— Aí está você! Fiquei preocupado quando não te encontrei na biblioteca. Mas então... ansiosa para retomar o curso?
Enid, que não parecia tão relaxada quanto pretendia, estava sentada em um banco e havia assistido pacientemente, e em silêncio, enquanto o pai cruzava o campus da universidade, indo em sua direção. Ainda não sabia ao certo como se comportar, como agir, o que exatamente queria falar ou ouvir.
Não tinha certeza se esperava explicações, desculpas, promessas. Talvez nada disso.
Desde a conversa que teve com a mãe e a irmã, no dia anterior, a loira fez questão de evitar encontros com o homem até que estivesse pronta para o encarar sabendo de tudo. Assim que deixou a casa de Wednesday, depois de se oferecer para pedir o jantar e compartilhar a refeição com a morena, Enid tinha ido direto para a casa de Sam, passar a noite.
Ignorou todas as ligações de sua mãe e só pegou o celular novamente pela manhã, para enviar uma mensagem ao seu pai pedindo que a encontrasse na universidade.
Quando Murray finalmente parou à sua frente, a encarando com um sorriso de lábios cerrados, Enid continuou em silêncio, estudando a feição do homem. Talvez Esther não tenha comentado nada com ele sobre a conversa que tiveram, pois ele parecia livre de qualquer preocupação.
Ou, quem sabe, achasse o assunto importante o suficiente para ser escondido, mas não para se abalar. Constatar isso acendeu novamente a irritação que estava adormecida dentro de si.
— Não quer me dizer nada sobre Diane Chain e meu pequeno irmão bastardo? — A loira disse, em um só fôlego, sem desviar os olhos do pai e sem pestanejar. A respiração ficando presa em seus pulmões enquanto esperava alguma reação do mais velho, que levou uma das mãos ao rosto, esfregando os olhos por um breve momento, como se a conversa já estivesse lhe cansando, mesmo que tivesse acabado de começar.
— Veja bem, Enid... eu cometi muitos erros. Diane... foi há muito tempo atrás. Eu... me desculpe. — O homem disse, depois de engolir em seco e suspirar longamente, olhando de um lado para o outro antes de sentar-se ao lado de Enid e baixar o tom de voz, para que ninguém que passe por ali pudesse ouvi-los. — Eu não sei o que dizer, porque eu acho que não... não há nada que possa ser dito para fazer tudo isso menos pior.
Ele estava certo. Nada que dissesse poderia amenizar o que aconteceu, nem para aliviar o conhecimento de que seu pai estava disposto a mentir para ela o quanto pudesse, escondendo seu passado manchado.
Enid não se sentia capaz de formular alguma resposta coerente. A situação não era complicada somente por ter descoberto que seu pai traiu sua mãe. Seu pai traiu sua mãe há 5 anos inteiros. Muitas coisas aconteceram nesse meio tempo, coisas das quais Enid nem se lembrava.
Ainda era difícil de acreditar que isso seja verdade. É difícil acreditar que tem um meio-irmão e que seus pais tenham simplesmente escolhido não lidar com a criança inocente que nasceu desse caso.
"papai e mamãe mudaram", a voz de Sam ecoava ao fundo da mente de Enid. Apesar de que tenha descoberto tudo isso agora, 5 anos se passaram desde que tudo veio realmente à luz. E muitas coisas aconteceram.
De repente, Enid sentiu-se uma adolescente novamente. Arrasada por ter a imagem imaculada de seu pai destruída pelas mentiras.
Não queria reagir de forma exagerada. Pessoas cometem erros. Nada disso tinha a ver com ela, sua irmã ou Esther.
Pessoas fazem escolhas, cometem erros e são egoístas quando se diz respeito à própria satisfação.
Foi o que seu pai fez, e não há nada que ninguém possa fazer para mudar ou apagar isso. Nem mesmo uma lesão no cérebro.
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The Vow | Wenclair
FanfictionWednesday se vê perguntando-se o quão a vida poderia ser uma piada sádica, quando se envolve em um grave acidente junto de sua esposa, e em um piscar de olhos, Enid tem os últimos 5 anos de sua vida completamente apagados de sua memória. Agora seu d...