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S/n

Doeu demais ver nos olhos do Dean, a decepção, a mágoa, a tristeza...
E ter consciência de que sou responsável por tais sentimentos, faz a dor ser ainda maior.
Pior do que ser machucado, é machucar quem se ama.

O suspiro sai pesado, enquanto eu penso naqueles olhos verdes, que apesar de escurecidos pela raiva, ainda faziam meu coração bater mais forte.

Aliás, impossivel não reparar no belo homem que ele se tornou. Mesmo que, os seus traços tenham ficado mais duros.
Aquele rostinho marrento, ficou ainda mais marrento.

Um sorriso triste escapa dos meus lábios enquanto olho pela janela do meu apartamento alugado no centro de Lebanon - apenas á alguns minutos de distância dos winchesters. O cantinho modesto que chamo de casa desde que saí do Bunker a um mês atrás.

O tempo estava chuvoso no velho Kansas. Propício a me deixar enterrada nos livros ou na Internet, fuçando cada linha que possa falar alguma coisa sobre a bendita marca de Caím.
Inútil, eu sei. Mas não consigo simplesmente cruzar os braço e esperar que algum milagre aconteça enquanto acabo com uma garrafa contendo qualquer tipo de bebida alcoólica

- Olha, ela ainda está viva! - a voz irritantemente sarcástica do demônio me faz estremecer com o susto.

- Bom, você ainda é o rei do inferno, então... - deixo a provocação no ar - O que faz aqui, Crowley? - pergunto irritada me afastando da janela e me servindo de mais uma dose de whiskey

- Vim conhecer o muquifo que você se enfiou! - ele olha ao redor com sua típica cara de desdenho e suas mãos no bolso - Ah! E também vim conferir com os meus próprios olhos se o Dean já não havia lhe matado.

- Como pode ver... - digo dando uma voltinha - Vivissíma! Aliás, quando eu morrer, você será o primeiro a saber! Quando se der por conta estarei sentada em seu trono. - provoco sabendo que esse era o ponto fraco dele. Mas para a minha surpresa ele apenas sorri - Crowley... Cuidado hein, ou vou começar a achar que está genuinamente preocupado comigo.

Ele gargalha

- Eu? Me preocupar com você? Jamais, querida!

- Fala logo! O que você quer? - pergunto me sentando no sofá, já impaciente com a presença do demônio na minha sala

- Eu só... - Crowley tem uma expressão diferente no rosto, quase beirando a humanidade, o que acaba me fazendo rir

- O sangue humano realmente te deixou mole, não é?

- Sabe? - ele faz uma pausa antes de destilar seu veneno - Esse sangue todo realmente me deixou... mole! Penso todos os dias na sua triste história de amor com o Dean - ele veste a sua falsa expressão de pesar - fico pensando em como vocês poderiam ter sido felizes. Na vidinha medíocre que levariam em uma casinha qualquer, em uma cidadezinha qualquer, formando uma família de comercial de margarina... - ele olha para mim e sorri ao ver meu maxilar trincado e meus punhos cerrados - Sabe o que mais? Você teria sido uma boa mãe...

Foi a última coisa que ele disse antes que eu jogasse o copo contra ele. Ele sumiu antes de ser atingido, fazendo o vidro bater contra a porta e espalhar cacos e líquido âmbar, por todo o lado.

- Desgraçado... - sussurro passando a mão na minha testa, enquanto tento me acalmar.

Não leva nem dois minutos para que o meu celular começasse a tocar. Solto um suspiro cansado, antes de pegá-lo sobre a mesa de centro e ver o nome do Sam no visor

- Oi, Sammy!

- Preciso de você aqui no bunker, agora!

A urgência na sua voz, me fez saltar do sofá, pegar a chave do carro e sair correndo porta afora.
A alguns dias atrás, eles estavam ajudando Claire, filha de Jimmy - a casca de Castiel - e Dean perdeu o controle. Então, enquanto eu voava pela estrada em direção ao Bunker, imaginei mil cenários, um mais macabro e sanguinário do que o outro.

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora