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Novamente no mundo desperto, Izumi e os mais novos correram para procurar os adultos. Haku, Takako e Sayuri, sentados na cama com os olhos fechados, subitamente os abriram e jogaram-se em Mikoto mais uma vez.

O quarteto ainda se concentrava em seu reencontro quando as mães de Ume e Jin entraram no quarto, bem como o pai de Yumeko, que lançou um olhar muito severo à filha e informou que sua mãe e os pais de Kouta estavam a caminho. Os dois se entreolharam assustados.

A notícia de que Mikoto estava de volta e bem correu pelo clã como fogo seguindo uma trilha de gasolina. Todas as miko e Tamayori-sama, além dos guardas e demais membros do clã que conheciam a sacerdotisa do céu vieram correndo para vê-la.

Foi difícil para Mikoto lidar com toda essa atenção; ela não tinha tantos olhos voltados para si desde o dia em que conhecera Takako e Sayuri, quando acidentalmente roubou seus holofotes em plena cerimônia de nomeação, com uma plateia enorme. Ainda era desconfortável. Felizmente os legados estavam lá para dividir a atenção, agora com o título de heróis para ostentar.

Mais complicado ainda do que esclarecer como exatamente ela estava de volta foi narrar tudo o que acontecera no curto intervalo de tempo no reino onírico, e como exatamente o grupo trouxera Mikoto.

A agitação foi tanta que muitos dos mais jovens fugiram da escola, e alguns adultos saíram mais cedo do trabalho.

A equipe da biblioteca forneceu um computador para Mikoto fazer uma videoconferência com a Ilha Iruka e rever Megumi-sama. A velha sacerdotisa se encheu de alívio ao finalmente ver sua neta bem, após meses com informações forjadas de que Mikoto estava num retiro isolado.

Ao final do dia, uma Mikoto completamente exausta foi para a casa de hóspedes do clã. Alguém cedeu o quarto a ela, com uma larga cama de casal na qual a jovem se jogou para adormecer quase imediatamente.

O sono foi agradavelmente pesado e tranquilo no início, mas num momento começou a se formar um sonho. A imagem era difusa, e tornou-se mais distinta até Mikoto reconhecer...

— Arashi?

Ele estava de costas para ela, sentado no chão do que parecia ser um dos pátios que ocasionalmente interrompiam os degraus da Montanha dos Cinco Elementos. Mas aquele era rodeado por árvores, tinha uma longa mesa de pedra que só podia servir para um banquete, e um torii de uns três metros de altura.

O que ele estava fazendo ali?

Mikoto tentou chamá-lo, mas sua voz não saiu, e Arashi também não se mexeu.

Ela acordou tranquilamente, não num pulo como nas últimas vezes que tivera sonhos proféticos. Piscando para clarear a visão, a jovem olhou para o despertador na mesa de cabeceira, que dizia ser duas da manhã, e só então percebeu que não estava sozinha no quarto.

Haku descansava a cabeça na beirada do colchão, sentado numa cadeira ao lado da cama. Mikoto afagou sua cabeça e o acordou.

— Ei, vá se deitar.

Ele murmurou algo como "tudo bem" e subiu na cama. Mikoto riu, mas ao vê-lo se aconchegar ao seu lado, afastou-se para dar mais espaço e o cobriu com o lençol.

— Eu também senti saudades. Mas precisa dormir na mesma cama?

— Não quero que desapareça no sonho de novo – Haku murmurou, a voz pastosa de sono.

O coração de Mikoto se apertou. Era verdade, ela ficara desaparecida por três meses, e Haku devia ter ficado mais preocupado do que qualquer um. Ele não ia querer perdê-la de vista agora que ela acabara de voltar.

— Não vou a lugar nenhum. Eu juro – ela deu um beijo na testa de Haku e voltou a deitar, segurando a mão dele – Boa noite, maninho.

***

O Conto da Donzela CelestialOnde histórias criam vida. Descubra agora