CAPÍTULO 08

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Fiquei doente

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Fiquei doente. Com todos os sintomas e não sintomas de um resfriado, passei dias na cama com calafrios, nariz entupido, febre... achei que fosse morrer e em dado momento desejei aquilo. Mas não morri. Continuei com dor no corpo, na cabeça, no peito e tendo o cheiro do Gustavo perto de mim. Ele não saiu do meu lado e fiquei mal por ter sido tão grosso com ele, mas não tinha condições nem para falar aquilo. Estava sendo devorado por aquela cama, naquela casa com sonhos estranhos.

Em dado momento ouvi a voz da Sônia.

Pensei que fosse mais uma das alucinações que tive ao longo dos dias, mas quando acordei não era. Estava chovendo e tinha barulho de panela na cozinha. Meu corpo transpirava debaixo da coberta. A Sônia estava ali. Sua voz soou nítida pela casa enquanto falava com o Gustavo.

Senti um embrulho no estômago só com a possibilidade de ficar na frente dela ali. Estava com vergonha.

Pus os pés no chão e tirei a camiseta ensopada, passando no peito e no pescoço. Estava com a boca seca e sem a menor ideia do que falar pra ela.

Levantei e enquanto saía do quarto a única coisa que passava pela minha cabeça era como ela havia ido parar ali.

— É isso! — Exclamou animada. — Enquanto não ficar assim, você não para de mexer.

Acuado e cheio de medo, parei no batente da cozinha, vislumbrando ela de casaco e jeans, ao lado do Gustavo que mexia alguma coisa no fogo. Tinha cheiro de leite. Não dei sinal da minha presença para os dois que estavam de costas para a porta. No limite da ansiedade, pressionei os dedos, sem conseguir respirar direito, fosse pelos pulmões fudidos ou pela eterna sensação de ser asfixiado constantemente.

— Isso aí é bater e valer.

Gustavo ergueu o rosto e ao olhar para ela, ele me viu. Inexpressivo, demorou para reagir à minha presença.

— Que bom que você levantou.

Encontrei os olhos castanhos da Sônia. Surpresos e depois parecendo felizes em me ver.

— Parece que a febre baixou. — Puxou as mangas do casaco pelo braço e se aproximou de mim com dedos gelados na minha testa e no pescoço. — A sua febre passou dos 40. — Como uma enfermeira cautelosa que era, sentiu meu pulso entre seus dedos enquanto eu não conseguia deixar de olhar para o seu rosto.

— O que que você tá fazendo aqui? — A pergunta saiu baixinha pelos meus lábios, como se não devesse ser feita.

Ela me olhou e por trás daquela máscara hospitalar, percebi seu sorriso.

— Parece que sou a enfermeira mais próxima de você. — Ergui os olhos até o Gustavo, que despejava o mingau no prato. — O Gustavo ficou preocupado porque não conseguia cuidar de você. — Teve a minha atenção de volta para si. — Então me procurou pedindo ajuda.

Gustavo não devia ter feito aquilo.

Afastei o rosto dela, lidando com o acesso de tosse. Seus dedos tocaram minha costas um momento antes de se afastar e me entregar um copo d'água.

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