Jade Melo é a herdeira mais rica da América do Sul no ano de 2235 e precisa escolher um homem elegível entre os seus cinco pretendentes perfeitos para se casar.
No entanto, ela se vê num doloroso mártir quando percebe que está apaixonada por Robert...
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— Está há tempo demais tocando, senhor Liam. Não quero que o sindicato apareça com uma multa por abuso. – Jade brincou quando viu Robert descer do palco após se certificar que a música que tocava em sua pausa agradava o público.
— Mal vi o tempo passar, confesso. As pessoas parecem estar gostando.
— É claro que estão. Por que não gostariam de suas músicas? Você é talentosíssimo.
— Confesso que o fato de algumas delas me reconhecer por causa das melodias me pegou desprevenido.
— A sua assinatura sonora é muito marcante, pode ter certeza disso.
Liam sorriu.
— No entanto, mandei preparar algo para você na biblioteca. Por gentileza, me acompanhe.
Jade levantou o braço para ele e esperou que Robert entendesse este ato. No entanto, ele a encarou profundamente temeroso em tocá-la.
— Por gentileza, senhor Liam, me dê o seu braço, sim? Eu permito que me toque – disse em voz alta.
Robert nunca havia tocado em uma mulher antes. Ele nunca havia sentido sob os seus dedos a pele de alguém do sexo oposto, afinal, o seu trabalho até então não era diretamente ligado à servidão feminina.
No entanto, no segundo seguinte sentiu o braço de Jade se entrelaçar ao dele com delicadeza. Mesmo de terno, os pelos do seu corpo se eriçaram completamente, e ele agradeceu em seu íntimo por estar coberto.
— Além da biblioteca musical, tenho uma literária. Ela fica no final do corredor e é muito agradável. Você gosta de ler, senhor Liam?
— É uma das minhas maiores paixões.
Jade gostou de ouvir isto.
— Você parece apreciar Shakespeare. – Apostou ela, sentindo-se feliz por estar se afastando do burburinho da multidão.
— Acertou em cheio – respondeu ele encarando aqueles olhos verdes que pareciam muito iluminados mesmo sob a luz amarelada do ambiente. – Shakespeare, Dickens, Austen... e também os brasileiros como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Drumond...
Jade sentiu-se intimamente conectada a ele quando ouviu isto. É claro que ele gostava destes autores, afinal, ela gostava por causa dele. Jade tinha certeza de que Robert se inspirava em histórias de amor para fazer suas canções pois, todas as vezes que ela ouvia, era como mergulhar nos trechos mais dramáticos de um livro.
— Pois bem, não posso dizer que isto me surpreende. Você não é deste mundo, senhor Liam – elogiou ela. – E eu estava mais do que correta em usar suas músicas como trilha sonora enquanto lia obras tão antigas quanto estas.
Robert sentiu-se maravilhado quando ouviu isto.
— No entanto, o que lhe preparei para o seu intervalo está na prateleira onde Shakespeare habita.
