Capítulo 9: sometimes, something so broken can never be fixed

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- Hey, eu acho que estou pronta para conhecer o meu estúdio. Você pode me mostrar? - Wednesday ergueu a cabeça ao ouvir a voz de Enid, e a encontrou parada no vão entre a porta do quarto e o batente, encarando-a cautelosa.

- Eu posso, claro. Venha, vou pegar as chaves.

- Foi ótimo termos conseguido comprar esse anexo do prédio por ser ao lado do nosso apartamento, e também por ter sido por um preço muito bom. - A morena falava enquanto abria a porta do lugar e dava espaço para Enid entrasse. - É um espaço bem legal, não é?

- Uau. - Foi tudo o que a loira conseguiu proferir ao entrar no estúdio. Era um espaço amplo e com grandes janelas de vidro por onde o sol entrava. Um dia poderia ter sido o loft de outra pessoa, pensou.

Haviam quadros feitos, quadros no meio do processo de produção, telas em branco, e até mesmo algumas esculturas espalhados por todo o lugar. Enid observou também que haviam materiais dispostos desorganizadamente em cima de mesas e cadeiras próximas às telas que pareciam inacabadas.

Não sabia bem o que esperar de seu estúdio, e tentou muito sentir algum tipo de familiaridade com o lugar, mas o lugar era simplesmente uma bagunça.

À medida com que andava ao redor da sala, Enid parava vez ou outra para observar alguns dos quadros que estavam à vista ali. Algumas eram pinturas de lindas paisagens, com traços tão suaves que poderiam ter saído de um sonho. Mas o que mais chamou sua atenção era a presença recorrente de uma figura familiar em várias delas. Bem semelhante à Wednesday.

- Você nem tinha certeza se tinha gostado do lugar no começo, até ter a ideia de queimar umas ervas que comprou de um cara em uma loja perto do metrô. Nós a queimamos e ficamos rodando o salão, balançando aquilo de um lado para o outro até percebermos que ela, na verdade, era só alface murcha. - A morena contava tudo com muita empolgação, andando distraidamente pelo estúdio.

- Então a gente basicamente defumou o lugar com alface. - continuou depois de soltar uma risada. - Mas até que deve ter funcionado de alguma forma, porque depois disso eu não conseguia te fazer sair daqui. Você costumava vir para cá e botar música, ficava imersa em algum trabalho, até eu vir aqui te lembrar que precisava jantar. Essa tela que está olhando era uma das peças que estava pintando para a Tribune.

- E o que isso deveria ser? - Para Enid só foi possível enxergar borrões pretos e cinzas aleatórios.

- Você não me disse, e eu não sei se você mesma já sabia o que o quadro se tornaria. Aqui, pode ajudar a trazer para a luz o que quer que esse quadro deva ser. - Wednesday falou estendendo para Enid um pincel enquanto preparava uma paleta com um pouco de tinta.

- Ok. Mas... eu não sei o que fazer nela. - Enid levou o olhar da mão com o pincel, para a tela à sua frente e depois para Wednesday.

- É claro que sabe, só precisa começar e entrar no clima. Espere um pouco, isso deve ajudar, vai ser divertido. - A morena disse ligando a caixa de som que estava no outro extremo da sala, o volume da música que tocava era alto o suficiente para encobrir qualquer coisa que fosse proferida sem gritar.

- Você pode desligar isso, por favor? - Enid sentiu sua respiração pesar, com uma impaciente pressão crescendo em seu peito, à medida que jurava sentir o chão sob seus pés tremular.

Estar ali naquele estúdio bagunçado, aquela tela com sombras sem sentido, o barulho de música alta martelando em seus ouvidos... Enid simplesmente não conseguia, era demais.

- Eu juro que você costumava ouvir música muito mais alto que isso, eu nunca entendi como você conseguia se concentrar com-

- Eu estou morrendo de dor de cabeça e estou odiando isso aqui, você pode fazer o favor de desligar a droga da música?! - Enid gritou, mais alto do que seria necessário para sobrepor a música, interrompendo Wednesday.

The Vow | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora