59. Trabalhar? | Spin-Off

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Antes de chegar no carro, Talita ouve passos atrás de si. Ao parar, faz com que Alana Hathaway esbarre em suas costas. Imediatamente, se vira para vê-la.

— Por que está vindo atrás de mim, Alana?

Os olhos castanhos transitam pelo asfalto por alguns segundos antes de enfrentarem os verdes.

— Eu não posso deixar você dirigir assim.

A voz fina a faz desviar o olhar para a pista, por onde os veículos correm acima da quilometragem permitida.

— A premiação é daqui há um mês, Alana.

Ela sequer sabe se alguém já obteve êxito em produzir um longa-metragem em trinta dias. Um ano não parece o suficiente e um mês significa somente uma coisa:

— Eu vou ser deserdada.

— Não vai. — Alana entrelaça as mãos de ambas, disposta a incentivá-la. — Você não diz que devemos ter fé no futuro, Talita? Cadê a sua fé?

O mantra de um dos pais ecoa algumas vezes na cabeça dela, como se dissipasse o efeito do álcool. Por lembrar de casa, não contêm o meio sorriso.

— Eu não tenho nem um roteiro.

— Você vai pensar em alguma coisa incrível como sempre faz.

Sem que tenha total consciência, a Hathaway desce o olhar para aqueles lábios pintados de vermelho. Sua mão direita retira uma mecha castanha da frente do rosto à frente.

— Alana?

Paralisada, Talita sussurra, a voz mais rouca do que o habitual, o que condena o corpo de Alana a arrepios crescentes.

O disparar de um flash fotográfico cria certa distância entre as duas, dado o salto lépido de Talita para trás, a mão já alcançando a maçaneta do automóvel preto.

— Eu preciso sair daqui! Cadê as minhas pragas? GABRIELLY E YASMIN CADÊ VOCÊS?

— Talita. — Respirando fundo para não mandá-la calar a boca, Alana a instrui no banco do passageiro. — Acho que estão na porta, vou chamar elas!

Os segundos que parecem horas dentro do carro não passam para a veterana, com a mente funcionando a mil, imagina inúmeros cenários em que se passaria o seu filme.

O conhecido toque do celular faz pular de susto.

— Quem é?

— Meu amor sou eu, o que aconteceu? Seu nome está no dailymail de novo.

— Agora não, Andrew.

Em um surto, Talita desliga na cara do namorado novamente, despreparada para pensar nos últimos atos.

— Muito obrigada Alana e me desculpe de novo.

Adentrando o carro, Gabrielly agradece pela décima vez a colega, sabendo que a família não é responsabilidade dela.

— Me deixem no dormitório, por favor, amanhã falamos sobre essa roubada que a Talita nos enfiou.

— Me desculpa, Yas, não era isso o que eu planejava pro seu primeiro dia.

— Tudo bem, Bil. — A australiana afaga o ombro de Gabrielly, com um sorriso fraco. — Ainda vamos nos divertir muito.

...


— Acorda, bela adormecida!

Com os primeiros raios de sol ultrapassando a janela, Gabrielly, chama a irmã, que a xinga de 5 em 5 minutos e volta a dormir.

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