Betina sentiu um pingo gelado cair bem em cima de sua cabeça. Pela contagem que ela fazia, a estação estava próxima do inverno. O frio naquele país chegava a ser cortante.
A mulher agora um pouco mais magra tinha os cabelos grandes e a expressão era de cansaço e desnutrição. Já havia se passado quanto tempo? 1 ano, 2 anos? Ela já nem sabia mais ao certo. O tempo nas masmorras de Hölle passava lentamente.
A primeira vez que havia chegado ali ela havia sido recepcionada pela rainha em pessoa. Que fez questão de dizer que ela ficaria viva e apodreceria naquele buraco.
As únicas visitas que recebia era da carcereira que trazia a gororoba diária que elas chamavam de comida, que mais parecia uma lavagem e de Helga, que fez questão de dar suas surras diárias. E a rainha Heide, que ainda insistia em um certo pedido para Betina.
Naquele dia em especial não foi diferente. A elegante rainha, de cabelos loiros desceu a escadaria das Masmorras acompanhada de seu fiel cão de guarda, o Caniço. A mulher tinha olhos cor de mel, era alta e magra e tinha uma imponência que não se via em qualquer lugar. O rosto tinha as marcas da idade, embora ainda muito bonito. Heide Schumacher era tudo o que diziam a respeito dela e mais um pouco.
-Querida. - Heide começou a dizer com a voz mansa de uma mãe amorosa.
Betina apenas olhou para a mulher de soslaio.
-Não aja assim meu bem. Não é culpa minha.
Betina apenas a ignorou.
-Já se passou mais de um ano e ainda guarda tanto ressentimento? Apesar de tudo que te fiz?
-Não é um ano. São 15 anos. Ou você se esqueceu da Astrid? - Betina disse com a voz baixa.
-Outra vez? Que saco! Quantas vezes vamos tocar neste assunto? - Heide disse irritada.
-Quantas forem necessárias.
Heide se aproximou da cela. Um buraco literalmente com um pequeno local coberto. O resto da cela era sujeito às intempéries como chuva e sol. Betina estava vestida com uma camisa surrada e uma calça que não estava em suas melhores condições. A sorte é que Betina era resistente se não teria morrido de hipotermia na primeira semana.
-Eu posso tirar você daqui, Betina. Você sabe que posso.
-Você só quer que eu te chame de mamãe e sejamos felizes. - Betina debochou.
-E qual o problema? Éramos felizes.
-Éramos? Eu destruindo tudo pra você?
-Você não aproveita seu potencial! Este dom que você tem é um desperdício! Poderia estar livre, é só fazer o que eu te peço. Ao invés disso, fica aí, apodrecendo. Ou você acha que alguém vem te salvar? Depois de tanto tempo?
-Não ligo.
-Liga sim. E em algum momento irá ceder. Mas, por hora, você exauriu minha paciência. Fique viva, Betina.
Um ano presa. Sozinha. Betina sonhava com o rosto de seus amigos, sonhava com Levi, o grande amor da sua vida. Em como ele estaria, se ainda estava vivo. Era só isso que a fazia viver. Ficaria ali o tempo que fosse necessário, desde que garantisse que seus amigos ficariam vivos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sangue de Dragão
Fanfiction[SEGUNDO LUGAR NA CATEGORIA FANFIC NO CONCURSO NOVE CAUDAS DE 2023] Betina Drachen fugindo de seu passado acaba parando em um lugar desolado e esquecido da humanidade. A Ilha de Paradis é alvo de ataques de titãs, seres gigantes que devoram seres hu...