9| Uma visitinha

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Era noite quando acordei com um barulho estranho na casa. Alice havia ido dormir cedo, devido a falta do celular e a vontade de chorar ao pensar nos pertences perdidos. Daria um trabalhão conseguir de volta.

Vovó ainda não sabia, para a preocupação de Alice. 

O barulho do lado de fora me fez ficar mais atenta. Todos os meus sentidos diziam para não levantar e ir olhar, mas tinha algo que me atraia. Minha tatuagem na nuca doeu, me fazendo franzir o cenho de dor e pôr a mão sobre ela.

Irritada, me levanto e acendo a luz do quarto. Pego meu celular e acendo o flash para ir acendendo as luzes dos outros cômodos conforme eu me aproximava da sala.

ㅡ Alice? ㅡ a chamo, mas ninguém responde. ㅡ Vovó? ㅡ mais uma vez, silêncio.

Com um pouco de medo, dou meia volta e volto o mais rápido para o quarto, trancando a porta. Odiava o fato de agora Alice não dormir mais comigo, eu me sentia como uma criança, mesmo sendo a mais velha de nós.

Bufo, com raiva, e desligo a luz, pronta para voltar pra cama e dormir. Mas quando me viro, há alguém atrás de mim, e quando derrubo o celular, assustada, não consigo gritar. Minha voz não saia.

A escuridão tomou conta do quarto. Não consegui me mexer. 

ㅡ Shhh...ㅡ a voz grossa falou ao meu ouvido. Sua respiração batendo em meus pescoço, e o cheiro forte e embriagante invadindo minhas narinas. Algo me acalmava. Eu não sabia o que, mas meu corpo foi relaxando involuntariamente. ㅡ Não vim assustá-la, amor.

ㅡ O-que é você? Saia da minha mente...ㅡ minha voz não passou de um sopro.

Sua respiração se tornou pesada.

ㅡ Minha nossa... Sua voz é ainda melhor. ㅡ sinto algo acariciar minha bochecha. ㅡ Não vou machucá-la.

Minha pele estava quente. Algo muito estranho estava acontecendo... Parecia que algumas coisa me atraía à ele.

ㅡ O que você quer? ㅡ pergunto, escondendo minha voz afetada.

Sua risada grave me fez arrepiar.

ㅡ Eu quero muitas coisas vindas de você, pequena. Mas não consigo dizer em voz alta. Você se assustaria.

Minha respiração foi ficando ofegante conforme seu carinho descia para meu pescoço. Seu cheiro era forte. Ele estava muito perto, pois sentia o calor do seu corpo.

ㅡ   Quem é você? Por favor, n-não me machuque...ㅡ tentei me afastar, mas não consegui.

Isso pareceu irritá-lo, pois ele parou de me acariciar bruscamente.

ㅡ Já falei que nunca a machucaria, Sarai!

Franzo o cenho.

ㅡ Eu não me chamo Sarai... Você se confundiu.

Ele hesita um pouco, parecendo relaxar.

ㅡ Não, eu não me confundi.  ㅡ um beijo em minha testa. Um beijo caloroso, me pegando de surpresa. ㅡ Saiba que você é minha, Marie. Não importa o que faça, sua alma e corpo são meus.

Arregalo os olhos.

ㅡ Do que está falando?ㅡ eu queria meus sentimentos de volta. Queria sentir medo, pois era o que eu deveria sentir perto de alguém que não conhecia.

ㅡ Quanto mais eu entro na sua vida, mais você sabe. Não vou estragar a surpresa, querida.

ㅡ Saia do meu quarto!

ㅡ Estou de olho em você.ㅡ isso mais pareceu um aviso. ㅡ Não costumo dividir o que é meu, esteja ciente disso também.

Minha boca se abre, mas nada sai.

ㅡ   E pare de usar os objetos. Não vai conseguir me afastar mais como esse último mês. Seu prazo acabou, Sarai.

Fecho o punho.

ㅡ Os amuletos afastam coisas ruins!ㅡ o acuso.

Ele parece se divertir. Seus dedos tocam meu queixo, inclinando minha cabeça para o encarar, mas devido a escuridão, não vejo nada. Apenas sinto suas respiração agora batendo contra meu rosto.

ㅡ Ah, não, amor... Eu sou uma benção em sua vida. Ainda a mostrarei isso.

Não consigo falar.

ㅡ Até mais, diabinha. Espero a ver em um bom humor da próxima.

e então, aos poucos, as sombras são retiradas dos meus olhos. Vejo meu celular caído no chão, o flash ligado e apontado para cima.

Demoro para me mexer, meu corpo não parece querer reagir de imediato. Embora eu estivesse assustada, o medo não vinha. Algo de errado tinha... Eu estava tranquila demais. Mas meu corpo ficava em alerta e só depois de alguns minutos, me mexi.

Liguei a luz, vendo que meu amuleto não estava em meu pulso. Respiro fundo e me agacho para pegar meu celular. Mas quando levanto, sou surpreendida pela bolsa de Alice sobre a minha cama, intacta.







Me And The Devil ( Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora