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Naquele momento não entendi a situação, por que Bill não estava sabendo da festa se o próprio irmão disse que ele estava muito ocupado?

Estava nítido, Tom havia mentido pra que ele não fosse na festa.

Expliquei a situação para Bill, que ficou nervoso ao saber daquilo.

"Tom nunca tinha tido essas atitudes, não entendo por que agora ele fica agindo assim."

Leio a última mensagem que Bill manda, e decido sair um pouco do celular.

Fiquei refletindo sobre eu estar ainda tendo ligações com Tom mesmo depois dele ter mentido pra mim.

Era certo eu ainda procurá-lo? Eu não o compreendia.

Se o que tínhamos fosse tão importante, por que ele ainda continuava com Jade?

Eu não queria inveja-la, até porque ainda éramos amigas, não éramos? Nem eu sabia direito.

E sobre Bill? Eu realmente sentia algo por ele ou só tentava esquecer com ele que Tom havia mentido?

Eu não sabia mais o que pensar, muito menos o que fazer. Sabia que mesmo que eu jurasse de pé junto que não iria mais trocar uma palavra com Tom, ele daria um jeito de ainda sim estar perto de mim. Bill já estava começando a ficar desconfiado, mas o namoro do irmão deixava as pistas um pouco mais difíceis de serem decifradas, provavelmente por Bill não achar que Tom seria capaz disso.

Em meio a tudo isso, eu já estava enlouquecendo dentro daquele quarto. O pior, não podia sair mesmo que quisesse.

De repente tenho a mirabolante ideia de não sair pela porta, e sim pela janela. Eu voltaria rápido, seriam só alguns minutinhos pra espairecer.

Minha mãe nem tinha ideia do caos que estava na minha vida, a confusão. Ela nem se quer conheceu Tom, e nem imagino ainda o que ela iria pensar dele em meio a tudo isso.

Pego meu celular e coloco um moletom, o clima estava meio nublado.

Como a janela tinha uma distância considerável do chão, eu fiquei com medo de apenas pular. Decido então me pendurar em um relevo da parte de baixo da janela, pra que ficasse mais perto do chão, e assim pulo.

Uma sensação de ardência vem sobre meu joelho, mas nada que tivesse me machucado, foi apenas o choque contra o chão.

Comecei a andar sem rumo pelas ruas, eu já tinha criado uma noção de onde era o que, mas não totalmente certa.

Uma brisa veio em minha direção, e eu fecho os olhos pra aproveitar o momento. Eu precisava relaxar, tudo isso era muito complicado pra mim.

Era um momento onde, nem Jade, nem Bill, e principalmente nem Tom poderiam me interromper.

De repente percebo que me afastei um pouco de casa, e já estava num bairro totalmente diferente onde havia uma pracinha. Tinha alguns bancos e algumas árvores.

Não havia muitas pessoas ali, na verdade, era como se fosse uma praça abandonada, ou que as pessoas já passavam tanto ali que pra elas era comum ninguém habitar.

Vejo apenas uma pessoa ali com um pouco de dificuldade, parecia ser um menino um pouco mais velho que eu, e estava fumando um cigarro.

Me aproximo como quem não quer nada, e tenho uma surpresa.

– S/n? – O menino repara em mim.

– Lucas? – O reconheço.

Eu não acreditava no que estava vendo. Reencontro um ex amor do passado, em um lugar totalmente diferente de onde o conheci?

– Quanto tempo... – Ele faz uma cara de surpreso dando outra tragada no seu cigarro.

Fazia anos em que eu não o via. Conheci ele ainda quando meu pai enganava minha mãe perfeitamente no seu casamento. Ele tinha sumido a muito tempo, quando nós ainda tínhamos um sentimento um pelo outro.
Foi uma decepção na minha vida, e que eu levei um tempo pra esquecer. Nossas lembranças ainda eram claras na minha mente, mas não me magoavam tanto quanto antes.

– O que você faz aqui? – Mudo o assunto. – Você nem se quer morava por essa parte do país.

– Foi pra cá que eu vim depois que tudo aconteceu. – Ele se explica. – Eu queria te dar notícias, mas eu não sabia como.

– O que você andou fazendo todo esse tempo? – Me aproximo e sento ao seu lado num banco próximo.

– Ah, sabe como é né. – Ele se referia ao cigarro. – Me envolvi com muitas coisas que talvez não deveria, mas foda-se, não me arrependo.

Ele parecia uma pessoa completamente diferente da que conheci anos atrás. Seu olhar era mais vago, sua face mostrava cansaço, mas ainda tinha seu típico sorriso de sempre.

– E você? Sentiu minha falta? – Ele quebra o silêncio que deixei no ar.

– Isso já fazem tantos anos... – Respondo. – Eu só decidi esquecer.

– Esquecer de mim S/n? – Ele me olha.

– De toda a situação. Você foi embora sem nem dar explicações, e você sabia o quanto eu gostava de você. – Explico. – Mas não tem porque voltarmos a isso.

Lucas não parava de me olhar por um segundo. Ele sempre teve esse jeito observador, pra mim era algo comum.

– Como você veio parar aqui? – Ele pergunta.

Explico a situação dos meus pais, e ele ri ironicamente.

A relação dos meus pais com ele sempre foi meio ruim, mas também ambos não se esforçavam pra se dar bem.

Ele traga novamente seu cigarro.

– Que fumaça horrível! – Começo a tossir. – Você deveria parar com essas coisas.

Lucas ri e dá mais um trago, assim jogando o cigarro no chão e pisando em cima.

– O que você veio fazer aqui nessa praça sozinha?

– Eu precisava pensar, porra, os dias tem sido confusos. – Respondo.

Ele coloca seu braço por volta do meu ombro e me puxa pra um abraço.

– Parece que alguém ficou na merda depois de me perder. – Ele ri novamente.

– Palhaço.

Ficamos ali ainda conversando sobre mais algumas coisas. O clima estava estranho, confesso, porque obviamente não conversávamos a muito tempo. Tudo aquilo era estranho, na verdade.

– Acho que eu já preciso voltar pra casa. – Falo vendo em meu celular o horário.

– Tudo bem. – Ele dá de ombros. – Assim eu posso acender mais um cigarro.

Faço uma cara de indignação.

– Que bom que parou por respeito a mim. – Brinco.

– Que? Óbvio que não. – Ele ri. – Aquele ali estava com um gosto ruim.

Apenas reviro o olho.

Ele percebe que fico meio perdida, e na realidade eu estava mesmo. Como eu disse antes, eu me afastei de casa, e não conhecia as ruas ainda tão bem.

– Quer uma ajuda pra voltar pra casa? – Ele me olha.

– Se não for pedir muito. – Dou meu celular. – Põe a rua que estamos aqui no GPS, por favor.

Ele pega meu celular, e começa a digitar algo.

Ele demora um pouco, e fico confusa, então vou ver o que ele estava olhando.

Meu celular estava no WhatsApp, com a foto do contato de Tom aberta.

– Você conhece esse cuzão?

Luxúria - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora