CAP 5: Em busca do vestido

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Minha vida se resumiu em uma frase. Mas acho que neste momento se resume em 2, de um livro aleatório que Krombus lia que peguei da biblioteca local, um pedido do mesmo que enchia meu saco desde manhã. Eu realmente ODEIO crianças,mesmo essa sendo um ser das trevas que de acordo com ele mesmo, pode me matar a qualquer momento.
A frase citada anteriormente era: "Ajudar apenas é uma missão quando estamos sendo recompensados por isso, mas neste caso, nem ajuda se chama, e sim "interesse".
Eu poderia descrever minha situação atual NISSO, mas eu não sou recompensadê por isso. Digo, eu posso esquecer a morte de meu vô mas, um dinheiro entende? Será que consigo arranjar um emprego aqui?
Eu não quero ajudar aquelas pessoas, se for pra ajudar, pelo menos que eu tenha dinheiro, e não numa fazenda sem merda nenhuma.
-Mey! -Tomei um susto ao ouvir Krombus exclamar meu nome.
-Que é?
-É sua vez de ler. -Revirei os olhos e peguei o objeto rapidamente.
-"Então assim..." -Ouço risadas. -Se você rir de novo eu arranco seus dentes fora, caso você tenha algum.
-Desculpa, eu nunca tive um momento em familia assim, apenas estou feliz!
Minhas sobrancelhas mostravam minha tristeza ao ouvir o ser feliz falar algo assim tão animado, a inocência de uma criança me mata toda vez que ela fala algo extremamente triste como se fosse a coisa mais normal do planeta terra.
Abri um sorriso mesmo completamente mal por Krombus.
-E Aurora? Ela não é sua familia?
-Não sei, ela é minha amiga, mas familias ficam mais tempo uns com os outros, certo?
-Como uma "mãe ausente"?
-O que seria isso?
-Bom, é como se sua mãe não te valorizasse ou não ficasse tanto tempo com você quanto você queria. Bem resumidamente.
-Oh. A Aurora é uma mãe ausente!
-Você queria ter mais tempo com ela?-É a primeira vez que vejo Krombus ficar realmente triste por algo, além de não dizer nada e apenas concordar com a cabeça. -Entendi.
-Mas e uma mãe ao contrário disso?
-Uma mãe presente?
-Isso! Uma mãe presente. Como ela é? É legal ter uma?
-Uma mãe presente é uma mulher que te apoia, escuta, entende e não julga. NUNCA!
-Como sua mãe é Mey? Ela é ausente, ou presente?
Eu iria falar sobre minha mãe, mas o assunto quase levou até meu falecido vô então mudei de ideia.
-Ela é uma mãe. Nada de mais.
-Entendi, é ausente?
Não me orgulho disso,mas acabei ficando com raiva de Krombus mesmo sabendo que era verdade. Uma verdade que eu não gosto de aguentar.
-Não vem ao caso.
-Entendo, bom, eu tenho uma mãe ausente e ninguém para conversar, mas sabe, eu gosto de ler com você! Você pode ler como se fosse minha mãe?
-Eu não sou sua mãe.
-Pode fingir? Eu quero aprender a ter uma mãe!
Eu odeio aqueles olhos brilhantes que Krombus tem quando quer muito algo ao nível extremo.
-Está bem. Onde você parou? -Ele aponta para uma linha do livro e começo a ler. -"Então assim, você pode ir ao baile Baronela! Mas lembre, a magia vai se acabar 00:00." -Consigo ver Krombus perdido na história ao me ver lendo. -Sua vez.
-Você lê muito bem mamãe!
-Obrigado.
-Ei! Você deve falar "obrigado filho" né? Por favor mãe! Eu quero ter você presente!
-Obrigado filho.
Krombus me abraça alegremente e se posiciona para continuar.
-"O vestido de Baronela era lindo, um tom azul brilhante que..." Espera, que palavra é essa mãe?
-Você não sabe?
-Não! Aurora me ensinou apenas o minimo da escrita humana.
-Se diz: "iluminava".
-Obrigada mãe! - Ele prossegue - "Iluminava todos que viam."
Até que viramos a página e Krombus para por alguns segundos, me fazendo ficar confusê.
-Algum problema?
-E-eu... Não consigo. -Ele olha para mim. -EU NÃO CONSIGO NÃO QUERER ESSE VESTIDO MÃE! ELE É LINDO! EU QUERO UM ASSIM! POR FAVOR!
-Eu não consigo te dar um vestido Krombus.
-Se é aquele papo de que meninos não podem usar vestidos, não venha com essa mamãe! Eu sou um garotinho crescido e esse vestido ficaria ótimo em mim! Eu poderia ser a Baronela e encontrar meu principe encantado! O que acha mamãe? Eu posso ter esse vestido? Eu te prometo que deixo você usar!
Eu apenas soltei um suspiro fundo e longo e saí dizendo:
-Eu já volto.

Lá estava eu, batendo na porta de Emily com um certo desespero.
"O que estou fazendo da minha vida?" Me perguntei nos pensamentos.
Sem muita demora, uma mulher loira abriu a porta e sua beleza me fez babar.
-Quem é você?
-Mey! Ê fazendeirê.
-Se você não se vestisse com isso, até seria bonitinhê.
Tão bonita, mas tão desumana.
-A Emily está?
-Não. Ela foi comprar algumas coisas no Pierre, quer que eu avise sobre isso para ela?
-Eu posso esperar?
-Ok. Só não suje a casa com suas botas.
-Pode deixar! -Eu disse quase enforcando aquela grosseria em forma de mulher.
A casa das duas era bem bonita, mas o que me chamou a atenção foi a maquina de costura em um canto com vários tecidos espalhados.
-O que você quer com a minha irmã? -A garota dona dos olhos de cristais me disse de repente com um olhar que se caso fosse uma metralhadora,me mataria na hora.
-Eu quero que ela faça uma roupa.
-Para você?
-Não. Pro meu... - Krombus não é nada meu, mas ao mesmo tempo é, por isso não sabia o que dizer.
-Seu cachorro?
-Não! Ele não é meu cachorro.
-Ok. Mas saiba que talvez ela demore. Deve estar falando com Ioba agora.
-Desculpe, quem?
-Ioba. O Deus Ioba.
-Oh, entendi. Qual seu nome?
-Haley. Por que quer saber?
-Nada. Estou em uma missão de conhecer todos.
-Entendi.
Um silêncio constrangedor veio e me vi na necessidade em puxar assunto, já que Haley parecia ser bem dificil de se manter uma conversa ou se interessar por uma.
-Você é bonita.
Achei que ela apenas concordaria, mas pelo contrário, a mesma pareceu ficar confusa e até um pouco sem graça com meu comentário.
-Obrigada.
-A sua irmã parece ser boa no que faz,você também sabe costurar?
-Não.
"POR QUE ESSA MULHER NÃO PERCEBE QUE QUERO PUXAR ASSUNTO?".
-Eu queria aprender. Você acha que Emily vai demorar por quanto tempo?
Haley nem me responde, a porta já é batida e Emily aparece.
-Mey! Olá! Acho que já conhece minha irmã! Vocês ficaram bem juntês? -Apenas olhei a loira que revirou os olhos e disse para Emily parar de fazer amizade com tudo e todos. -O que faz aqui Mey?
-Eu queria um vestido.
-PERFEITO! ACABEI DE COMPRAR VÁRIOS TECIDOS! Você tem alguma referência?
Mostrei a parte do livro para ela um pouco coradê.
-Pode fazer o mais parecido possível?
-Sim! Mas irei precisar das medidas.
-Não é para mim.
-Oh. Pode perguntar para a pessoa? Eu não posso fazer sem as medidas.
"Que burrice. Saí sem nem perguntar. Se bem que Krombus nem deve saber as medidas dele".
-Temos um telefone aqui. Você pode usar para ligar. -Haley diz tentando ajudar.
-Não precisa! Eu posso me virar.
-Tem certeza? 
-Sim. Vou deixar a ideia de lado. Obrigado pela ajuda!

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