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Dean está parado a alguns passos diante de mim. Me olha sem acreditar no que vê. Leva alguns segundos até conseguir pronunciar alguma palavra.

- Como...? Isso é... - ele tem um olhar confuso - Foi o Sam?

- Não! - apresso em livrar Sam dessa história - Sam não fez nada. Tão pouco Castiel ou qualquer outra pessoa.

- Eu... estou confuso! Como pode... estar aqui na minha frente agora? - ele fala com dificuldade, parece estar sem ar e as palavras saem falhadas, me quebrando ainda mais.

- Dean... - a minha voz não está tão diferente da dele

- Eu queimei o seu corpo... - ele divaga tentando entender como era possível eu estar ali - Não teria como Sam te trazer de volta, eu... Deus - ele passa os dedos pelos fios claros.

- É! Ele mesmo! - ele me olha com os olhos arregalados, prestando atenção em cada palavra que saia da minha boca

- O quê? - pergunta confuso

- Deus me trouxe de volta! - digo tentando reunir toda a coragem que ainda me sobra - Quero dizer, eu morri, mas... Acordei alguns dias depois, em outro lugar.

- Espera! Dias depois? - a raiva vai se moldando em seus olhos, transbordando em sua voz assim que ele vai entendo o que isso significa - Você estava viva durante esses cinco anos? - As lágrimas rolam em meu rosto enquanto eu abaixo minha cabeça e me viro de costas para ele. Não consigo aguentar ver a decepção estampada em seu rosto. Sei que ao fim dessa conversa, ele irá me odiar para sempre e nem precisará ser um demônio para isso. - Olha pra mim! - ele pede com sua voz cheia de espinhos enquanto sinto ele se aproximar. - OLHA PRA MIM! - ele me segura pelo braço, me obrigando a encará-lo. Seu hálito quente se espalha em meu rosto - Por que? Me explica! - ele implora com seus olhos brilhando numa mistura de mágoa e fúria, tentando inutilmente segurar suas próprias lágrimas.

- Me desculpe... - murmuro - Você estava feliz com Lisa e Ben. Estava cumprindo com a promessa que me fez. Ficaria melhor sem mim.

- ISSO NÃO ERA UMA DECISÃO SUA! - ele me solta bruscamente fazendo com que eu perca o equilíbrio. Teria caído se não tivesse a mesa para me segurar. Ele vira de costas, passando suas mãos pelos cabelos - Quer dizer que todo esse tempo em que sofri por sua morte, você estava viva? Onde você esteve? - ele volta a olhar para mim - Onde estava quando o Bobby morreu? ONDE ESTAVA ENQUANTO EU CHORAVA POR VOCÊ?

Sua voz alterada, fazem Sam e Castiel entrarem alarmados de volta na biblioteca. Provavelmente, temendo que a marca e seu instinto assassino, assumisse o controle.

- Dean, eu...

- Eu ainda não consigo acreditar que você fez isso comigo. QUE FEZ ISSO COM A GENTE!

- Acha que não doeu em mim? Te ver com outra mulher? Tendo uma família que nunca teríamos juntos? - minha voz se faz ser ouvida entre as lágrimas - Doeu, Dean! E muito. Mas eu tive os meus motivos. Tive as minhas razões para ficar longe.
Eu sei que você nunca vai me perdoar por isso, mas quer saber? Eu faria tudo de novo. Voltar a vida não foi fácil para mim, Dean. Você já havia sofrido demais para ter que lidar com as minhas dores também.

Ele sorri amargo

- O que você dizia sentir... nunca foi real né não?! - ele me olha com tanto desprezo que sinto meu coração quebrando em mil pedaços. - Tudo não passou de uma brincadeirinha pra você!

Não falo nada, não argumento, não tento me defender. Tenho minha consciência tranquila de que o que senti, do que ainda sinto por ele, é o amor mais puro e verdadeiro.
Com o meu silêncio, sua voz fria continua.

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora