CAP 30: Haley, a comparação.

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Quando eu era pequena, meus pais levaram eu e minha irmã para fazer compras.

Eu amava comprar roupas novas para mim, mas tudo mudou naquele dia em expecifico.

Fomos eu, Emily e nossos pais comprar novas roupas. Talvez pois o primeiro dia de aula estava se aproximando.

Todas as roupas que eu jurei que serviriam perfeitamente para mim ficaram tão apertadas que eu conseguia ouvir o homem do caixa brincando que eu precisava parar de ser tão gulosa, enquanto meus pais riam e eu segurava o choro.

A Emily apenas me olhou sem entender, e eu me tranquei no banheiro pensando: "Não faz sentido... A Emily é mais velha, ela que as roupas deveriam estar apertadas" enquanto pela primeira vez eu me vi querendo ser minha irmã, com 10 anos de idade.

Eu não queria sair do provador, não queria ver Emily com roupas que cabiam perfeitamente nela, eu queria ficar trancada lá até apodrecer.

Mas quando saí, minha visão ficou turva e eu senti que queria que o mundo sumisse ali mesmo.

Minha ida na escola piorou tudo.

A Emily era linda, social, e muito querida por todos os professores por ser a favorita.

Algumas garotas tinham inveja dela, comigo inclusa mas nunca falei disso, e essas garotas começaram a fazer bullying com minha irmã.

Eu defendi ela, mas quando fui na diretoria, a diretora só conseguia repetir o quanto era impossivel eu ser irmã da melhor aluna da escola enquanto eu era uma louca por brigas gorda.

Chorei pra caralho no banheiro feminino, mas também nunca contei isso pra ninguém.






Depois que o papai e a mamãe morreram, minha vida perdeu a cor.

Eu finalmente poderia chorar por algum motivo que não fosse a cintura fina da Emily, e ninguém poderia me julgar por isso.

Mas o que mais me matou, além de notar que meus pais nunca mais voltariam, é que a minha irmã mais velha parecia feliz, feliz de mais.

Eu acho que era uma falsa felicidade, mas mesmo assim tudo que eu conseguia repetir era o quanto a Emily era melhor no quesito do corpo e do ludo do que eu.

Ela conseguia sorrir até para as pedras na rua enquanto eu ficava pensando qual era a porra do meu problema e o motivo daquela dor demorar tanto para passar.

A minha vida, a porra da imbecil da minha vida eu fiquei me comparando com alguém que nem se lembrava que nós estávamos sozinhas, sem nossos pais.

Tudo que eu ouvi nessa Vila era o quanto a Emily era boa no começo, mas foi quando começaram a comparar meu corpo com o dela que eu parei completamente de ligar se eu era feliz ou não, eu só queria ser MAGRA, BONITA, INTELIGENTE, A EMILY.

Era mais um sábado comum comigo e minha irmã quando ela percebeu que nem comida eu coloquei no prato.

Me olhando com certa preocupação, Emily perguntou:

-Está sem fome?

-É. Sem nem um pingo de fome.

-Você está bem Haley?

-Estou, só sem fome. -Me levantei da cadeira. -Só preciso tomar um ar, ok?

-Certo...

E assim eu corri para meu quarto.

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