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S/n

- Vocês não parecem surpresos ou abalados com o que viram lá na estrada - Diz a polícial enquanto eu terminava de suturar sua ferida - Eu conhecia as irmãs daqueles caras. Não estava preparada para matar pessoas que conheço. Ainda mais dessa forma.

Dou um suspiro, tirando as luvas descartáveis e as jogando no lixo.

- Sinto muito, Jenna - lamento - sinto muito que tenha visto esse lado feio do mundo. Mas, poucos fariam o que você fez.

- Esse trabalho deveria salvar pessoas!

- É... Seria perfeito se sempre desse certo.

E no que fazemos, "dar certo" nem sempre era o que acontecia. Infelizmente, já vimos mais mortes do que seria humanamente suportável.

Não era a toa que caçadores, costumavam ser esquisitos. Éramos todos quebrados. Com a alma encharcada de sangue inocente das vítimas que não conseguíamos salvar.

- É isso que vocês fazem, não é? - a voz de Jenna interrompe meus pensamentos - Isso que está acontecendo... existe mais coisas como esta. E você e os seus irmãos as caçam.

- Não são meus irmãos! - ela havia escutado Sam e Dean conversando. Logo, deduziu que eu fazia parte da família - Eles, são. Mas eu... só estou aqui de passagem.

Falar isso em voz alta, tornou real o fato de que chegara a hora de partir. A marca se foi, Dean estava a salvo...
Uma tristeza se aprofundou em meu peito quando decidi que faria minhas malas e deixaria Lebanon para trás assim que voltássemos.

Ao me virar, vejo que Dean havia retornado. Estava parado na porta. E do jeito que me olhava... Será que ficou incomodado com o que ouviu? Será que faz diferença para ele saber que pretendo partir novamente?

Ainda posso sentir seus braços em torno do meu corpo, antes da escuridão nos atingir. Ele tentou me proteger e isso dizia muito mais do que, talvez, ele gostaria.

Essa situação precisa de um ponto final. Não vou simplesmente dar as costas para isso. Irei pedir desculpas, explicar o máximo que eu puder sobre a minha decisão, deixá-lo falar, gritar... E só então estarei pronta para ir.

Sam chega logo em seguida, cortando o fluxo de pensamentos que me dominaram. Ele estava acompanhado por um homem com sua bebê recém nascida no colo. Os únicos sobreviventes desse caos.

Estávamos na enfermaria, ouvindo com Atenção o que Mike nos contava enquanto embalava um montinho cor de rosa em seus braços.
Havia sido um parto difícil. Infelizmente a esposa morreu logo após dar à luz.
Meus dedos apertam a mesa de metal na qual estou escorada, ao ouvir o triste relato. Uma angústia misturada com raiva, sobe pelo meu peito, formando um nó na minha garganta. Mães e seus bebês deveriam ser imunes a qualquer tipo de mal.

- ... Eles chegaram num caminhão e começaram a nos atacar - a voz do Mike contando como tudo começou, me trouxe de volta, fazendo-me olhar para ele. E o que eu vi me fez levar a mão no braço do Dean que agora estava parado a minha esquerda.

Ele me olhou surpreso com o toque, mas entendeu logo que sinalizei com a cabeça em direção ao jovem pai.
Veias negras começavam a despontar sob a gola da camisa. Olhei para Sam, que também havia notado algo errado.

- Mike, quando eles te atacaram... te feriram? Sangraram em você? - pergunto, vendo-o hesitar antes de finalmente responder

- Sim...

Jenna está confusa, sem entender o porquê da pergunta e nos questiona o que isso queria dizer

- Quer dizer que... seja o que for, pode ser transmissível! - Dean esclarece

A Nefilim e os Winchesters Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora