Essa é uma história de uma garota chamada Marie.
Marie tem uma vida normal, até se ver como posse de alguém sombrio.
Tudo começou quando em uma noite, que deveria ser de celebração, se torna de terror após Marie passar por uma experiência de quase...
Puxo minhas mãos trêmulas da maçaneta, assim que escuto a chave ser virada e a tranca ser destravada.
Assim que a porta é aberta, sinto o ar sair de meus pulmões. Marie me encara, os olhos cansados de chorar e vazios, as bochechas vermelhas e o pescoço vermelho e um pouco ferido com marcas de unhas, como se ela tivesse se enforcando com as próprias mãos.
Um relance das palavras dr Cora me atingem em cheio. "Porque não era você quem estava se afundando na escuridão, menina!". E, como se tivesse realmente aberto um pouco meus olhos para isso, noto que Marie estava sendo puxada para essa escuridão de novo.
A palidez em seu rosto, como se estivesse prestes à vomitar, dizia isso.
Afasto a sensação de peso no estômago e tento não gaguejar ao prrguntar:
ㅡ Está melhor? ㅡ era um pergunta supérflua.
Ela fecha os olhos por alguns instantes e respira fundo, soltando o ar com força.
ㅡ Vou ficar bem. Foi apenas uma crise de pânico. ㅡ abre os olhos, a voz mais calma, mas ainda sem nenhuma emoção. ㅡ Será que... podemos ir?
Evito a vontade de abraçá-la e concordo com a cabeça. Ela agradece com um leve sorriso, o que melhora um pouco o seu semblante. Marie encara as vozes do salão, que já haviam voltado com fervor e pisca algumas vezes, afastando o que quer que estivesse lhe consumindo.
E como se tivesse colado uma máscara em seu rosto, inquebrável e neutra, ela anda de volta para lá. Fico parada, em completo choque, e me pergunto se Marie não tem vivido com essa máscara durante todos esses anos.
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Não consigo evitar a preocupação que surge diante disso. Eu pensava que ela era ruim em esconder os próprios sentimentos ao surtar do nada, ou acordar dos pesadelos e passar o resto do dia mal, mas eu estava enganada... Aquilo ela só a ponta do iceberg.
Uma coisa havia ficado clara: Marie sabia esconder tão bem isso tudo, que só deixava transparecer quando essas coisas explodiam, a sufocando ao ponto de não conseguir engolir. Mas, até mesmo depois disso, ela voltava ao "normal".
ㅡ Fale o que está pensando.ㅡ escuto a sua voz cortando o silêncio da biblioteca.
Ela estava sentada com um livro, que eu não conseguia ver o título, nas mãos. Eu também tinha um em mãos, mas nós duas sabíamos que nenhuma ali estava lendo.
Apenas passando o olhos pelas páginas para evitar comentar sobre o ocorrido no salão. E eu agradecia por estarmos ali e não em casa, visto que Cora já devia ter sentido falta do aparelho.
Eu havia deixado o seu celular nas mãos de um amigo bom em desbloquear isso e, depois que o "dia das irmãs" acabasse, eu passaria lá.
Mas não sabia se poderia deixar Marie como estava. Algumas coisas haviam se encaixado em minha mente e eu precisava saber.
ㅡ Marie...ㅡ ela me olha.ㅡ Se lembra de algo da nossa infância?
Marie parece congelar, e eu me arrependo no mesmo instante de feito a pergunta. Como se percebesse a minha reação, ela disfarça e fecha o livro, olhando para as suas mãos agora sobre a capa.
ㅡ Se isso tem a ver com o seu pai, não, eu não me lembro dele.ㅡ não me olha. Seus dedos tamborim a capa incansavelmente.
Como eu saberia se ela estava mentindo ou não?
ㅡ Com o que tem sonhado? Eu só quero saber... Algo sobre os nossos pais.
Ela me olha rápido, uma pequena fração de raiva passando ali.
ㅡ Daniel não é meu pai.ㅡ noto os nós de seus dedos ficarem brancos, antes dela relaxar o punho.
Engulo em seco e, com cautela, digo:
ㅡ Você não sente curiosidade sobre o seu pai? ㅡ você não sente falta dele?
Marie suspira pesado, após alguns segundos.
ㅡ Sinto.ㅡ responde, me deixando surpresa. ㅡ Curiosidade, e apenas isto. Mas prefiro deixar o passado quieto, não quero que ele mude a forma como o vejo hoje, e olha que não é muito boa.
Inclino um pouco a cabeça, notando a sua indiferença ao assunto.
Como ela conseguia?
Daqui, Marie parecia muito mais madura, e não estava relacioado ao fato dela ser mais velha.
ㅡ Mas, e se ele fosse um cara bom? Não iria querer saber sobre ele?
ㅡ E se ele não fosse? ㅡ ergue as duas sobrancelhas. ㅡ Também tem que incluir essa possibilidade. E, levando em consideração que ele abandonou a minha mãe ainda grávida, eu diria que está mais inclinado à ser uma pessoa sem caráter e sem amor.
Isso me faz repensar em algumas coisas.
ㅡ Cora nem mesmo lhe disse algo sobre ele? ㅡ eu já sabia que a nossa mãe também não havia dito nada sobre o pai de Marie, ao menos nisso ela havia puxado Cora.
Marie parece se conter. Ela se levanta e apoia o livro no peito, me olhando por alguns segundos.
ㅡ Alice, não é no meu passado que você vai encontrar respostas sobre o seu.ㅡ isso me pega desprevenida. ㅡ Há outras formas de saber, e se Cora nunca disse, algum motivo ela tem. ㅡ Olha ao redor. ㅡ Vamos, já é noite. Estamos desde de manhã fora.
Assinto, dessa vez ficando quieta. Marie tinha razão, haviam outras formas de saber, e uma delas já estava em minhas mãos.
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Soltei de vez. Deixem a estrelinha e comentem, isso fortalecer mto a fic!