32. Orfanato?

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Charterhouse School.

Ao fim da música ensaiada pela segunda vez, Talita solta o microfone, extasiada, regressando ao mundo real gradativamente, se não houvesse escutado o cochicho de duas espectadoras.

— Ela vai ficar com o pai dela, o Harry, que sortuda, ele é o mais rico.

— Eu achava que eles não viam diferença, mas isso ficou óbvio quando o Louis levou só a Gabrielly e a Yasmin, além da Talita ser uma mini Harry, ela deve ser insuportável para ele não fazer questão.

Os risos abafados corroem a alma dela de maneiras inimagináveis.

— Eles mentiram quando disseram que não tratavam elas com diferença, que babacas. — A voz masculina recrimina as ações dos adultos, todavia, a menina Styles não tinha argumentos para invalidá-la. — Por isso é melhor ser hétero e gerar filhos como uma pessoa normal.

Perdendo o domínio sobre o próprio corpo, a garota solta o instrumento, que chama a atenção do auditório ao contactar o chão. Sem mais motivos para existir, não esconde as lágrimas, desce os poucos degraus com acesso à quadra e escapa dos comentaristas.

Portão de saída da Charterhouse School.


Harry e Louis haviam chegado a cerca de quatro minutos. Se mantinham de pé, encostados em seus carros, em completo silêncio, analisando a arquitetura da instituição, se perguntando se não teriam se adiantado. Com as mãos nos bolsos, o menor de vestimenta esportiva checa as horas no celular.

— Estão atrasadas, cada uma delas.

Se desencostando da lataria, Harry sobe na calçada, seguindo em frente.

— Vou ver se aconteceu alguma coisa.

— Eu vou também. — Louis age em seguida, apenas preocupado demais com as meninas para encrencar com o ex parceiro. — Já são três e meia.

Pisoteando o gramado, com os olhos levemente estreitos devido ao sol, o cacheado prossegue até o pátio, ignorando o fato de terem se tornado o centro das atenções.

Louis segura no ombro dele de repente, tropeçando numa pedra, por pouco não caindo de cara, se não fosse pela resistência de Harry, que o encara imóvel.

— Você está bem?

— Sim! — ele o solta rapidamente, como se nada houvesse acontecido. — Bil?

Os dois flagram a adolescente de olhos úmidos deixando a área dos toaletes, visivelmente desolada. Ela desliza a mão direita pelo rosto, eliminando as últimas gotículas do choro.

— Pais.

— Bil, o que aconteceu?

Harry não desvia de seus olhos azuis, atento, tentando identificar a razão da sua aflição. Louis acolhe a menina em um abraço lateral, afagando seu ombro.

— É só o braço. — Gabrielly prefere evitar qualquer atrito, considerando seu atual estado. — Às vezes dói.

Tendo experiência com gesso e curativo, Louis sabe que a fratura dela é mínima, os antibióticos funcionavam perfeitamente, a dor não deveria fazê-la chorar.

— Talvez devêssemos ir ao hospital de novo. — Harry suspira, inconformado. — Isso não é normal.

— Fique com seu pai um instante, eu vou atrás da Yasmin no balé.

Louis a solta, permitindo a proximidade do outro pai, que tenta tranquilizar Gabrielly. Os dois não passam mais de trinta segundos sozinhos. A porta do auditório bate, ocasionando um estrondo bruto, com Talita vindo ao corredor em passos lentos. Diferente da irmã, oculta muito bem o coração inconsolável com a postura superior e o rosto recém lavado.

DON'T LET ME GO Onde histórias criam vida. Descubra agora