Vamos pra casa

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— Foi um dia especial. - eu digo sorriso para eles antes de tomar um grande gole de vinho.

— Aproveitaram muito essa noite né? - a Malu ri.

— Passamos quase 3 horas sem ser interrompidos, nem sei como consegui andar até o meu quarto aquela noite. - eu rio.

— E a sua mãe não desconfiou de nada?

— Acho que ela só fingiu não perceber, quando eu olhava pra ele ficava escrito na minha testa que eu tava completamente apaixonado.

— E o que aconteceu com ele e a Alice? Imagino que em alguma hora ele deve ter dormido com ela.

— Acontecia, não muito, mas acontecia.

— E como você tem certeza que não era muito? - ele pergunta.

— Ele me contava, não tinha segredo entre nós dois, nunca teve.

— Você disse que tinham 17 né? Então foi o último ano de vocês juntos antes da faculdade. - o Renan diz e eu confirmo com a cabeça. - Como foi o resto desse ano pra vocês?

— Foi complicado, depois desse dia ficou ainda mais difícil da gente se ver, o pai dele  colocou ele pra trabalhar na empresa alguns dias da semana, pra ir aprendendo como funcionava tudo. Eu tentava passar o tempo com os amigos da escola, mas não era a mesma coisa.

— Você deve ter se sentido muito sozinho. - ela diz fazendo carinho no meu ombro.

— É eu me sentia, mesmo com gente ao meu redor. E eu só pensava que era nosso último ano juntos, a gente ia pra faculdade e seguir nossos caminhos diferentes.

— E como foi quando vocês estiveram juntos pela última vez antes da faculdade?

— Fomos pra mesma festa sem saber, saímos com nossos amigos pra comemorar que entramos na faculdade e acabamos nos encontrando, foi nesse dia que eu conheci a Alice.

Flashback on

Eu passei a noite com os meus amigos, bebi um pouco, dancei com eles. Tínhamos que comemorar que todos entramos em uma faculdade, eu entrei na USP como eu queria a tanto tempo. Já era de madrugada e eu quis ir pra casa, estava indo para o estacionamento da boate quando ouvi uma voz conhecida me chamando.

— Não sabia que você ia vir aqui. - ele diz quando eu me viro para olhar para ele.

— Nem eu, a gente ia em outro lugar mas os meus amigos me arrastaram pra cá. - eu dou um pequeno sorriso.

— De onde você conhece ele? - a menina morena do lado dele pergunta.

— Ele é o João Vitor, nós dois... Ele mora...

— A minha mãe, Catarina, é cozinheira na casa dos Tófani, eu moro lá.

— Ah a empregada, e você também pensa em trabalhar pra eles?

— Alice! - ele reclama. - O Jão é um ótimo estudante e um cantor muito talentoso.

— Tanto faz, a gente pode voltar logo pra festa?

— Vai primeiro, eu já tô indo. - ele diz e ela revira os olhos com raiva e entra na festa.

— Ela é exatamente como eu sempre imaginei. - eu dou um sorriso triste. - Arrogante, mimada e prepotente.

— Eu sinto muito mesmo, não gostei do jeito que ela falou de você e da sua mãe.

— Não importa, Pedro...

— Importa sim, vocês dois são umas das pessoas mais importantes da minha vida, você é a melhor pessoa que eu conheço. - ele segura minha mão. - Vamos pra casa vai.

— Quê? Mas a Alice tá...

— Não importa, eu invento uma desculpa, que você tava bêbado demais pra ir embora sozinho, sei lá. - ele chega mais perto até estar perto da minha orelha. - Não te toco faz tanto tempo, tô com tantas saudades.

Senti um arrepio quando ele disse isso, eu puxei ele pela mão levando ele até o meu carro, o da minha mãe na verdade.

— Espera o seu carro tá aqui. - eu lembro.

— Não importa, amanhã eu venho buscar ele.

Assim que entramos no carro começamos a nos beijar, pouco depois ele separa o beijo com uma mordida no meu lábio inferior.

— Seja rápido. - ele diz e se afasta para me deixar dirigir.

Coloquei as chaves meio desastrado e saí do estacionamento, eu tentava me concentrar na pista mas era difícil com ele acariciando meu membro por cima da calça e me olhando.

— Os seus pais estão em casa né? - eu pergunto preocupado.

— Acho que sim. - ele diz e eu paro o carro em um lado da pista, era uma rua bem deserta.

— Que se foda. - eu tiro o cinto e puxo ele para o meu colo começando a beija-lo.

— Aqui no meio da rua? - ele sorri se separando.

— Sem chance da gente fazer isso com os seus pais em casa. - eu volto a beija-lo e coloco o banco pra trás.

Flashback off

— No meio da rua? É sério, João Vitor? - a Malu pergunta sem acreditar.

— Eu não estava conseguindo pensar direito na hora ok? - eu rio.

— E a Alice como ela ficou?

— A Alice ficou puta da vida hahah, ele disse que eu vomitei e passei mal e por isso me acompanhou.

— Bela despedida. - nós rimos.

— Depois a gente foi pra faculdade e fomos nos afastando. Graças ao pai dele eu consegui alugar um AP quando me mudei pra faculdade, sem nenhum de nós saber ele criou uma conta pra mim, sou muito grato por isso, mas ele pediu para eu não contar pra ninguém.

— Caramba, parece que o sogrão não era tão ruim assim haha. - ele ri.

— Não se engane, foi mais um agradecimento pelas vezes que eu ajudei o Pedro com a escola, mas esse dinheiro foi muito útil.

— E vocês conseguiram se despedir quando ele foram pra faculdade? - Renan pergunta.

— Não, ele foi embora pra faculdade no Canadá e nem consegui falar com ele antes, lembro que eu chorei bastante no dia. Foi aí que eu começei a evitar ele, eu sempre perguntava se ele estaria pra minha mãe e só ia quando ele estava viajando.

— Nessa época você já conhecia a gente, né?

— Sim, não éramos tão próximos ainda, mas já andávamos juntos.

— E você não pensou em ligar pra ele, mandar mensagem, não sei? - ela pergunta.

— Eu pensei, mas vi que era melhor não, eu tentei seguir a minha vida, conheci pessoas, fiz amigos, e aos poucos fui pensando um pouco menos nele.

— Eu lembro, você namorou por um tempinho com a Gabriela. - ela diz.

— É, durou só alguns meses, foi mais uma tentativa de esquecer ele.

— E essa foi a última vez que vocês se viram?

— Não, eu fui passar um Natal lá com a minha mãe, eu estava no 3° ano de faculdade acho que eu tinha uns 20 anos...

Sempre foi você - Pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora