XXII. A propriedade vampiresca

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Oioioi, quanto tempo! Como se sentem sabendo que hoje a att é dupla? São 20k de palavras. Esse capítulo é importante demais, amei cada palavra que escrevi. 🥺

Espero que tenham uma ótima leitura e se divirtam!

#ÉPascal

Aspirar o ar de Salém é, sem dúvidas, um dos melhores passatempos do mundo. O cheiro das folhas secas anunciando a chegada do inverno, as imensas árvores pairando em volta das estradas. Tudo parece mágico, até as casas abarrotadas de mato. A de Jungkook, em específico, não existe mais. O verde dominou as paredes de fora, incluindo as janelas. Ela poderia facilmente ser intitulada como a casa abandonada do bairro. Exala um clima singular e melancólico, como se houvesse memórias guardadas no fundo do assoalho velho. É fácil se apegar a esse lugar silencioso.

Mas, não é o que Jungkook aparenta pensar. Não quando seus olhos vasculham atentamente cada detalhe atrás de mim, buscando algum sinal de que minha mãe está em casa.

— Quer jantar em casa? — Segurando minha mala com as duas mãos na frente do corpo, ouso perguntar. — Acho que mamãe não está...

Ele, por sua vez, nega, escondendo os dedos no bolso da calça apertada que usa.

— Vi ela na porta — diz, pondo o corpo para fora da situação.

Um vento frio passa por nós, e escuto o som de pequenos pés correndo em nossa direção. Lynn tropeça numa pedra, mas é salva por minha mãe, que a segura pela blusa. O sorriso de minha irmã é maior do que qualquer parábola. Chega a ser adorável.

Driblando-me, a pestinha gruda nas pernas esguias de Jei, enfiando as bochechas nele.

Ela me ignorou completamente.

— Vocês vieram! Senti tanta saudade — A voz soa abafada, e Jungkook se dispõe a afagar o cabelo dela.

Seria uma cena fofa se eu não fosse ignorado completamente.

— Falsa — murmuro, com o ego ferido. — Sabe por quantos dias tive que viajar pra te ver?

O tatuado endireita a coluna, soltando o seu renomado sorriso de canto, despreocupado.

— Foram duas horas — ele me interrompe, cruzando os braços. — Inclusive escorreu um pouco da sua baba no meu ombro. — Aponta para a jaqueta manchada.

Encontrei-me imerso no continuum temporal do inferno, e acabei adormecendo nos braços de Jungkook. Quero dizer, não sou responsável por ele ter um quadril confortável e braços acolhedores, perfeitamente adequados para se envolver em qualquer cintura. Não qualquer cintura, mas a minha.

Acordei com o indicador dele na minha testa, afastando minha boca da jaqueta preta.

— O seu quadril é aconchegante! — disparo sem pensar, e Jei se apressa em tapar os ouvidos de Adalynn. — Quero dizer... Não é nesse sentido.

Você entendeu. O respondo mentalmente, rolando os olhos.

Entendi perfeitamente bem. Ele me responde, também mentalmente.

As folhas secas dispersas na terra emitem barulho, anunciando que minha mãe está próxima de nós. E, Jungkook, por sua vez, endireita a coluna, tentando dar um leve sorriso a ela. Tivemos uma conversa sobre ele tentar parecer amigável, ao menos para aliviar o clima tenso. Na presença dos dois, ocorre com frequência a sensação de que ambos são pólos diferentes e que irão demorar para se ajustarem. Contudo, somente vê-lo buscando apaziguar demonstra uma leve mudança.

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