Essa é uma história de uma garota chamada Marie.
Marie tem uma vida normal, até se ver como posse de alguém sombrio.
Tudo começou quando em uma noite, que deveria ser de celebração, se torna de terror após Marie passar por uma experiência de quase...
O som do carro não me deixava dormir. Alice brincava com seu coelhinho barulhento, qual eu também já havia desejado jogar janela à fora, mas o seu possível escândalo não valeria a pena. Então, me contentei em admirar a estrada. Mamãe dirigia rápido, parecia estar com presa.
Normalmente ela tinha presa, mas isso era por conta do trânsito... E agora, não estávamos na cidade. Na verdade, mamãe havia saído da cidade já fazia alguns minutos, e Daniel não estava com a gente.
ㅡ Mãe...ㅡ a chamo, mas ela não me olha. ㅡ Para onde estamos indo?
Um breve silêncio se perdurou antes dela dizer:
ㅡ Para a casa da vovó. ㅡ sua voz sai baixa demais.
Pisco algumas vezes à medida que Alice comemora, batendo as mãos. Vejo seu olhar recair sobre nós através do retrovisor, e depois voltar para a estrada.
ㅡ Por quê? ㅡ perguntei, curiosa. Vovó morava longe, e nem havíamos entrado em casa. Mamãe havia nos buscado na escola e decidido ir para a casa da vó. Ainda estávamos de farda, e ela estava pinicando a minha pele.
ㅡ Porque sim, Marie. ㅡ disse, dessa vez mais firme.
ㅡ Está calor. ㅡ murmuro, o que a faz suspirar. E estava mesmo. Eu estava transpirando muito, mesmo que as janelas estivessem abertas.
ㅡ Você poderia aguentar até chegar lá? O ar está quebrado.
Fico alguns segundos quieta, até Alice perguntar:
ㅡ Onde está o papai? ㅡ sua voz sai baixinha e um pouco embolada por conta de sua idade, mas Alice era esperta.
Mamãe não a responde.
ㅡ Onde está o papai, mamãe?!ㅡ se irrita, falando mais alto agora.
Escuro mamãe exalar pesado, mas permanecer quieta. Então, como se tivessem a ferido, Alice começa a chorar.
ㅡ Eu quero o papai!ㅡ bate o boneco no banco antes de jogá-lo contra meu rosto, o que me faz gemer de dor.
ㅡ Ai, Alice!ㅡ seguro seus braços, o que a faz chorar mais. ㅡ Para!
ㅡ Dá pra vocês duas se comportarem aí atrás?!ㅡ mamãe briga, me fazendo soltar Alice que ainda se esperneava. ㅡ Alice, já chega!
ㅡ Eu quero o papai!
Mamãe dá um tapa no volante antes de explodir:
ㅡ O seu pai nos deixou, Alice! Ele estava com a puta da Valentina antes mesmo de...ㅡ avisto um carro vindo em nossa direção, e é quando grito para que mamãe olhe para frente, que sentimos o impacto.
Não lembro de muita coisa, não quando estávamos girando e girando e girando e girando e girando e girando...
ㅡ Marie...ㅡ abro meus olhos, ofegante e assustada. Alice me encara de cima, com a luz da tela do celular em meu rosto. ㅡ Está tudo bem... Foi apenas um sonho. ㅡ sussurra.
Me sento na cama, respirando fundo e passando a mão pelo cabelo um pouco bagunçado.
ㅡ Que horas são? ㅡ pergunto, mas no fundo eu não me importava com as horas, e sim se eu tinha acordado vovó.
Alice olha o aparelho em suas mão e depois diz:
ㅡ Três da manhã. ㅡ suspira, parecendo cansada.
ㅡ Te acordei de novo, não foi? ㅡ pergunto um pouco decepcionada comigo mesma. Alice havia se oferecido para voltar a dormir aqui, e isso havia feito com que ela não dormisse bem, já que eu sempre a acordava com meus espasmos.
Alice sorri fraco.
ㅡ Relaxa. ㅡ desliga o celular e anda até a sua cama. ㅡ Você estava falando sozinha.
Pisco algumas vezes, ainda me lembrando do acidente.
ㅡ Me desculpe.
Ela se ajeita na cama e me olha.
ㅡ Já disse que não precisa se desculpar. Não é sua culpa.
Engulo em seco e volto à deitar, encarando o teto. Vovó não havia conseguido uma forma de afastar os pesadelos, e ultimamente eu estava os tendo todas as noites.
ㅡ Boa noite, Alice. ㅡ murmuro, me virando para voltar à dormir.
Alice responde algo inaudível, antes de também cochilar. Quando o sono e bate novamente, é como se o pesadelo já estivesse me esperando...
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ㅡ Calma, vamos tirar vocês daí!ㅡ uma voz masculina nos disse.
Alice chorava ao meu lado, e como irmã mais velha, eu deveria acalmá-la... Mas não conseguia. Meu corpo estava paralisado. Meu olhos não desgrudavam do copo de mamãe sobre o parabrisas, em meio aos cacos de vidro.
Ela não se mexia desde o tempo em que ficamos aqui, esperando o socorro. Algumas pessoas acalmavam Alice da janela, mas não chegaram a nos tocar.
Não conseguia interagir com elas. Não conseguia se quer pensar. Eu estava com dor. Muita dor por conta do impacto, mesmo que o cinto tivesse me segurado.
Mamãe não devia estar com cinto. Por que ela ainda não tinha acordado?
ㅡ Vai ficar tudo bem...ㅡ alguem disse.
Fiquei ali por um tempo, até escutar máquinas contra a lataria e sermos retiradas dali por homens fardados. Só então que reagi para pedir que não levassem Alice para longe.
ㅡ Sua irmã está bem. Ela vai ser avaliada assim como você...ㅡ o homem me disse.ㅡ Fique calma, pequena.
Não consigo me mexer, estou imobiliza.
ㅡ Onde está mamãe? ㅡ é a última coisa que pergunto antes de me levarem.
Ninguém me responde, talvez, não tenham me escutado. Ou a minha voz que havia sido muito baixa.
Tento me concentrar em perguntar isso outra vez, mas há algo em meu rosto, me fornecendo o que parecia ser "ar". Sem contar na moça que não parava de falar coisas para mim.
Encaro o teto, piscando lentamente, sentindo minhas pálpebras pesadas. Cedo ao cansaço. Eram apenas alguns minutinhos de sono... E estava difícil respirar.