Luxúria - Tom Kaulitz

01

Tudo estava uma bagunça. Eu e minha mãe iríamos viajar no dia seguinte e eu mal tinha organizado minhas coisas, ou planejado o que levaria.

- S/n, por favor, eu sei que essa mudança foi algo inesperado, mas você sabe o motivo. Arrume suas coisas imediatamente. - Minha mãe fala com tom de estresse.

A questão é que eu não tentei entender o motivo, porque tudo isso era uma grande merda de compreender. Meu pai traiu minha mãe, e além de não só se deixar levar por desejos, tem outra família. Dá pra assimilar que ele escondeu isso por todo esse tempo? Eu fiquei realmente desacreditada.

Minha mãe não quis ficar nem mais um segundo no mesmo ambiente que ele quando soube. Ela estava furiosa, e eu a compreendo, tudo isso é tão difícil de lidar. Não pensou duas vezes e comprou outra casa e duas passagens para o norte do país, obviamente ela não iria me deixar aqui.

Dinheiro nunca foi um problema pra ela, minha mãe é uma advogada bem sucedida, e sempre se esforçou muito pra ter o que tem. Ela nunca precisou do meu pai financeiramente, e não seria agora que iria precisar.

[...]

Arrumei todas as minhas malas, coloquei tudo que aparentemente eu precisava. Na minha bolsinha de mão, deixei meu fone bluetooth, e alguns chicletes. Aviões me dão enjôo.

Ouço pessoas discutindo e me aproximo da porta para ver do que se trata. Era meu pai ainda tentando se desculpar, obviamente sem nenhum resultado pois minha mãe estava decidida. Quem não estaria?

- Lis, eu entendo que pra isso não tem explicações, mas...

- Sem mas, o que você fez foi extremamente horrível! Como me enganou por anos? Eu sou uma estúpida. - Minha mãe o interrompe com voz de decepção.

- Eu me arrependo! Não me deixe aqui. - Meu pai resmunga.

Era óbvio que ele não se arrependia. Meu pai sempre foi do tipo sanguessuga, estava com a minha mãe somente por dinheiro. Ele sabia do potencial dela, e por isso sempre a manipulou para que ele ficasse com grande parte dos lucros. Se arrepender apenas quando é descoberto? Cai fora.

- Eu não acredito em mais nenhuma palavra que você diz, seja homem e assuma as consequências de seus atos Jonh. - Ela diz com fúria e indignação de ainda ter que ouvir essa ladainha. - A partir de amanhã não quero nunca mais te ver.

A partir daí achei que já havia escutado demais, não estava com cabeça pra isso. Apesar de tudo, ele era meu pai, não o melhor, mas meu pai. Não fiquei do lado dele em momento algum, mas minha vida mudou de cabeça pra baixo com isso. Eu nunca morei em outro lugar, e do nada vou ter que abandonar tudo, minhas convivências, meu lar, simplismente pra viver uma nova vida. Porra, isso é um saco.

Não sei o que está por vir, nem as pessoas que entraram na minha vida. Tudo isso é tão novo, não sou difícil de fazer amizades mas eu realmente sou aquela pessoa que gosta da sua zona de conforto. Espero que pra onde eu vou tenha meninos gatinhos, e meninas que não sejam insuportáveis e metidas, tipo pick-me girls. Eu não suporto gente assim.

Minha nova escola, e novas pessoas pra eu conviver. Sou aquela aluna que nem é muito inteligente, mas também não fracassada. Sou a aluna mediana, que tira notas médias e que conversa sempre que pode. Sou a pessoa que é fácil de se puxar um papo, mas também aquela que vão ter dias que eu só quero ficar na minha. Bem bipolar, mas normal para uma garota de 16 anos.

[...]

Já era o dia seguinte e eu não estava nem um pouco entusiasmada, nesse exato momento me encontro no aeroporto esperando minha mãe terminar de fazer o check-in.