Nossa última noite

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- Não, eu fui passar um Natal lá com a minha mãe, eu estava no 3° ano de faculdade acho que eu tinha uns 20 anos, eu perguntei se ele ia estar mas ela disse que ele ia viajar.

- Então ela mentiu pra você?

- Sim, depois disso eu parei de ir até lá visitar ela, sempre dizia que ia ser mai fácil se ela viesse. Mas enfim, eu fui no dia 23 planejando passar bastante tempo com ela e a Isa.

Flashback on

- Oi, mãe, eu tava morrendo de saudades. - eu digo dando um abraço apertado nela.

- Nem parece, não vem me visitar a tanto tempo. - ela diz fazendo drama.

- A faculdade tá puxada e ainda tem o meu estágio, mas eu sempre disse que você podia ir me visitar quando quisesse.

- Sei... Por que não vai dar um oi ao Miguel? Faz tanto tempo que vocês não se vêem, ele deve estar na cozinha fazendo um lanche. - ela diz.

- Tá eu vou dar uma passada lá, senti saudades dele também. - eu digo e vou até a cozinha.

- Miguel? - eu chamo entrando na cozinha.

- Jão. - o Pedro diz se virando surpreso.

Ele não tinha mudado quase nada, apenas cortado o cabelo e agora usava roupas mais adultas e sérias.

- Ah oi, eu tava procurando o Miguel,a minha mãe disse que ele estaria por aqui. - eu falo me aproximando um pouco.

- Ele saiu há algumas horas, foi levar a minha mãe ao shopping. - ele se aproxima mais até conseguir me tocar. - Bela tatuagem. - ele diz tocando meu antebraço.

- Valeu. - eu sorrio e ficamos nos olhando em silêncio até que ele de repente me abraça.

Eu aperto o agarre na cintura dele enquanto passo meu nariz pelo pescoço dele sentindo seu cheiro.

- Eu senti tanto a sua falta. - ele diz me abraçando com mais força.

- Eu também senti a sua.

Duramos mais alguns segundos desse jeito antes de nos afastarmos.

- Oi, não queria atrapalhar mas vou precisar começar o trabalho aqui pro jantar. - a minha mãe diz entrando na cozinha. - Por que vocês não vão até o jardim? Devem ter muita coisa pra colocar em dia.

Sem muita vontade eu concordei com a cabeça e começei a andar com ele até o jardim, nos sentamos na grama como sempre costumávamos fazer quando éramos mais velhos.

- Como tá indo a faculdade? Foi a que você sempre sonhou. - ele diz sorrindo.

- Tá bem, eu gosto de lá, foi difícil de me acostumar no início, mas eu consegui.

- E você tá namorando com alguém? - ele pergunta me deixando surpreso.

- Eu saio, tenho encontros. - eu respondo levantando os ombros.

- Meninos?

- Meninos e meninas, eu sou bissexual, Pedro. É isso que fazemos, não vamos e namoramos com uma garota só porque "é o normal". - eu faço aspas com os dedos. - E é o que nossos pais querem que a gente faça. - eu limpo uma lágrima que escorreu.

- Você sabe que é mais complicado do que isso. Mas o único momento em que eu me sinto eu mesmo é quando eu tô com você. - ele segura a minha mão.

- Pedro... - ele me interrompe.

- Os meus pais vão a uma festa de Natal de uns sócios hoje a noite. Me encontra aqui e vamos para algum lugar, eu preciso estar com você, por favor... - ele pede me olhando nos olhos e eu não sabia como negar um pedido dele.

Sempre foi você - Pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora