26 Queima de arquivo

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Matteo ( Tatuador) narrando

  Não atendi três ligações do cabeça de pena, eu sei muito bem oque ele quer,  sei  o quanto esse homem é poderoso, ele quer vingança contra um policial, o pedido dele é para matar o Ferreira e sua família, a mulher dele está grávida de nove meses, tendo mais duas crianças, uma de dois anos e a outra de seis anos, como vou matar três crianças? Porra sou bandido, mas ainda tenho coração.
  Ferreira é um policial corrupto, que fazia parte da movimentação,  mas na primeira oportunidade, prendeu o cabeça de pena, eu disse que me vingaria na época, porém o cabeça de pena, não deixou,  ele diz que a vingança é um prato maravilhoso para saborear.
—Qual é chefe, atende esse celular logo, o cara está perturbando, diz que tu não vai concretizar isso, e tudo certo, tô contigo pow.—Beleza diz.
—Eu tenho uma divida com ele, sacou ? e esse morro é dele, só estou aqui enquanto ele estiver preso, depois disso vou meter o meu pé dessa vida.
—Seu destino é aqui tatuador, tá ligado que esse morro é seu, cabeça de pena não comanda aqui mais se você quiser.
—Não é assim que funciona, mas vou ralar, tenho coisas ainda pra fazer.–Falo.
   Fui na boca do beco da viela da onze, essa parte não é minha, mas as vezes eu mesmo faço para conferir tudo oque está entrando,  pego o dinheiro , vejo quantas quantidades eles trouxeram para vender, peço para arrumarem uma banquinha, não quero ninguém vendendo na mão,  ja disse a eles, gosto de tudo organizado, mesmo sendo uma vida errada, ainda preservo muito minhas coisas, gosto de tudo organizado, como se fosse um trabalho normal.
  Chego no abrigo, caminhando em direção aos assistidos,  o quarto está em desordem desde cedo, olhei na câmera pelo meu celular, aqui não faz parte do crime, porém sigo a mesma linha, gosto de tudo organizado,  aqui são a casa deles, minha casa não é bagunçada, porque vou deixar a casa deles bagunçada? ninguém gosta de dormi em  uma cama sem lençol,  com a cama cheia de roupas, porque as crianças tem que dormi? entro no quarto vendo as cuidadoras sentada conversando, eu poderia chamar a atenção das três nesse momento,  mas mantenho a minha postura, vou até o armário pegando lençóis e arrumando as camas.
—Senhor Matteo,  nos já iríamos arrumar.—Uma delas se pronuncia, olho para ela calmamente e contínuo arrumando as camas.
—As três na minha sala.—Digo virando de costas.

Demiti as três, chamei a atenção da dona Meire,  ela é os meus olhos aqui quando eu  não estou, dona Meire vem entrando em minha sala com uma xícara de café em mãos, aproveito falo o motivo por ter mandado as duas embora,  Meire está chateada, porque as duas meninas,  eram amigas dela, consigo entender, mas ainda sim, ela deveria ter colocado o profissionalismo na frente, porque aqui dentro é local de trabalho, não existe amiga, é colega de trabalho,  Meire como é meus olhos aqui, tem a total carta branca para chamar a atenção,  mas se continuar assim, terei que mudar a posição de seu cargo, estamos lidando com vida, não com objetos.
  Saio da Betel as cinco da tarde,  volto para a boca, preciso ver a contabilidade  das mercadorias que chegou este mês, não deu tempo de contar, muitos corre, ainda tem o baile  no fim de semana, tenho que organizar tudo.
  Chego na boca Joca estava sentado em minha sala, ele me cumprimenta me entregando o notebook, ele mesmo fez as contagens, pelo menos poupou meu trabalho,  Joca é gerente daqui, é o meu braço direito, tem total liberdade, sendo que tem que vir me  comunicar, esse é o trato, Joca me ajudou bastante,  só eu e ele sabemos o quanto a nossa amizade é valiosa.
—Qual é, tem uma mina aí embaixo querendo falar contigo, sei quem é não.—Joca diz.
—Acho que tô ligado de quem seja, manda entrar pow, depois tu volta.— Fecho o notebook me ajeitando na mesa.
A ruivinha entra na sala toda arrumada, seu cheiro é maravilhoso,  peço para se sentar na cadeira a minha frente,  pego uma garrafa de vinho colocando na mesa, encho nossas taças já entregando a ela.
—Diga, oque veio fazer aqui?—Pergunto um pouco seco.
—Só queria termina oque começamos a u tempinho atrás,  você não m procurou mais, oque houve? só está pegando as meninas do morro é?
  Samantha, é uma moradora do bairro de Botafogo, esbarrei com ela na rua do nada, ela pediu meu número, dei porque achei ela gostosa pra caralho, no outro dia fui na casa dela, passei a noite lá, mermão que transa, a mulher fode pra caralho, mas desde que a  Karen foi lá pra casa, eu não a tenho mas procurado.
—Não  na verdade, eu estou ocupado Samantha, tem muitas coisas para resolver,  é uma coisa de cada vez, mas vem aqui,  estou com saudades.
—Não  antes de saborear este meu vinho preferido.—Ela diz tirando a garrafa de vinho da sua bolsa térmica.
  Desta vez ela mesmo me serve, vem com a taça sentando em meu colo, pede para eu abrir a boca,  faço oque ela pediu, despeja o vinho na minha boca é depois no meu  corpo,  agarro pela sua cintura apertando seu corpo contra o meu, bebo mas uma taça que ela mesmo me dá,
    Acordo com a cabeça doendo, minha vista está embaçada, tento me lembrar de  como eu cheguei aqui, porém não conseguir, só lembro de esta na boca com a ruivinha, e nada a mais, o criolo está ao meu lado, oque ele está fazendo aqui?
—Oque faz aqui Criolo?—Pergunto me ajeitando no sofá.
—Pow chefe, a Amanda pediu ajuda, você estava todo chapado na casa dela, então eu ajudei ela a trazer você até aqui, aquela mina, a Karen, não quis te ajudar, mandou deixar você aqui no sofa mesmo, mas ó, a Amanda destratou ela, pow Chefe, a mina parece gostar de você tá ligado? aquilo tudo ontem era ciúmes pow, se liga,  tô indo, preciso ver minha coroa.
— Caralho Criolo, quando tu fala, você não para, vou ver essa fita aí, pode deixar.
  Não lembro de ter ido para a casa da Amanda, essa história está muito mal contada, ainda vou ir atrás dessas duas, mando mensagem para o Joca, sei que ele estava na boca,  talvez ele saiba do que aconteceu, Karen está chata pra caralho,  pedi um pouco de café ,  acabou que entramos em uma discussão, tenho a total certeza que exagerei com ela jogando o copo longe, mas essa mulher tira a minha sanidade toda, eu odeio deboche, e é oque ela mais faz comigo.
  Joca chega em alguns instante, chamo ele até a varanda, não queria que ninguém ouvisse a nossa conversa, e muito menos Dandara é Kauany,  não quero que elas saiba do que aconteceu, essas duas faz uma tempestade em um copo d'água.
—Passa a visão Matteo.—Joca diz ascendendo seu cigarro.
—Ontem mano, lembro que estava com você na salinha, depois a Samantha entrou, bebemos vinho, aí hoje acordo aqui no sofá com o Criolo aqui do meu lado, quero saber desse proceder,  Criolo diz que eu estava na casa da Amanda, sinceramente? eu não entendi  até agora isso.—Falo.
—Realmente você estava com a Samantha,  você mesmo mandou entrar, depois saiu  com ela, falei contigo, você não me respondeu, preferir ficar na minha, mas onde a Amanda entra nessa história? eu não vi você com ela—Ele diz pegando seu celular.
—Mas eu vi, ela estava aqui com aquele homem, ah e com toda certeza você caiu no golpe, seu vinho foi batizado, e com toda a certeza, essa duas estavam juntas nisso, agora a pergunta é,  o porque elas faria isso com você? tem alguém por trás, se liga mais, vai fica bebendo em copo estranho,  não é porque é suas comidinhas que você tem que aceitar assim não,  se eu fosse você,  colocava os três de frente à frente, isso se eles ainda estiverem vivos, porque geralmente quando é algo mandado, quem seja que fez isso, não deixa rastro, ou seja, queima de arquivo!—Karen diz com os braços cruzados, ela sai antes que eu possa responder.
—Pega Amanda e o Criolo pra mim, vou atrás da Samantha, quero resolver isso logo

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Perdão pela demora

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