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Já estávamos a mais de sessenta quilômetros de distância de Superior, quando o choro de Amara corta o silêncio instaurado desde que partimos.
Dean fica estranhamente preocupado, mas Jenna diz que a bebê só precisa trocar a fralda. Paramos em um posto na beira da estrada para que ela pudesse usar o fraldário.
Enquanto esperamos, Dean liga para Sam para saber como estavam as coisas. Aparentemente, estava tudo sobre controle. Inclusive ali onde estávamos. Parece que o quê quer que seja, não passou dos domínios de Superior.

Havíamos descido para esticar as pernas e estávamos escorados no carro. Mantínhamos distância um do outro e não trocamos nenhuma palavra até então.
Jenna volta, agora com um bebê limpinho e calmo em seu colo.

- Ótimo! Podemos ir? - pergunta Dean

- Eu só preciso usar o banheiro - Diz a polícial - fiquei com medo de deixá-la sozinha no trocador. Segura ela para mim?

- O quê? Não... - Jenna não esperava uma resposta minha. Ela simplesmente colocou a bebê em meu colo e se afastou, voltando para o banheiro.

Eu não sabia o que fazer. Nunca tive um bebê assim nos meus braços. Eles pareciam tão frágeis e, ao mesmo tempo, tão cheios de vida. Eu mal respirava ao olhar para aquele ser tão pequeno que agora dormia tranquilamente.
Deus... ele com certeza está rindo da minha cara neste exato momento.

Dean se aproximou, posso sentir o olhar dele sobre nós.
Toda aquela situação, ele, o bebê... mais uma piadinha sádica de meu "avô".

- Toma! Segura você! - apressada entrego Amara ao Dean - Vou comprar café.

Dou as contas, me controlando para não sair correndo ou deixar que as lágrimas que estou tentando conter, escape dos meus olhos.

Café!
Se não puder ser whiskey, que seja café. Ambos podem curar - mesmo que temporariamente - qualquer coisa, inclusive dores da alma.

Mas sabe aquele ditado que diz "Nada está tão ruim, que não possa piorar?" Ahhh, nunca ouvi algo tão verdadeiro.
Rodamos mais alguns quilômetros até chegarmos à casa da avó de Jenna.
Um lugar lindo, tranquilo e com um quintal enorme. Amara seria muito feliz ali.

Após nos despedirmos e deixarmos Jenna e a bebê em segurança, embarcamos novamente no ímpala.
Nos olhamos e acho que, só então, caiu a ficha que teríamos que fazer todo o trajeto de volta a Superior, sozinhos!

Partimos da mesma forma que saímos daquele hospital. Em silêncio, olhando para qualquer coisa que não fosse o outro.
Se vir até aqui foi difícil, a volta seria dez mil vezes pior.

Alguns minutos de desconforto e eu descido fugir da realidade. Me acomodo o mais confortável possível, encosto minha cabeça na janela com o apoio da minha jaqueta e durmo.

O corpo e a mente cansados, ajudam. Apesar da tensão, consigo pegar no sono rapidamente.
Mas apenas para cair num pesadelo ainda pior.
As imagens daquele dia... Elas sempre me assombram.
É recorrente esses sonhos em que volto ao dia em que acordei após ser morta por Miguel.
Eram sempre muito vividos e perturbadores.
O cheiro do sangue se esvaindo do meu corpo, a dor rasgando meu peito, a voz do Miguel sussurrando palavras que me feriram mais que qualquer arma um dia iria ferir...

Acordo com dificuldade para respirar, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. O carro estava parado na beira da estrada e a noite já havia chegado. Dean segurava meus braços e chamava por mim, tentando desesperadamente me trazer de volta a realidade.
Quando percebe que conseguiu, respira aliviado e solta algum palavrão que não consegui entender por ainda estar um pouco desnorteada.

Olho de relance para ele e meu coração aperta ao vê-lo daquele jeito. Parecia genuinamente preocupado. Passava os dedos pelos cabelos enquanto tentava acalmar a si mesmo. Sabendo como acontece, ele deve mesmo ter ficado assustado.

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora