CAP 4: pensamentos

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O dia é visivel por mim por conta da luz que saí pela janela, e assim acordo.
Olho em minha volta, Krombus está no chão roncando enquanto Aurora não está sendo avistada por mim.
Minha cabeça parece gritar por socorro quando acordo e algumas vozes podem ser ouvidas.
"Ótimo. Tenho esquizofrenia." Pensei irritade.
Me levanto e vou até o bicho que até então estava dormindo como uma pedra, mas com apenas um empurrãozinho, Krombus parece achar que é o fim dos séculos.
—QUEM? QUANDO?ONDE?
—Bom dia.
—Que susto humano...
—Eu que digo. Cadê a Aurora?
—Está preocupade com ela?
—Não. Só quero começar o jogo. —Estranhamente, era mentira.
—Ela foi para fora. Procure, estou em fase de crescimento e preciso dormir.
Com isso, me encaminho até o jardim, e lá vejo a bruxa tão procurada por mim.
A mesma tentava regar uma flor, mas não sabia como usa um regador, e isso me fez rir um pouco.
—É assim. —Segurei vossa mão e fui controlando ela para fazer a ação.
—Isso parece fácil... Que decepção de mim.
—Que nada! Você ficou anos e anos naquela casa. Bom, eu acho, ficou?
—Fiquei. Tudo culpa do desgraçado do Wizard. Aquele ser desprezível.
Percebo que este assunto é um pouco problemático e sensivel, então tento muda-lo.
—Eu quero conhecer as pessoas da lista. Como posso fazer isso?
—Oh. Vai ter um festival hoje.
—Festival?
—Sim, dança das flores, você pode conhecer todos lá.
—Onde vai ser?
Ela me entrega um mapa e aponta pars um terreno.
—Aqui. Pode ir, eu cuido do Krombus.
—Está bem.

Ok, era minha primeira vez em um festival, já que só de ouvir em festas, meu corpo tremia e minha bateria social EVAPORAVA, não como se eu tivesse uma.
Aurora me passou as instruções de como ocorre e o que devo fazer.
O triste é que não conheço ninguém e por consequência nem o vento vai dançar com um desconhecido.
Minhas pernas tremiam enquanto eu assistia algumas crianças tentando dançar,foi fofo, mas não consegui parar de notar um homem me olhando em um canto.
Acenei para o mesmo, mas não obtive reposta nem sinal, apenas um olhar revirado me fazendo ficar indignade.
Fui até o mesmo com os punhos cerrados e um olhar ameaçador, como aqueles leões naqueles programas de selva, mas na visão das pessoas, deve estar parecendo mais um ratinho.
—Oi! Sou ê fazendeire. Muito prazer! Quer dançar?
O olhar dele se arregalou, e o mesmo me examinou.
—Não. Foi mal.
Um fora bem no meio da cara eu diria.
—Tudo bem! Você vai dançar com alguém?
—Sim.
—Entendi, qual o seu nome?
—Quem quer saber?
—Mey! Meu nome é Mey.
—Certo Mey, me chamo Sebastian. É um prazer te conhecer.
—O prazer é todo meu!
De repente todas as falas de Krombus vêem em minha cabeça e consigo lembrar do  nome do garoto que eu conversava sendo citado.
—Seu cabelo é engraçado.
Sebastian me olha sorrindo aos poucos e de forma genuina.
—O seu também.
Me despeço dele rapidamente mas assim que me afasto, ouço outro homem.
"Você vai dançar comigo sim." Diz o homem.
"E-eu não quero amor, podemos fazer outra coisa?" Responde uma mulher muito bela.
"Leah, você não tem escolha, quer dançar comigo, ou sozinha?" O seu acompanhante diz aumentando a voz e deixando Leah contra a parede.
"Amor, por favor." Ela implora.
"Você vai dançar comigo pois você não veio com essa roupa que te deixa gorda atoa."
Meu sangue começa a ferver e vou correndo até o tal casal que debatia sobre as vontades de um único individuo.
—Com licença, oi Leah! —Digo, tentando atrair a mulher para ficar longe daquele homem.
Ela me olha confusa e o seu namorado puxa a mesma.
—Quem é?! —Ele responde por ela me deixando mais irritade e com vontade de soca-lo.
—Sou Mey, umê amigue de Leah, lembra?
—Desculpe eu não lembro.
—Lembra, lembra sim, aliás, temos que conversar garota! Vem! —Seguro as mãos de Leah o mais disfarçadamente possivel e literalmente tento deixar ela o mais longe dele que posso.
A mão dela está tão gelada, se eu não tivesse aparecido, talvez ela dançaria sem sua vontade.
—Ei. —Ela diz me fazendo parar de me mexer. —Eu realmente não te conheço, eu quero voltar para meu namorado.
—Claro! Como quiser, mas você QUER voltar, ou apenas tem medo dele fazer algo?—Leah fica em silêncio, me fazendo já ter noção da resposta. —Foi o que eu pensei.
—Você não sabe NADA sobre ele. Eu o-amo.
—Jura? E por acaso vejo que uma mulher linda como você não se ama por amar aquele verme em forma de homem. Ele queria te obrigar a fazer algo, não vê?
A mulher parecia começar a tremer, e assim percebo que peguei pesado de mais com ela, me fazendo recuar.
—Quem é você?
—Mey. E você é a Leah, eu acabei ouvindo.
—Ótimo. Seja bem-vinde para a Vila Pelicanos. Tchau.
Ela volta para o namorado dela, me fazendo ficar levemente triste pela mesma.
Imagine? Amar alguém que te obriga a fazer coisas sem sua vontade? Aposto que aquele filho da puta bate nela quando não estão em público.
"Verme.", Penso em voz baixa, ou seja, sussurrando.
Continuo andando sem rumo e acabo me sentando no chão, olhando todos.
"O vovô gostaria de me ver dançar." As lágrimas voltam com esse pensamento, me fazendo dar um soco na minha cabeça e ficando extremamente mal por pensar que algum dia, poderia ver ele novamente sem me matar. Será que consigo fazer isso aqui?
"Me matar em um jogo, que besteira" começo a rir.
A vontade de continuar jogando me deixa ansiose, mas, se eu quero tanto jogar, talvez, só talvez, eu esqueça que eu quero morrer.
Eu começo a rir e chorar descontroladamente, sem pausas e muito menos tempo para respirar, até que uma mulher com aparência idosa, vem ao meu encontro.
—Desculpe, você está bem?
—Sim. Só estava pensando em um ente querido.
—Ah sim, quem? Caso queira falar.
—Meu vô. Ele morreu sabe?
—Meus sentimentos...
—Tudo bem. —Acabo mentindo para a mulher secando o rosto.
—Caso você queira, pode me chamar de vovó.
Meus olhos se arregalam e minha cabeça se gira olhando a idosa em completo choque.
Chama-la de "vovó" por que? Por que?!
Nessa hora, eu desmorono. Poxa, eu choro por coisas pequenas mas que me afundam.
—Eu quero meu vô de volta.  —As lágrimas tomam conta de mim e me vejo afundar mais e mais. —Eu quero ele de volta vovó.
Meu choro volta, são tantas lágrimas que minha visão fica completamente borrada.
Não consigo nem olhar minhas mãos, em pensar que o que eu choro na frente de uma mulher desconhecida, não é nem 0.00000001% do que eu choraria perto da minha familia.
Ela, por seu lado, se senta do meu lado e segura minhas mãos sorrindo de maneira doce, esticando seus braços para receber um abraço, o que dou sem pensar 2 vezes.
O seu abraço é realmente como uma avó cuidando de seu neto, é o mesmo calor e sensação de lar que eu queria ter desde sempre.
Depois de 30 minutos, eu consigo ficar mais calme, e respirar não é impossivel.
—Vovó!
—Sim? Está melhor meu bem?
—Estou, mas, qual seu nome?
—Evelyn, mas para você, vovó Evelyn.
Um sorriso se abre em mim, e abraço Evelyn novamente, apenas para me levantar e chama-la para dançar, o que a mesma não recusou.
Ninguém vai querer dançar comigo, mas quem disse que isso inclui a Evelyn?

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