XIII. A súbita comemoração

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#ÉPascal

Meu sangue bombeia fortemente quando Jungkook puxa-me mais para si, permanecendo com os caninos fincados em minha pele alva. Ao retirá-los, o tatuado faz questão de lamber a área machucada, depositando um selar seguidamente. Minha cabeça parece girar, e eu recorro a ele, apertando a jaqueta de couro.

Fico em silêncio por alguns minutos, enquanto ele me sustenta. E, apesar de estar fraco, tenho forças o suficiente para sorrir. Ele voltou.

Jei recobra os sentidos, limpando o canto da boca encarando-me. Eu poderia passar horas, minutos, instantes, o admirando por completo. Ele sequer dá a mínima para o meu olhar devorador, sua atenção está direcionada em meus lábios. Devem estar vermelhos como fogo, pois não hesitei em mordê-los ao passo que Jungkook saciava-se de meu sangue.

— Você demorou muito — digo abafado. — Pensei que não voltaria mais. 

Ele prende uma risadinha na garganta. Meu desejo é esfolar a cara dele, pois cogitei milhares de hipóteses do porquê dele não ter voltado.

— Nunca fujo dos meus propósitos, Petasum.

O indicador dele passeia pelo meu maxilar, pegando o meu queixo com as mãos tatuadas. Sei que pode parecer bobeira, mas sinto-me seguro quando ele me toca. Minhas preocupações se dissipam do meu ser, e eu, enfim, posso repousar acerca dos males que nos rodeiam.

Ele tem cheiro de casa. Toque de aconchego.

Refletindo sobre isso, arrisco-me a indagar: 

— Então eu sou um dos seus propósitos?

Jungkook transmuta os orbes vermelhos em castanhos, voltando ao seu estado normal. Sem letargia alguma.

— Não tenho mais de um propósito — diz rouco, dando um peteleco na minha cabeça. 

— Se disser essas coisas, eu vou me apaixonar por você. 

Os lábios finos continuam com um sorriso maroto, e ao prestar a atenção na minha fala, ele insiste em brincar com o piercing do lábio inferior. 

— Uma pena.

— Por quê? Eu não posso? 

— Se você ainda tiver sanidade, eu diria que não. Mas, como sei que não tem, faça o que achar melhor — o timbre grosso atravessa minha cervical, e eu dou um passo para trás, mas sou amparado pelas mãos gélidas. — Avisarei novamente que, talvez você sangre como os seus lábios.

Arrepio-me no instante em que noto que estamos perto demais, tão perto. Se eu desse um impulso para frente, nossos lábios se tocariam. E, esse meu anseio intensifica, porém a minha sanidade fala mais alto, chegando a estourar os meus tímpanos.

Não posso fazer isso. Ele mesmo disse que seria um equívoco. No fundo, mesmo eu querendo mascarar com certezas inexatas, compreendo que ele diz a verdade. 

Nossa aproximação colocaria tudo em risco; sendo mais específico, nossas famílias. Embora o irmão do tatuado pense que estamos juntos, essa mentira é para me manter em segurança. Para, de certo modo, inibir a minha possível queda. 

Por que sinto que ela está cada vez mais perto?

Todas as situações em que estou sendo inserido, são como déjà vus constantes na minha mente. São pequenas rasuras no meu cérebro que transportam-me para outro plano, ou melhor; para outra época.

— Pode me explicar por que você está machucado? — pergunto, cruzando os braços. Quero fugir o mais rápido possível de seus encalços, pois é impossível resistir. 

Nova Salém | pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora