Ele me olhava, os olhos penetrados no fundo da minha ALMA.
Eu poderia revidar, mas seus olhos gritavam para mim me matar quanto antes pois era uma "regra".
Regras? Eu queria entender sobre elas mas, eu não conseguia pois minha mente simplesmente travava.
Eu tento ouvir o que aquele homem com bigode tenta falar mas, eu só consigo olhar pro homem de cabelos roxos e barba longa que me olha como se eu fosse um inseto nojento, sem alma, e nem validade.
O olhar arregalado, o sorriso psicótico e a as mãos com sangue, me deixavam cada vez mais nervosê, além de vontade de sair dali, o quanto ANTES.O homem de bigode percebe que estou olhando pro NADA,mas o homem que eu olhava desaparece, como se o pesadelo estivesse terminado, ou melhor, começado.
-Você não merecia ver isso. Sou Harvey. -Ele esconde a cocaina em seu bolso.
-Eu já vi.
Posso ver lágrimas no olhar de Harvey que fica rindo pelo efeito.
-Desculpa. Eu juro que não sou um viciado qualquer, só é difícil aguentar ser médico sem surtar.
-Meu pai era médico, eu presenciei ele surtando então não tiro sua razão.
Harvey se vira para mim em choque, além de parecer preocupado com meu comentário.
-Você acha isso normal?
Agora tenho 2 opções de respostas.
A: "Não! É ilegal".
Ou a letra B: "Bom, não, mas se você se sente bem com isso, as consequências são suas não minhas, não posso opinar".
Decido ir pela letra "B" por parecer mais gentil.
A resposta do moreno me surpreende por sua vez.
-É, queria que mais pessoas pensassem assim, quer?
-Foi mal, não.
-Entendo! Eu me arrependo disso, mas era isso, ou me matar de trabalhar e fingindo que gosto daquilo. E quando falo "me matar" é LITERALMENTE. -Harvey ri.
O fato dele estar drogado ajuda o mesmo a desabafar comigo, que conheceu ele exatamente há 5 minutos e 35 segundos, chega a ser vantajoso pra mim que preciso que ele desabafe, mas triste pro mesmo.
Harvey parece nada alterado, só um pouco tranquilo de mais, entende? Ele parece se sentir nas nuvens com a substancia.
-Quer desabafar?
-Não. Mas podemos fazer perguntas um pro outro! Seria legal!
Ele parece Krombus animado quando está sob uma droga.
-Por quê você não gosta de seu trabalho?
-Eu fui obrigado a ser médico, só ajudo as pessoas por pura pressão.
-Então arrume outro emprego!
-Não. Se eu arrumar outro emprego, as pessoas dessa vila morrem, sou o único médico com a faculdade terminada presente, além de que meu orgulho não deixa.
-Você só trabalha como médico para as pessoas não morrerem e por conta do seu orgulho?
-Exatamente! Se eu parar, vou ser visto como um fracote pelo meu primo.
-Por quê?
-Tenho que esquecer sobre ele, que era um babaca qualquer! Eu não quero morrer sabendo que não calei a boca do desgraçado, além das minhas tias que se fossem comida,seriam muito "amadas" , entende?
-Elas são...
-Sim, quer?
-Você já me perguntou, eu não quero, obrigado.
-Desculpa, eu esqueci, desculpa mesmo, eu acho que preciso ir para casa, não fale para ninguém.
-Eu te ajudo.
Acabo levando Harvey até a clinica/casa dele que por sorte, se encontrava perto.
Ok, por enquanto temos, uma bruxa super forte, um monstrinho preto, um louco roxo, um escritor que sabe de mais, um alcoólatra que tem filha, uma garota que manda o pai se foder, a artista que tem um relacionamento tóxico, a dos cabelos verdes que parece ser agredida pelo marido, e agora, um médico que usa cocaina, simplesmente muito legal.
Fico pensando se Harvey usa esse tipo de coisa todo momento.Decido voltar para casa mas acabo trombando com Shane e Jas que fazem a mesma pose ao me verem,ou seja,ambos cruzam os braço.
-Onde estava? -Mesmo com a voz séria,Shane parece mesmo é preocupado comigo. -O show já acabou.
-Me desculpa gente,eu fui resolver algo.
-Esse algo é alguém?
-Shane,falando assim parece que está com ciúmes.
-E ele está! Você tinha que ver Mey, o papai reclamando que você demorava!
-Jas!
-Mas era para mentir?Ou não era?
O pai de Jas pega a mesma pelo colo.
-Você está com sono,vamos para casa. Você vem Mey?
Olho para a Clinica de Harvey e depois para Shane e sua filha.
-Eu tenho algo para fazer! Podem ir sem mim gente! Obrigado pela companhia,foi incrivel!
-Certo,mas você pode me dar um beijinho na testa de boa noite Mey? Por favor? -Jas sugere com os olhos brilhantes. -Assim,consigo dormir melhor!
Eu,como sempre,sendo um imã de crianças mesmo não servindo nada para cuidar de uma.
Um pouco sem jeito,faço o pedido fazendo a pequena rir alegremente.
-Jas,onde estão seus sapatos?
-Acho que esqueci no Sallon!
-Vá pegar. Vou conversar com Mey,que tal?
-Tudo bem! Já volto pai e tiê Mey!
Ela me dá um abraço e logo em seguida saí,fazendo Shane me olhar um pouco mais preocupado que antes.
-Foi o Harvey,né?
A lógica dele me fez ficar curiosê de como o mesmo sabia de algo como isso.
-Sim,por quê?
-Ele fuma faz muito tempo,não tenta bancar de herói agora.
-Eu não vou "bancar de herói" tá legal?!Vou só ver o problema melhor.
Estou saindo quando o mesmo segura meu braço com força.
-Ele é legal e tudo,mas ouvi dizer que estava afim de ajudar a Leah,não tem como ajudar dois ao mesmo tempo.
-Pare de cuidar da minha vida.
-Eu vou admitir tá porra? Eu achei você intrigante e algo em mim diz que você vai se fuder se ajudar gente de mais,é só um aviso, teimosê do caralho. -A voz irritada faz com que eu solte meu braço e olhe-o com uma certa confusão.
"Esse cara quer me ajudar ou me xingar?!".
-Certo,vou ajudar Leah pois mesmo Harvey parecendo ter sérios problemas é bom não ficar muito oculpadê com o problema dos outros,mesmo sendo meu objetivo.
Shane ri de maneira provocativa.
-O que é? Você é algum anjo que veio para cuidar dos outros?
-Não interessa Shane.
-O que foi? Eu descobri sua farsa? Falando sério Mey,você é muito idiota para ligar tanto.
-Olha aqui seu imbecil! Eu não te dei essa liberdade!
-Certo, não vou contar seu segredo anjinhê. Só não diga que não avisei quando se tornar umê trouxa.
Ele parecia querer me provocar,como aqueles inimigos que se gostam dos filmes,mas não quero um romance agora mesmo Shane sendo bonito.
-Não vai funcionar.
-Já funcionou,faz muito tempo.
Ele entra no Sallon enquanto solto um suspiro misturado com irritação e cansaço.
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SEMPRE VALLEY
Fanfiction"Sempre Valley" é uma narrativa que mergulha profundamente no universo de Mey, um jovem que herda um Nintendo do seu avô após a sua morte. Diante do luto e da dificuldade em lidar com a perda, Mey encontra uma fuga para fugir da realidade: o mundo...