𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩𝙪𝙡𝙤 4

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Eu estava atordoada, mais nervosa do que antes. Esse homem tem algo que me intimida...
Seus olhos? Sua boca? Sua beleza? Ou a sua voz?

Eu me perguntava enquanto caminhava tentando não olhar para trás, mas a curiosidade em saber se ele já saiu dali me toma e eu me viro para olhar. Ele estava conversando com uma de suas funcionárias e me surpreendo quando ele vira seu rosto em minha direção.

Meu Deus, ele é muito lindo...

Pensei e logo me dei por mim que ele estava me olhando. Lhe observo e ele dá um sorriso ladino e sedutor, acenando com a cabeça como se estivesse me cumprimentando com uma leve reverência.

Ele sabe que é bonito.

Me viro novamente para caminhar e sair dali o quanto antes. Não quero mais ver esse homem. Ele é muito intimidador...
O elevador chega ao andar térreo e eu desço assim que as portas se abrem. Caminho até meu carro, entrando no automóvel, podendo assim me acalmar. Eu dou um suspiro enorme de alívio.

O que porra foi isso?

Meu coração estabiliza voltando ao seu ritmo normal. Quando eu deixo aquele local, começo me sentir envergonhada enquanto lembro da entrevista... Raquel me paga!

"Voce é gay?"

Lembrar da maneira que eu perguntei pra ele, me faz corar. Raquel fez cada pergunta inconveniente, eu já disse inúmeras vezes que ela tinha que mudar alguns comportamentos dela.
Vivemos em uma pequena comunidade de apartamentos. Eu tenho sorte dos pais de Raquel terem comprado um lugar pra ela, isso já faz uns cinco anos por aí. Ela está quase terminando a faculdade de Jornalismo e essa entrevista com Seonghwa seria uma cerveja no bolo pra ela.
Após chegar em casa, eu estaciono o carro, desligo e saio, dando um longo suspiro. Pego as chaves e entro no apartamento, notando Raquel sentada no sofá que quando me viu, correu diretamente para perto de mim.

— Gracy! – Ela diz feliz ao me ver enquanto me abraça

— Oi! você parece estar melhor, não? – Eu fecho a porta atrás de mim

— Um pouco. Mas e aí?! Me conta tudo! Eu quero saber!

— Você poderia ter me contado mais sobre jornalismo, não acha? Passei vergonha lá.

— Puta merda! – Ela dá um tapa em sua própria testa – Eu esqueci. Mas me diz, como foi?

— Ele é um puta de um arrogante intimidador! – Digo revirando os olhos ao lembrar do quão rude ele é

— Sério? – Ela diz surpresa

— Sim! Ele me olhava estranho, com certeza queria rir da minha cara por ser uma desleixada.

— Por quê? O que aconteceu? – Eu me sento no sofá

— Bati meu braço na entrada da sala dele. – Digo com vergonha e fico brava ao ouvir a alta gargalhada dela

— Se isso não acontecesse, não seria você! – Ela riu mais um pouco e eu olhei feio, esperando ela parar de rir de mim – Mas o que ele fez?

— Me ajudou e perguntou se eu estava bem.

— Eu no lugar dele iria rir muito de você! – Ela diz enquanto pega minha bolsa e se senta no sofá, pegando seu celular onde eu já tinha mandado a gravação

— Eu sei disso. Você não presta mesmo. – Eu falo com os braços cruzados

— Eu? – Ela ri cinicamente – Assim eu fico ofendida, Gracy.

— Ah... E que pergunta foi aquela que você fez?

— Qual? – Ela diz sem olhar pra mim e continua mexendo na bolsa

— Você perguntou se ele era gay! Você tinha que ver como ele me olhou.

— Eu não sei, nunca o vi com uma namorada... Mas o quê ele respondeu? – Ela finalmente me olha

"Não, Gracy... Eu não sou gay." Em tom firme e intimidador. Meu estômago embrulhou...

— Seu estômago embrulhou? – Suas sobrancelhas juntam

— Acho que fiz xixi na roupa.

— Amiga? Não vai me dizer que... Você ficou excitada...? – Ela fala em tom preocupado

— Claro que não! É um modo de falar que fiquei muito envergonhada! – A olho levantando as sobrancelhas com um certo horror ao perguntar – Por que eu ficaria excitada?

— Você está muito nervosa. Ele te intimida tanto assim?

— Um pouco...

— Você gostou dele?

— Raquel, eu conheci o cara hoje. – Me levanto e caminho até a cozinha, pegando um copo de água

— Achou ele gostosão, não é? – Ela diz em tom safado quando entra na cozinha

— Não vou mentir, sim. – Eu digo gesticulando com o copo – Mas ele é muito arrogante. Pode ser educado, mas... O jeito que ele fala sobre a sua empresa faz ele soar como um maníaco por controle. Quer que tudo seja do jeito dele e gosta de dar ordens. Nunca que eu aceitaria a proposta dele de emprego.

— Espera, como assim "proposta de emprego" ? – Ela pergunta chocada

— Ele disse que queria saber mais sobre mim e me ofereceu trabalhar lá, mas eu não ficaria em um lugar daquele, ele com certeza é um péssimo chefe.

— Nossa... O Sr. Park parece gostar muito da sua empresa, mas nunca imaginei que ele fosse assim. Vocês se paqueraram ou algo do tipo?

— Por que você acha que iríamos nos paquerar? Eu apenas fiz as perguntas e ele respondeu, só isso.

— Hum, mas ele te olhou de um jeito diferente? – Engulo seco lembrando dos olhares intensos dele. Levo o copo até a boca e bebo um gole 

— Não. Nunca que um homem como o Park Seonghwa iria ter interesse em mim. – Coloco o copo na pia e depois me viro de volta para Raquel

Ou teria?

— Bem, eu acho que você tem muitos problemas com autoestima, você é maravilhosa e sempre quando saíamos muitos caras ficam de olho em você, só você que não percebe isso.

— Eu não estou interessada em homens, Raquel... Em ninguém. Seonghwa tinha me oferecido um emprego na empresa dele, só isso.

— Ah, Gracy... Está na cara que esse homem ficou interessado em você, acha que um cara como Seonghwa contrataria assim uma pessoa sem ela ter experiência? Eu duvido muito que ele queira pessoas sem experiência no time dele.

— E você acertou. Depois olha a gravação, tem uma parte que ele diz que sempre coloca as pessoas certas para trabalhar pra ele.

— Viu? Seria bem estranho dizer que ele quis fazer caridade, ele não tem cara disso.

— Ou talvez ele queria ver se eu aceitaria fácil a proposta.

— Eu acho que ele queria mesmo era se aproximar de você. – Ela caminha devagar de volta para a sala e eu a acompanho – Minha intuição nunca erra, Gracy Hathaway! – Ela levanta o dedo como um aviso

— Não exagera, Raquel. Ele queria me dar uma oportunidade. – Ela me olha zombando

— Não vou falar mais nada pra você, Gracy. Vou lá olhar a gravação. – Ela ergue o celular e sai

Eu fico por alguns minutos pensando na entrevista. Foi um dia muito cheio e eu precisaria descansar antes que esse nome "Park Seonghwa" destruísse a minha cabeça. Um bom banho para ir na minha aula de violino seria o suficiente pra me fazer esquecer de toda a agitação dessa entrevista.

Você me intimida, Park Seonghwa...

Até Te Ter Em Minhas Mãos - 𝐏𝐀𝐑𝐊 𝐒𝐄𝐎𝐍𝐆𝐇𝐖𝐀 (Cinquenta Tons de Cinza) Onde histórias criam vida. Descubra agora