Alexandre ficou olhando enquanto ela se arrumava na frente do espelho.- Não sei se gostei desse vestido. - Ela comentou com desdém, virando a bunda para o objeto. - To reta, sei lá. Muito magra. - Ela resmungou.
- Você tá perfeita. Eu já te falei isso três vezes com adjetivos diferentes. Maravilhosa, perfeita, incrível, a mais linda de todas do mundo, imbatível, gostosa!
- Alexandre, sua opinião não conta. Você fala isso todo dia, só pra não ter que lidar com meus surtos, caramba! - Ela resmungou frustrada.
- Fica nessa posição. - Ele pediu. Andou pelo cômodo em busca do celular dela, e desbloqueou sozinho, porque sabia a senha. Aproveitou o ângulo de onde estava e abriu o aplicativo de câmera.
Giovanna ficou se encarando no espelho, fazendo poses para se auto-analisar. Assim que notou o que ele estava fazendo, se virou para ele com um sorriso idiota nos lábios.
- Ale, o que você está..? - Ela estranhou. - Para, agora! - Ordenou, brava.
Ele sorria olhando para ela através da câmera. Abriu o rolo de câmera e escolheu a melhor foto, virando o aparelho e mostrando para ela.
- Você precisa se ver através dos meus olhos pelo menos uma vez. - Ele pediu, insistindo que ela olhasse as fotos.
- Tá bem, tá bem. - Ele suspirou, vendo que ele realmente tinha razão. - Me convenceu. Eu vou com este.
Alexandre sorriu com o canto esquerdo da boca, feliz por tê-la convencido. O celular dela logo apitou, e ele virou o aparelho de volta para si para ver quem era.
Leonardo.
De repente o universo fez questão de lembrá-lo que ela não estava se arrumando para ele, e sim para seu namorado, o tal do diretor. Deixou que ela atendesse e se justificasse para ele dizendo que já estava pronta e o encontraria no restaurante em 30 minutos.
Que idiota.
Pensou.- Gi.. - Ele bateu os dedos na perna, ansioso. - Tem certeza que não quer vir com a gente? A novela acabou de acabar.. Nós temos tanto tempo pra aproveitar e curtir..
- Não tenho como deixar o Léo aqui, você sabe. - Ela murmurou, retocando o batom na frente do espelho.
- Traz ele com a gente..
- Você não gosta dele. - Ela franziu o cenho, confusa. - Por que diabos você sugeriria isso?
- Eu não gosto dele, mas gosto de você. - Ele falou de uma vez, sem tempo para raciocinar direito. - Quer dizer.. Você é minha melhor amiga. Eu realmente queria te ter comigo nessa viagem. Ainda dá tempo de você desistir dessa ideia de ficar aqui sozinha.. O carro sai às 5 da manhã.. - Ele consertou.
- Alê.. - Ela guardou o batom na bolsa e andou até o amigo, apoiando as mãos em seus ombros. - Eu agradeço muito, tá? Mas a vida de uma mulher comprometida é assim, diferente. Tem certas coisas que simplesmente não dá pra fazer. Mas eu agradeço muito mesmo o convite, ok? - Ela fez carinho no rosto dele e deixou dois tapas em seguida no mesmo lugar, gargalhando e fazendo ele gargalhar também.
- Você é muito teimosa. Vai se arrepender de não vir comigo. - Avisou.
- Deixa eu ir logo, antes que o Léo me mate por tanto atraso! - Ela mudou de assunto pendurando a bolsa no ombro.
Alexandre sentiu seu coração se partir a medida que assistia a melhor amiga caminhava em direção à porta.
- Se divirta. - Ele chamou a atenção dela. - Vou sentir saudade. Você sabe, se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo..
- Já sei! - Ela riu, pronta para completar a frase dele. - Te ligo na mesma hora e você vem me socorrer onde quer que eu..
- .. que você esteja! - Ele falou a frase ao mesmo tempo que ela, com um sorriso no rosto. - E vem aqui me dar um abraço, já que você não vai viajar comigo! Vou sentir saudade. - Ele ordenou fazendo um gesto com o braço para que ela se aproximasse.
Giovanna sentiu um arrepio na espinha. Odiava ter contato físico com ele porque ela sentia uma tensão sexual muito forte no ar, e não sabia se ele sentia também, mas já era o suficiente para que ela quisesse sumir, desaparecer.
Ela correu até ele dando uns saltinhos e uma risadinha e enlaçou ambos os braços em seu pescoço.
- Boa viagem, Alê! - Ela fechou os olhos sentindo o perfume dele, escondeu seu rosto no pescoço do homem alto em quem ela tinha que se pendurar na ponta dos pés para dar um abraço decente.
Ele logo enlaçou ambos os braços na cintura dela, a envolvendo. A puxou mais para si, acabando com o espaço que havia entre eles. Deu uma puxada forte, colando sua cintura na dela. Inalou o perfume de Giovanna, e logo entrou em um turbilhão de emoções, pensamentos e sensações.
- Se cuida na minha ausência. - Ele pediu, beijando o ombro dela algumas vezes. Beijos leves, pequenos e estalados. - Não vai fazer nenhuma besteira sem mim, espera eu voltar e a gente faz a besteira juntos. - Implorou ele, a voz rouca e baixa dele a levava à loucura.
Giovanna fechou os olhos os sorrindo, sentindo os beijos dele que subiam para seu pescoço.
- Eu nem sonharia em aprontar alguma sem meu co-piloto. - Ela prometeu de volta. - Fica tranquilo, eu e você sempre, meu parceiro de novelas! - Garantiu ela, se afastando lentamente para olhá-lo nos olhos.
Alexandre olhava para ela daquele jeito. Daquele maldito jeito. Os olhos de jabuticaba brilhavam ao olhar para ela e ela jurava que era diferente do que ela costumava ver com.. Bom, literalmente qualquer mulher por aí.
Giovanna tentou se afastar, mas ele a puxou pela mão.
- Vai morrer de saudade de mim, não é? - Ele pediu por confirmação. Sentia que ele mesmo já sentia saudade dela ali, sem nem ter se despedido por completo de fato.
- Claro! Com certeza. - Giovanna deu um passo na direção dele. Apoiou as mãos em seu abdômen, e ficou na ponta dos pés de novo, para beijar sua bochecha. - Te amo! Se cuida! Também não apronta sem mim, espera voltar! - Ela pediu.
- Não sonharia com isso. - Ele deu uma risadinha sacana, ainda sentindo os lábios dela em sua pele, por mais que ela já estivesse saindo pela porta agora.
Assim que ela bateu a porta, Alexandre suspirou.
- Eu te amo, Giovanna. - Ele sussurrou para o corredor vazio.
Balançou a cabeça negativamente, irritado.
- Merda. - Deu um tapa na porta, irritado, e sentiu dor na mão. - Aiiiiii. Que dor do caralho. Diretorzinho de merda! Que ódio. Você é burro, Alexandre, você é um imbecil. - Ele falava sozinho consigo mesmo, reclamando e entrando em seu quarto.
Tomou mais doses do red label da Johnnie Walker que Romulo Estrela havia lhe presenteado algumas semanas atrás do que estava acostumado, e foi dormir para não pensar muito no que o perturbava há anos: ela.