CAP 28: Ela.

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Estou assistindo TV, enquanto Krombus olha as fotos que tirei com todos da Vila. Olhando com certa tristeza mas com um sorriso de canto.

-É...Krombus? -Pergunto rompendo qualquer linha de pensamento que aquele garoto poderia ter. -Tem algo de errado com as fotos?

Ele me olha assustado, e lentamente consigo ver seu rosto corar lentamente.

-Ah, não! Eu só gosto de olhar as fotos de vocês e...-Olho Krombus pedindo a verdade. -Quer dizer...-Ele lentamente se senta do meu lado, corando mais ainda e com os olhos evitando os meus. -Tem um garoto...

-Garoto? -Pergunto me sentando na frente dele com um sorriso no rosto. -Qual o nome dele?

-Luca... -Krombus olha aos arredores. -E-Eu..-Ele suspira. -Ele era meu amigo na minha antiga escola, mas ele se mudou um dia depois da gente se conhecer, eu só estava pensando... Se ele não está na cidade Zuzu, onde ele foi parar?

-Você estava procurando ele nas fotos pois achou que ele estava aqui, certo? -Krombus concorda. -Bom, ele deve ter mudado de país, ou quem sabe se mudado para a Ilha do outro lado? Hahaha! 

Vejo os olhos de Krombus se arregalarem e depois ficarem lacrimejados, me fazendo notar que ele queria chorar.

-Você  acha que o Luca vai voltar...? -O garoto perguntou com a voz chorosa.

-N-NÃO! QUER DIZER, SIM! MAS NÃO FOI ISSO QUE EU QUIS DIZER! -Vejo cada resquicio de esperança de Krombus ir por água a baixo, me fazendo sentir uma culpa quase imediata. -Eu acho, não, tenho certeza que ele vai voltar! Você só precisa pensar positivo, tá bem? Mas me fala, como ele te fazia se sentir?

-Ele era doce! Desenhava muito bem! Eu guardo um desenho dele também. -Lentamente o garoto tirou um desenho do bolso. -Esse sou eu, esse é o Luca, e aqui nossa diretora!

-Hahaha! Bem fofo!

-Eu sinto falta dele..

Os olhinhos tristes voltam, me fazendo abraçar Krombus com um sorriso no rosto.

-Ele vai voltar. -Aperto mais o abraço. -Tenho certeza.

-Obrigado mamãe papai Mey...

Sorrio soltando ele.

-Mas enfim, eu preciso continuar as coisas! Você falou para a Penny que vai ir sozinho hoje?

-Sim! Estou meio ansioso, parece que sou um adulto andando sozinho hahaha!

Rimos juntos, mas me despeço do pequeno.

Meu skate para em frente a casa de uma artista aí.

Ando conversando com Leah pelo telefone, e decidimos dar uma volta enquanto falamos da nossa vida atual um para o outro.

A ruiva abre a porta com os cabelos curtos ao vento, me abraçando assim que me vê.

-Mey! -Ela me solta sorrindo. -Ah quanto tempo!

-Leah, nos falamos faz pouco tempo hahaha!
-Eu sei ok? Mas estava com vontade de falar com você novamente.
Olho pro lado um pouco feliz, então sorrio.
-Bem, vamos?
Leah concorda me seguindo, enquanto conversamos.
-Então, como vai o projeto do "desafio loiro"? -A artista pergunta, olhando fixamente para mim.
-Eu não sei, pra ser sincerê, acho que Haley não é tão desafiadora assim, apenas...
-Egocêntrica? -Sugere.
-Não... Vazia.
-Vazia? -Ela repete. -Não vejo Haley como alguém vazio.
-Mas é! E muito... -Me viro olhando melhor para minha acompanhante. -Leah, você já se comparou?
-Ha, e quanto...
-Por qual motivo? Isso é tão normal assim?
-Espera, espera, espera... -Leah diz apontando a palma da mão para mim. -Você nunca se comparou?
-Eu não sei, não me lembro. Como é?
Leah olha o horizonte, perdida no que responder, mas responde o que parece ser a primeira coisa que pensa.
-Se comparar é... -Uma pausa. -Talvez o sentimento mais vazio, ou um dos. Ele significa falta de amor próprio. Você se acha insuficiente e olha os outros como se fossem melhores que você, e você se julga por isso. Eu me comparei no quesito da arte, alguns artista eram melhores do que eu, mas batalhei fundo nisso. Eu sempre queria ter um tempo para pintar, mas quando via o quanto outra pessoa era melhor do que eu, eu me sentia insegura, insuficiente, inútil. Jurava que eu era uma decepção. Meu estilo de arte nunca agradou muito, mas assim que vi pessoas que não eram tão diferentes, e que até minhas inspirações se comparavam, eu comecei a pensar: "não é apenas eu". E isso aliviou um pouco. -Ela me olha sorrindo. -Eu ainda me comparo, não se engane. Mas eu sei que eu não estou sozinha, e isso é um fato.
Vejo Leah com os olhos brilhando, completamente sem reação pela fala dela.
-Isso foi... Profundo.
-Hahaha! Eu sei, ando fazendo mais essas reflexões doidas! Mas me fala, quer dar uma volta com a Haley? Talvez ela esteja afim de um papo.
-Claro, mas antes, eu posso perguntar uma coisa?
-Com certeza!
-O que você falaria pra alguém que se compara?
Leah colocou a mão no queixo, acariciando-o, em forma de demonstrar estar pensando.
-Eu acho que diria algo como: ei! Você anda muito bem! Você não está sozinho, eu também sinto esse vazio ás vezes, então não se sinta assim! Eu gosto da forma que você continua aqui, se esforçando. Mas lembre, se esforce, e não reclame de falta de resultados se você está parado. A vida é curta, honre a vida que tem, sem olhar a dos outros, onde eles só mostram a ponta do iceberg.
-Hahaha! Realmente, muito bom!
-Obrigada! Vamos buscar a Haley?
-Sim!

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