79. Feliz Término de Namoro | Spin-Off

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Aquela que foi despachada do bloco dos acadêmicos de arquitetura, só se dá conta de estar desacompanhada após dois minutos falando sozinha:

— Eu realmente tenho medo do que qualquer um pode pensar sobre... Bil?

O cenário vazio deixado para trás, não agrada Talita, que ainda tem na mão livre a sacola deixada por Amber. Precisaria de ajuda para abri-la, por tal motivo, se frustra. Assim que alcança o calçadão na frente da orla, é surpreendida pela última pessoa que escolheria ver no mundo.

Andrew tem olheiras amareladas, um terno amassado e ombros, pela primeira vez, encolhidos. Ainda que identifique o quanto parece atormentado, ela não se comove, pelo contrário, se concentra em discriminá-lo. Seus olhos verdes chegam a ficar arrogantes.

— Talita, podemos conversar?

A voz que um dia já lhe serviu de antídoto, não mais a agrada. Ele poderia se empenhar da maneira mais ambiciosa, jamais teria de volta seu apreço.

— Eu prefiro conversar com uma porta.

— Eu sinto muito pela forma que as coisas aconteceram ontem à noite, eu teria esperado você sair do jantar se soubesse que...

— Você está fazendo hora extra respirando o mesmo ar que eu, Pattinson, não me importo com nenhuma das suas palavras ensaiadas, já chega!

Talita movimenta os anéis enquanto caminha, incapaz de reestabelecer o contato visual, independente se Andrew ainda está seguindo-a como um guarda-costas.

— Sim, já chega, eu te dou razão, toda. — A réplica sentida a mantém em alerta. — Eu sei que nunca terei o seu perdão e eu não o mereço pelo que fiz, mas eu preciso esclarecer a situação que você acha que aconteceu esses dias, Talita, não que isso mude algo, eu vou continuar sendo um imbecil, idiota, um cafajeste ordinário.

Apesar dele se crucificar genuinamente, a ouvinte não se convence por completo, não com o histórico que foi criado em suas costas. Ela chega a interromper a caminhada, mas não é por consideração.

— Fala o que você quer pra desaparecer, um tapa ou um pontapé?

Andrew não responde, primeiro cai de joelhos, não pedindo algo, mas por fraqueza emocional. Sabe que não a terá de volta e isso o fere como o inferno queima.

Ainda que reconheça todo o sofrimento que transborda por seus olhos azuis, Talita não demonstra a mínima empatia, não quando se encontra do mesmo jeito atordoado por dentro. Por mais que sinta a liberdade de novas oportunidades, a perda de Andrew não é insignificante, o que não vai admitir.

— Essa é a última vez que você vai poder falar comigo, então, seja breve porque eu tenho mais o que fazer, essa ceninha aí não me compra, você é ator e eu não sou palhaça.

— Eu joguei nossa história no lixo em uma noite como se não fosse tudo o que eu tinha. Eu poderia chegar aqui e dizer que o que aconteceu em Londres não significou nada pra mim, mas eu não tenho lembrança nenhuma do que houve, mas eu sei que me coloquei naquela posição comprometedora. Eu sinto muito por isso, eu me larguei, bebi todas, fiquei farreando pra tentar preencher o buraco que você deixou e eu acabei me perdendo de mim por um momento e isso não tem nada a ver com você, é claro. — Ele próprio já não consegue olhar nos olhos dela, constrangido pelo que fez. — Eu não sabia se tinha acontecido alguma coisa ou não no ano passado, eu fiquei em pânico só com a possibilidade e agora, ver que não foi coisa da minha cabeça é... É como se eu estivesse vivendo um apocalipse particular.

Conhecendo-o bem, ela sabe que são suas palavras honestas, o que prejudica seus batimentos cardíacos. Igualmente afetada, se abaixa na altura dele, apoiando uma das mãos no chão.

— Independentemente do que tenha acontecido, não é possível que você não tenha sentido a distância que surgiu entre nós, Andrew, e não estou falando das milhas de quilômetros.

Ele até abre a boca para contestar, mas Talita retoma:

— Já não tínhamos mais a mesma conexão de antes, você acha que ainda me conhece e eu posso achar que ainda sei quem você é, mas não é verdade. E não, não estou interessada em descobrir quem você se tornou agora, porque você me cansou.

As palavras duras não combinam com as lágrimas que caem de seus olhos já estreitos, muito menos com o tom rude.

— Não deveríamos ter fingindo que tudo poderia voltar a ser como era antes, porque não pode. Você não é mais perfeito pra mim e eu não sou mais perfeita pra você.

— Então... É isso? Esse é o nosso final triste?

Andrew suspira falho. Não tem como fingir que ela não diz a verdade. O bolo na garganta é palpável.

— Não diga que foi um prazer ter o coração partido por mim, porque você fez pior com o meu e eu não gostei nada. — Talita se ergue, até senti-lo agarrar seu punho, num reflexo de desespero. — Andrew...

O toque ainda a faz tremer, por tal motivo, tarda a se livrar dele.

— Não torne as coisas mais humilhantes.

— Desculpe. — Ele se rende, ainda ajoelhado. — Eu respeito tudo o que disse e sinto muito por não ter conseguido manter as coisas como eram antes, Talita. Eu te amo e sempre estarei torcendo pela sua felicidade.

Se forçando a manter os olhos nas ondas distantes da praia, a Styles engole seco, tensa.

— Nós podemos ser amigos?

— Um dia, quem sabe. — Ela não confia em si própria para serem amigos, não enquanto o coração sangra. — Quando tudo isso tiver passado.

Certamente, apagar algo que mantiveram desde seus 16 anos, não parece certo. Olhando para ele por uma última vez, o faz um gesto para que levante em vão.

Andrew não a obedece, não tem mais porque fazê-lo. Talvez, sempre ter se colocado na posição de capacho tenha sido um de seus erros. Ciente de que perdeu o poder sobre ele, a temida Styles cede aos instinto de correr calçadão a fora, até não poder mais avistá-lo em meio a multidão.

Certa de que está sozinha, olha para a sacola entregue por Amber, agarrando qualquer oportunidade de fuga do sofrimento, a rasga de uma só vez, ansiosa para descobrir o que foi guardado ali.

— Talita!

A voz de Jasper não a impede de retirar depressa o que parece ser um plástico retangular com vestes dentro.

— Espera um minuto, Sr. Pots, parece que a Amber me presenteou com... — Ao estender o pano a frente e deixar uma parte no gesso, reconhece o uniforme das líderes de torcida da UCLA. — Ah, se ela soubesse como pareço o bambi em um trio elétrico quando danço.

— Acho que é um convite pra você entrar na equipe dela. — O "Sr. Pots", que incrivelmente parece ter mais tatuagens, volta a chamar atenção. — Vim te passar um recado da Riley Wilde.

— Riley Wilde é uma vadia.

Ela amassa as roupas na sacola, considerando até passá-las para qualquer outra pessoa que esteja transitando na fachada da universidade. O menino Jasper coloca um bilhete em suas mãos, o que a faz arquear as sobrancelhas.

— O que é isso?

— Ela mandou eu te entregar, sei lá! Aliás, parece que alguém morreu lá no dormitório da Yasmin, passei na frente e vi sangue pra tudo o que é lado!

Talita abre o papel, antes de conseguir se desesperar com a informação de Jasper, fica atônita com as palavras escritas pela arquirrival.

E aí, Styles? Feliz término de namoro. Me encontra no oitavo estúdio de fotografia

Riley

DON'T LET ME GO Onde histórias criam vida. Descubra agora