E se nós dois...? (Xicheng)

𝔻𝕖𝕔𝕚𝕤𝕠̃𝕖𝕤

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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 14
"𝓟𝓸𝓼𝓼𝓸 𝓹𝓮𝓻𝓭𝓮𝓻 𝓪 𝓶𝓮𝓶𝓸́𝓻𝓲𝓪, 𝓹𝓸𝓼𝓼𝓸 𝓹𝓪𝓻𝓪𝓻 𝓪𝓼 𝓫𝓪𝓽𝓲𝓭𝓪𝓼 𝓭 𝓶𝓮𝓾 𝓬𝓸𝓻𝓪𝓬̧𝓪̃𝓸. 𝓜𝓪𝓼 𝓶𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓪𝓵𝓶𝓪 𝓳𝓪𝓶𝓪𝓲𝓼 𝓮𝓼𝔀𝓾𝓮𝓬𝓮𝓻𝓪́ 𝓪 𝓼𝓾𝓪."

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Lan Xichen estava sentado longe do acampamento tocando sua flauta com maestria. Seus dedos longos deslizavam graciosamente sobre os buracos do instrumento e seus lábios assopravam em sincronia para reproduzir uma bela música. Seus longos cabelos esvoaçantes se misturavam com a brisa fresca. Devido ao tempo quente incomum, ele retirou seu manto e permaneceu com suas roupas brancas, sentado no alto de uma pedra no meio do rio próximo aos arredores da montanha. 

A doce melodia expandiu-se até as árvores, ecoando de forma sincronizada e preenchendo o silêncio.  Foi como se a natureza tivesse se calado para ouvir sua canção,  não conseguia-se ouvir nem mesmo o som do farfalhar das folhas ou o canto dos pássaros. Ou talvez ela tenha se calado cautelosamente ao sentir a atmosfera que rodeava o homem. 

Embora suas notas fossem gentis e delicadas, seu rosto e sua linguagem corporal diziam outra coisa. Ele estava irado com um sentimento de desconforto e fúria em seu peito. Seus punhos agarraram ao instrumento com força suficiente para sobressair uma veia em sua mão. Seu rosto não transmitia o sorriso que ele sempre esboçava para qualquer um e muito menos seus feromônios transmitiam calma ou serenidade. 

Parou de tocar ao sentir uma coceira na garganta,  soltando um rosnado baixo, mostrando a clara frustração de seu lobo interior. Ele soltou o instrumento quando finalmente aceitou ser inútil tentar tocar com aqueles sentimentos em seu peito. Ele poderia acidentalmente estar amaldiçoando alguém ou invocando um espírito maligno sem que percebesse. Xichen desceu e então afundou na água, apoiando suas costas na pedra. A imagem de Jiang Cheng e Nie MingJue de mãos dadas não saía de sua mente.

Ainda se lembrava claramente de como se conheceram. Foi quando ele e MingJue estavam caminhando contando asneiras e piadas e precisaram desviar de um corpo sendo jogado em sua direção. Jiang Cheng desculpou-se por não ter prestado atenção onde jogava seu companheiro de treino, um rapaz com um cultivo mais avançado e com o dobro de seu tamanho. Bochechas rosadas, sobrancelhas grossas e uma marca de nascença perigosamente localizada em seu pescoço. Ainda havia resquícios de infantilidade em seu rosto carrancudo e fechado, Lan Huan logo pôde perceber a diferença de idade. Mas o que mais lhe chamou a atenção foram os lindos olhos azuis com um padrão similar a uma flor de lótus. Todos da família Jiang que havia conhecido ao longo dos anos possuíam está lindeza e pureza, ele admirava profundamente este par de olhos encantadores. Lembra-se também dos comentários elogiosos ao Jiang da parte do Nie, que rapidamente se aproximou de MingJue ao serem postos para lutar um contra o outro. Sua boca amargou quando o pensamento de ambos terem algo além de amizade, a cor de seus olhos sobressaindo no dourado ouro. A herança genética da família Lan. 

MingJue sabia do relacionamento que eles tiveram e mesmo que ele expusesse uma atitude neutra, Xichen sempre sentiu que ele havia escolhido ficar do lado de Cheng. Assim que seu relacionamento acabou, Jiang Cheng sumiu de vista e não compareceu ao seu casamento com seu até então amigo de infância, Jin GuangYao.

Só de lembrar daquela cena fazia sua cabeça doer, a noite em que se separaram foi a noite mais dolorosa em sua vida. Ele tentou contatar ao Jiang antes de seu matrimônio e depois também com a esperança de que pudessem conversar, mas tudo o que teve foi o silêncio de seus irmãos e de seu próprio amigo. Quem deveria estar se escondendo de Cheng era ele, devido à situação horrível que as coisas terminaram.