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Cidade de Ohio. É lá que Caím estaria para matar uma criança.
Sim, apenas um menino de doze anos, mas que infelizmente, é um de seus descendentes. Por isso mesmo está na lista negra do primeiro assassino.

Na estrada, eu seguia a lanterna traseira da baby, com Castiel ao meu lado em silêncio. Ele se remexe no banco e começa a analisar o interior do Maverik vermelho que comprei por uma pechincha.

- Achei que você gostasse mais de motocicletas - ele diz, por fim, me olhando

- É! Eu realmente prefiro as motos! - digo mantendo meus olhos na estrada - Mas... aprendi a gostar dos clássicos!

- Claro... - ele sorri, sabendo muito bem por quem fui influenciada.

E que boas lembranças aquele ímpala 67 que seguia na minha frente, guardava. Os olhares pelo retrovisor, a nossa primeira vez, noites sentados naquele capô olhando para as estrelas, fazendo planos e sonhando com coisas impossíveis...

Solto um suspiro pesado, carregado de nostalgia, cheio de saudades dos velhos tempos, de momentos que nunca mais irão se repetir.

- Ele vai perdoar você! - Castiel sabia por onde minha mente vagava

- Como pode ter tanta certeza disso? - pergunto com desânimo

- Ele seria um idiota se não fizesse - noto o olhar intenso do Castiel em mim. Ele disse uma vez, que sempre me amaria, o que faz eu me questionar se esse sentimento ainda existia nele. - Além do mais... Ele te amava tanto, e sinceramente, acho que ainda guarda esse amor com ele. Pode não ser rápido ou fácil, mas acho que ele entenderá uma hora ou outra. - Castiel suspira - Eu mesmo, já cometi muitos erros, mas Dean acaba sempre me perdoando.

- Acho difícil de acreditar que seja igual comigo. E também nem sei se mereço ser perdoada

Mais um momento de silêncio até Castiel decidir falar novamente.

- Você não viu como ele ficou quando você... partiu! - ele busca pela palavra certa - Ele ficou transtornado! Por você, pelo Sam... - ele agora olha para a estrada, seus olhos parecem estar vendo o cenário que descreve para mim. - Numa noite, com whiskey demais nas veias, ele foi até o galpão do Bobby e destruiu a sua moto com uma barra de ferro.

A informação era nova e caiu em mim como uma pedra gigante, esmagando o meu estômago e os meus pulmões. A cena se fez em minha mente, com as palavras de Castiel.

Imaginei Dean, cheio de raiva, se sentindo impotente por não ter conseguido me salvar. Bebendo para tentar não sentir dor. Não sendo suficiente, ele resolve descontar em alguma coisa física que trazia lembranças minhas. Como se isso fosse apagar toda a minha existência e fizesse parar de doer.

Castiel percebe o quanto isso me abalou. Eu tentava controlar minha respiração, para impedir que minhas lágrimas caíssem. Eu já tinha ouvido muita coisa para um dia só. Se eu deixasse uma gota rolar, eu perderia o controle.

- Sinto muito! Acho que acabei falando o que você não precisava ouvir no momento. - o anjo lamenta

Eu limpo minha garganta para desfazer o nó que havia se formado.

- Está tudo bem!

Minto e ele sabe disso, mas não fala mais nada. Seguimos em silêncio até o nosso destino final.

*

O menino - descendente e próxima vítima de Caím - mora em uma fazenda na área rural do Ohio. Deixamos os carros na estrada e seguimos a pé, invadindo silenciosamente a propriedade.

Dean, Sam e eu, aguardamos nas sombras, enquanto Castiel usa seus poderes para vasculhar o lugar sem ser notado.

- O menino está aqui? - Dean pergunta ao vê-lo retornando

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora