CAP 18:"Só talvez,eu goste."

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Depois que eu fiz meu trato com o Wizard tudo tem ficado calmo,ou era pra estar.
O sentimento de que algo ruim está prestes a ocorrer me contamina assim como a água que desce em meu corpo enquanto tomo banho.
Eu pedi pra Aurora criar um banheiro pois já que agora estou LITERALMENTE dentro do jogo,me recuso a ficar sujê.
Ela fez sem exitar,talvez seja por que bruxas não necessitam de banho,ou melhor,nenhum monstro necessita.
Saio do banho com a toalha em meu corpo olhando Krombus que está em cima da minha cama brincando com algumas bonecas.
—Que bonecas são essas?
O pequeno esconde as mesmas atrás das costas um pouco inquieto.
—Que bonecas? —Mente o menino. —Não tem boneca nenhuma.
Por um tempo jurei que o mesmo usava ironia comigo até perceber sua feição extremamente séria.
—Essas nas suas costas.
O garoto lentamente tira elas do lugar anterior e me olha como se eu estivesse segurando uma arma na mão.
—A Jas me deu...
—E por que você não disse?
—E-eu achei que você ficaria irritadê por me ver com algo que não é meu.
—Mas se a Jas deu as bonecas para você são suas,não?
Ouço as engrenagens rodando na cabeça dele enquanto o pequeno me entrega uma boneca.
—Quer brincar comigo?
Sinto uma leve dor de cabeça mas depois me recomponho colocando a mão esquerda na cabeça.
—Depois! Mas podemos combinar algo? —Krombus chega até mim. —Você nunca mais vai achar que vou ficar bravê com você sem motivo. Eu adorei as bonecas e nunca iria pedir pra você devolver pra Jas garotão... —Dou tapinhas em sua cabeça. —Eu nunca iria pedir algo assim pois sua felicidade importa pra mim,tá legal? Quais são os nomes das bonecas?
Krombus me olha com felicidade e admiração.
—Eu quero ser você quando crescer!
—Haha... Ser fazendeiro é muito cansativo!  Tem certeza?
—Não ser fazendeiro,mas sim ser um pai bom como você é! E mãe também! —Ele segura minha mão enquanto meus olhos estão arregalados. —Quero ser tão bom quando você é pra mim!
Coloco a mão na boca lacrimejando.
—Você me acha boê nisso?
—MUITOOOO!
Estou chorando.
Não de tristeza ou alegria,mas sim alivio.
Eu me mataria aqui mesmo se eu por acaso ouvisse do mesmo que sou horrivel nisso pois não quero ser que nem...eles.
Minha garganta dá um nó e eu falho por um instante,mas decido deixar de lado.
Não,eu não preciso pensar nisso.
Mas é dificil.
Extremamente dificil.
Seco as lágrimas enquanto Krombus me olha tristonho.
—Eu te fiz chorar?
—Não,não! —Seco os olhos. —Eu só...não esperava você falar isso.
—Eu te dei um susto?
—É...hahaha! —Começo a rir para não chorar mais e preocupar o menor. —Eu não achava que você pensava assim garotão..
Krombus dá um sorriso de canto.
—Mas é tão óbvio...
Sinto uma lágrima se derramar no meu olho esquerdo,enquanto parece que eu estou tendo um ataque de loucura de tanta vontade que tenho de gritar.
Aquele sentimento de liberdade.
Apenas dou um sorriso de canto e seguro o choro como se meu corpo me obrigasse a não preocupar Krombus.
Estou me esforçando quando Aurora surge de repente.
—Você tem uma carta Mey!
—Claro! —Seco os olhos outra vez. —Deixe eu ver.
Em resumo é uma carta da Maru destinada a mim,convidando pra visitar o Harvey pois o mesmo exigia que eu falasse com ele.
Uma coisa esclarecida na carta,é que Harvey tinha sido levado por uma ambulância para um hospital na cidade Zuzu,e de fato ter ficado por um tempo em coma,mas quando acordou estava um pouco mal ainda, mas alguém buscou ele e trouxe o mesmo pra Clinica na Vila Pelicanos,no caso,aqui.
Olho Aurora e Krombus por um tempo e um sorriso sincero surge em mim,sem mostrar os dentes claro.
—Vocês tomam conta da casa por mim?
—Aonde vai? —Aurora questiona.
—Visitar o Harvey na Clinica,ele estava muito mal da última vez que vi o mesmo. Então vocês podem ficar,certo?
—Depende,se a mãe aceitar ser a vilã das histórias...
—Aceito sim,mas pode ter certeza que não vou imitar a risada daquela bruxa novamente.
Dou uma risada saindo.

Desde que o Krombus falou das bonecas e me falou como me acha boê,uma dor de cabeça que parece que vai me matar surgiu, como se fosse um aviso de que algo não estava certo.
Aquela sensação de ter algo faltando me faz ver Wizard em minha frente.
—Saí! —Corro pro outro lado mas o mesmo continua me olhando com os olhos vermelhos. —Eu pedi pra sair!
—Sabe que apenas você pode me ver,correto?
Solto um suspiro cansado e irritado ao mesmo tempo.
—Olha,eu sei que você precisa da minha consciência toda,mas não vai acontecer OK?
A verdade é que eu entreguei metade da minha consciência pra ele pois minha cabeça ainda pensava em Hunter.
Minha cabeça começa a me lembrar de que é apenas um jogo,como se o efeito da droga estivesse passando.
—Você sabe que precisa se entregar ao jogo,ou nunca vai esquecer.
—Wizard,me deixa! Isso é tortura! Para com essa porra de dor de cabeça...por favor!
—Eu não causo dor de cabeça exagerada em você. Você que se colocou neste momento,você que escolheu este meio para te lembrar que nem tudo acabou.
—Eu quero trocar a forma. Como que eu faço pra trocar?!
—Só entregando tudo que você tem para mim.
—Eu NÃO vou fazer isso.
—Mey,primeiro vai ser sua cabeça como se você estivesse batendo ela repetidas vezes na parede,logo após sua barriga que parece estar sendo cortada como uma carne e por último,suas pernas sendo brutalmente socadas...
Nem deixo ele terminar a aperto a mão dele,fazendo a dor sumir.
—Essa é a última.
—Você não vai se arrepender de ter feito um trato comigo Mey,eu prometo.
Ele some em meio as sombras enquanto eu caminho furiosamente até a Clinica.

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