Essa é uma história de uma garota chamada Marie.
Marie tem uma vida normal, até se ver como posse de alguém sombrio.
Tudo começou quando em uma noite, que deveria ser de celebração, se torna de terror após Marie passar por uma experiência de quase...
Saio do banho, e encaro o mais novo colar sobre minha cama. Fecho os olhos, bufando.
ㅡ Vovó precisa parar com isso. ㅡ resmungo; mesmo assim, me inclino e pego o objeto, o guardando logo em seguida dentro do bolso da calça. Termino de me ajeitar e pego minha bolsa já pronta para sair.
ㅡ Tô saindo!ㅡ aviso para ninguém em especial, e ando até a porta. Só quando ponho a mão na maçaneta que escuto a voz de Cora, o que me fez parar por alguns segundos:
ㅡ Viu seu colar?
Engulo em seco, cansada desse assunto.
ㅡ Uhum.ㅡ respondo. Ela não fala mais nada. ㅡ Até mais, Cora.ㅡ abro a porta e saio.
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Embora meus dedos corressem rápido no teclado do computador da empresa, indicando um trabalho sendo desenvolvido, minha mente estava em outro lugar. Nunca havia desejado tanto que o tempo passasse o mais rápido possível.
Eu odiava o cheiro do café do lugar, as pessoas andando de um lado para o outro e o barulho dos teclados sendo utilizados. Odiava tudo isso intensamente.
Meu dia já estava ruim, ainda mais quando Richard parou de frente à minha mesa e pousou suas mãos sobre a minha mesa. Eu não havia visto o seu rosto, mas pelo cheiro do perfume enjoativo e o relógio de luxo já indicavam o dono.
Segurando o suspiro pesado e o revirar de olhos, causados pela junção da minha impaciência e pela sua presença um pouco irritante, o olho. Richard estava com seu olhar presunçoso e seu cabelo brilhando pelo gel ridículo, como sempre, me encarando de volta.
ㅡ O que? ㅡ pergunto me ajeitando na cadeira. ㅡ Esqueci alguma coisa na sua mesa? Estou corcunda demais? Estou com cara de exausta?
Ele ri pelo nariz, sem humor e cruza os braços.
ㅡ Não, não... Na verdade, hoje você está calada demais para que eu fale alguma coisa.
Trinco o maxilar, inspirando fundo.
ㅡ E então...?
ㅡ O chefe está a chamando.
De repente, entro em estado de alerta. Franzo o cenho e pergunto:
ㅡ O chefe?
Richard assente. Devagar, levanto. Vejo Débora, que trabalhava ao meu lado, nos encarando com uma cara como " o que você fez?". Dou de ombros, e sigo Richard pela empresa. Ele segura a porta do elevador, onde eu entro, sendo seguida por ele que se coloca ao meu lado, perto até demais para que a minha tolerância aguentasse.
ㅡ Sabe, você anda se arrumando demais para quem vem para o emprego.
Seu comentário me faz o encarar feio.
ㅡ Continuo a mesma coisa desde o dia em que comecei a trabalhar aqui. ㅡ evito lhe dar um resposta melhor, e que, talvez, causaria a minha demissão.
Ele não me olha.
ㅡ Está tentando chamar a atenção do novo chefe?
Arregalo os olhos, ofendida.
ㅡ Como ousa me ofender dessa forma?!
Richard ri.
ㅡ Pare de se fazer. Conheço mulheres como você.
Fecho meu punho, fazendo um grande esforço para não lhe dar um tapa. Eu o mataria ali mesmo.
ㅡ Também conheço homens como você...ㅡ ele me olha de canto como quem se perguntava. ㅡ Que gostam de diminuir as mulheres para que elas se tornem mais acessíveis para você.
ㅡ O que está tentando dizer? ㅡ se vira, dando um passo em minha direção.
Minha paciência estava no limite, mas ainda prezava pelo meu emprego. O que eu menos queria era ser perseguida no trabalho.
ㅡ Você ouviu bem.ㅡ é a única coisa que sai.
Richard me encurrala contra a parede do elevador.
ㅡ Eu sempre quis apagar essa sua pretenção, Marie. Você se acha demais para uma...
ㅡ Se afaste! ㅡ o corto, tentando o empurrar.
A porta do elevador se abre. Richard se afasta bruscamente quando um ruído grosso sai da pessoa que estava esperando do lado de fora.
Não encaro, engulo em seco e tento controlar minha respiração.
ㅡ Chefe... Eu já estava a levando para o seu escritório. ㅡ Richard dispara.
Chefe?
Meus olhos quase saem da órbita, e sinto meu rosto aquecer.
ㅡ Ah, eu vi. ㅡ ele diz, baixo. A voz familiar demais.
Ao erguer meus olhos, constato a familiaridade. O homem era o mesmo que havia me puxado da borda da ponte... Ao seu lado esquerdo, tinha um moço de cabelos loiros e encaracolados, observando tudo com atenção, e do lado direito, uma moça de cabelos ruivos e olhos tão sombrios quando o chefe. Ela usava um terno e segurava uma pasta nas mãos, me encarando, o que me fez desviar o olhar.
Eu nunca havia visto o novo corpo de administração da empresa, nunca havia tido acesso.
ㅡSenhorita Marie? ㅡ a moça me chama.
Primeiro, encaro o homem moreno do meio, o mesmo que havia se preocupado com a minha segurança na ponte. Ian, seu nome, se não me faltava a memória. Ele encarava Richard ainda. Sem dúvidas, havia visto a cena ridícula dele com os dois braços do lado da minha cabeça, e se houvesse interpretado mal, pensaria que nós estávamos tendo um caso amoroso em local de trabalho.
ㅡ Sim? ㅡ desvio a minha atenção para a moça ruiva. ㅡ Podemos conversar?
Faço que sim, sem dizer mais nada.
ㅡ Ian, posso eu mesma fazer isso?
Ian me olha, os mesmos olhos marcantes que me faziam querer encolher.
ㅡ Claro. Tenho outras coisas para resolver.
Instintivamente, olho para Richard, o mesmo encarava os próprios sapatos, o que me faria sorrir caso não estivesse tão constrangida. Ele me pagava!
ㅡ Pois bem...ㅡ a moça me olha.ㅡ Me siga, por favor.
Assinto passando por eles, ainda sentindo o olhar dos dois à porta me observando conforme eu me afastava. Quando olho para trás, vejo que eles já haviam entrado no elevador, e Richard não havia saído.
