ele deve estar me chamando de espertinho e intrometido. Por fora não demonstro tanto, mas por dentro o meu coração se acelera. Prometer a morte de alguém por mim, o quão louco seria isso? Ainda tenho dúvidas se o que ele disse é verdade. Jei não deve ter esse poder todo. Destruir o próprio pai? Ele não é tão maluco a esse ponto.

É?

— Mas eu sim. Essa é a nossa diferença, Parvus.

Eu engulo a minha saliva, mordendo a pelinha de dentro da boca, pensante. Ele deve dizer isso para todo mundo. Tudo bem que Jungkook não têm amigos, namorados ou coisa do tipo, mas tenho certeza que ele não se recusaria em dizer isso para qualquer pessoa que precisasse.

Acho que ele quer a minha aliança, quer que eu me junte a ele para derrubar Lúcifer.

Jei pode me fazer de vítima, somente para ter o que deseja; o trono na palma das mãos.

Se o meu poder atrai o diabo, ele deve ser algo extraordinário. Algo tão grandioso que nem eu devo imaginar. E, se é tão grandioso, qualquer um roubaria para tê-lo.

E se Jungkook se aproximou de mim só para eu ser a isca?

E se isso for tudo um plano arquitetado por ele?

De qualquer forma, não posso acreditar fielmente em tudo que ele diz. Não posso ser tão ingênuo como fui. E, decidindo acabar com essa ingenuidade, recomponho as minhas forças, não ligando para as inúmeras batidas na porta.

— Você conheceu o primogênito da minha família? — pergunto, meio apreensivo. Se ele disser que sim, posso ter um pouco da resposta em mãos.

Estranhamente, ouço sons de passos e percebo que o calor dele não é tão presente. Minhas narinas não captam o cheiro dele, então concluo que ele tomou mais distância de mim em meio à escuridão. Eu só queria saber o porquê.

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