19. Se recomponha.

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Sentado numa cadeira de bar, com a camisa suja de alguns respingos de shot, o cabelo suado para trás e os olhos vermelhos sem vida, enquanto ouve uma música em um idioma desconhecido, Louis Tomlinson pega o celular do estabelecimento por reflexo, o sentindo vibrar no balcão. Desorientado, tarda alguns instantes para conseguir desbloquear a tela.

— Louis, cadê você?

Niall soa preocupado do outro lado da linha, utilizando um tom de urgência.

— Niall… — reconhecendo a voz dele, Louis derrama outro copo na garganta e aperta os olhos. — Ele não me ama mais… — As lágrimas voltam com mais força.

— Louis, onde você está, cara?

— Ele partiu meu coração sem piedade, Niall…

Fitando a mesa suja de bebidas, aperitivos e coisas que a visão embaçada não o deixa identificar, Louis bate a mão ali, para abafar o som do choro, tentando se enfurecer em vão.

— Eu tenho cinco filhas com ele… — Ele abaixa a cabeça, inconsolável, se rendendo à tristeza. — Eu casei com ele… numa igreja… eu tenho uma casa com ele… uma vida… desde que eu tinha 18 anos, Niall… 18 anos…

— Eu sei… — Horan olha para os próprios pés, segurando o celular com certa força, por se sentir impotente. — Pode me dizer onde você está? Tem três desse bar na cidade.

— No inferno… — Louis respira com pesar, percorrendo o olhar sobre o menu abaixo de seus cotovelos, procurando o nome do bar. — The Pilot II.

Do outro lado da linha, o irlandês levanta do sofá, seguindo na direção da garagem, arrancando a chave do gancho com brutalidade.

— Eu sei onde é, não sai daí, eu chego em cinco minutos.

— Eu não tenho pra onde ir… — Louis menospreza o conselho, derramando agora uma garrafa de vinho no copo. — Eu tô no fundo do poço.

— Só me espera, por favor. — Niall abre a porta do carro, se acomodando no banco rapidamente. — Você tá chapado não é?

— Por que ele fez isso comigo?

O som do choramingo aumenta e o loiro aperta as mãos no volante.

— Eu não fui um bom marido, Niall?

— É claro que você foi, isso não é sua culpa, Louis.

O estrondo de uma garrafa se quebrando o faz pisar no acelerador após o portão subir.



— Se eu não tivesse mexido no celular do papai e perguntado da Taylor, você acha que isso ainda teria acontecido, tio Zee?

Yasmin não se segura mais, se permite chorar nos braços de Zayn, com a voz embargada, partindo o coração dele e das irmãs, que a ouvem, se controlando para não chorarem junto.

— O que eu sei é que não é culpa sua, Yas, você é só uma criança.

Ela se afasta alguns centímetros para enxugar o rosto, ainda batendo os dentes pelo nervosismo.

— Você não tem que se preocupar com os problemas dos adultos, eles vão continuar te amando, não importa o que aconteça, Harry e Louis nunca vão deixar de serem seus pais, pequena.

Zayn afaga o braço dela, se esforçando para consolá-la, algo que desejava fazer com todas as sobrinhas ao mesmo tempo, se fosse possível.

— tio Z, por favor… — Talita suplica da poltrona, segurando as alças da mochila com força. — Tira a gente daqui.

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