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Dean

Escuridão
É tudo que vejo, até ouvir o som distante de alguém gritando o meu nome.
A consciência vai retornando aos poucos e ao abrir meus olhos, percebo o sol batendo no meu rosto. Estou deitado em meio a grama, mas logo noto a pequena mão estendida me oferecendo ajuda para levantar.

- Ei! Você tá bem? - s/n pergunta ansiosa e logo noto um pequeno corte na sua testa.

- Tá machucada! - falo ainda meio zonzo

- Não! Tá tudo bem! - ela diz tocando o ferimento.

Sam chega atrás dela logo em seguida, me olhando com preocupação. Respiro aliviado ao saber que pelo menos, os dois estão bem.

- Cadê o carro? - pergunto olhando a minha volta, lembrando de ter entrado nele antes daquela tempestade nos atingir.

- Está... a uns dois quilômetros daqui. - S/n responde

- O quê? - estou ainda mais confuso

- É sério? - indaga Sam - A escuridão nos atingiu e você desapareceu. Não consegue lembrar de nada?

Uma imagem se forma em minha mente. Uma mulher. Aparece do nada na frente do carro e no segundo seguinte eu já estou do lado de fora. No centro da tempestade com essa mesma mulher.

- Ela me salvou! - digo

- Ela? Ela quem? - pergunta Sam

- A escuridão!

*
Caminhando até o carro, Sam me enche de perguntas das quais eu não faço ideia de como responder. A única coisa que sei, é que a mulher que vi era a própria escuridão e que me agradeceu por tê-la libertado. Ela era do mal e nós a pegaríamos, custe o que custar.

Ao chegarmos, abro a porta do carro pronto para partir, mas lembro que ele havia caído em um buraco cheio de lama. E o engraçadinho do Sam não fez nem o favor de me lembrar antes que eu acomodasse minha bunda no banco.

Viatura liberada, vou até o porta malas guardar a pá e quando me viro, vejo S/n - que até então, se manteve calada - parada de braços cruzados.

- O quê? - pergunto me aproximando da porta do motorista

- Preciso de uma carona. - ela aponta para um ponto distante, onde vejo uma camionete com as quatro rodas viradas para cima.

Suspiro frustrado. As imagens que estão na minha mente, estão me deixando angustiado. Eu olho para ela e só vejo, sangue. Só consigo lembrar do que fiz e tê-la por perto é um lembrete constante disso.

Sem contar na mágoa que ainda carrego. Mesmo que agora eu consiga ter mais clareza da situação, a lembrança do que ela fez, segue me machucando.

- Tá! Entra! - digo contrariado

Seguimos a estrada em silêncio. Cada um preso nos seus próprios pensamentos. Meus olhos traidores, se dividem entre a rodovia e a mulher sentada no banco de trás, refletida no meu retrovisor.

Ela está de olhos fechados, com a nuca apoiada no banco. Tem uma aparência cansada. Mas... Deus, como ainda está tão linda! Com os cabelos mais longos do que costumava usar - detalhe que me fez lembrar de tudo depois que deixei de ser um demônio - agora estão presos em uma trança que pendia sobre seu ombro esquerdo.

Afasto os meus pensamentos e tento me concentrar somente no caminho a minha frente. Ao longe avistei obras na pista, mas, quanto mais perto chegava, mais eu tinha certeza de que alguma coisa estava errada.

- Problemas! - Aviso fazendo Sam e S/n ficarem em alerta

Parei o carro, e vimos o caminhão da empresa de obras e uma viatura da polícia de Nebraska, atravessados na pista. Descemos já sacando as armas. Prontos para a esquisitice da vez.

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora