Monalisa e Músicas dos anos 2000

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Olívio encarava Jade e Robert de longe pensando seriamente se deveria interromper a conversa entre os dois

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Olívio encarava Jade e Robert de longe pensando seriamente se deveria interromper a conversa entre os dois. Já se passava das três da madrugada quando ele terminou de juntar todos os brinquedos eróticos do salão e jogado fora; retirado o bolo de dois metros e mandado os seguranças recolherem os sofás que foram absolutamente contaminados pelo óleo e o suor daqueles homens que apareceram repentinamente nus.

Assim como Jade, ele não sabia dos planos de Janice. Assim como ela, ele não havia visto toda aquela gente entrar em sua mansão, afinal, estava cuidando da sua dona que parecia muito cansada, aborrecida e ansiosa para que aquela festa cheia de gente enfadonha acabasse logo.

No entanto, havia cerca de uma hora que Jade e Robert estavam conversando na cúpula, bebendo vinho, ouvindo música e rindo.

Podia ouvir a voz aguda dela a metros de distância. Não conseguia entender o que o pianista podia estar falando, mas o rosto de Jade ia ficando cada vez mais vermelho. Ela parecia estar sem fôlego, no entanto, absolutamente feliz.

— ...quando ele colocou a anestesia eu fechei os olhos e não senti a picada — Robert, por outro lado, continuava com as suas histórias sem ao menos saber que a madrugada ia passando por eles —, mas achei maravilhoso porque eu tenho medo de agulhas. Então, continuou a consulta normalmente comigo de olhos fechados até eu ouvir um berro vindo do dentista e notar que a sua mão estava grudada na minha boca.

— Você o mordeu? — Jade questionou impressionada

— Eu juro que não sei como!

Ela deu outra gargalhada intensa.

— E?

— Eu entrei em desespero e tentei ajudá-lo a retirar a mão, mas a sua luva ficou grudada na minha boca. Como tinha inalado gás, comecei a rir copiosamente e sentir gosto de sangue descendo pela garganta. Me levantei da cadeira, olhei no espelho e parecia um personagem psicopata e canibal de filme de terror. Conclusão: o dentista me expulsou do consultório dele porque eu passei uma hora inteira rindo sem parar.

E Jade também sentia que estava rindo há tanto tempo que sua barriga parecia implorar por misericórdia. Dentro daquela cúpula, o que havia acontecido em seu desastroso aniversário parecia estar a anos-luz de distância. O pianista a envolvia em um mundo de histórias engraçadas e repletas de aventuras muito mais interessantes do que todas as horas de festa que ali ocorreu.

— Você tinha quantos anos nessa época?

— Foi na semana passada.

Jade riu novamente até sentir uma lágrima descer.

— Robert, você ainda tem medo de agulhas aos vinte e sete anos? — Ele notou que ela havia se lembrado perfeitamente da sua idade.

Contudo, não se sentia envergonhado por este fato inusitado.

— Você acabou de me dizer que tem medo de palhaços, senhorita Melo — lembrou em contra-ataque.

— Sim, porque palhaços são criaturas malignas — respondeu ela com convicção. — Tudo bem, eu confesso que é idiota, mas você não tem que tomar injeção a cada três meses? Olívio disse-me que todos os inelegíveis tomam. Se eu tivesse que lidar com palhaços constantemente, seria possível que... bem, eu entrasse em desespero igual a você.

𝐌𝐞𝐦𝕠́𝐫𝐢𝐚𝐬 𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐫𝕠𝐦𝐩𝐢𝐝𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora