36| O preço

185 20 1
                                    

Sinto mãos grande e quentes me puxarem de volta, e logo o cheiro estranhamente reconfortante do homem ou seja lá o que ele fosse, me envolve como uma canção acalentadora.

Estou me tremendo, sei disso pois a única coisa que me mantém de pé, é uma força invisível e rígida. Como um apoio em meus joelhos.

A criatura tinha poderes, isso era um fato.

Respiro fundo, procurando a lucidez.

ㅡ Se acalme.ㅡ sinto uma leve brisa balançar meus cabelos, como um beijo frio contra meu rosto. ㅡ Se acalme, minha Sarai. ㅡ sua voz está calma, contida e estranhamente calorosa.

Eu não deveria, ainda mais tendo como base o que ele havia me mostrado ㅡ e o que ele era, principalmenteㅡ ,no entanto, não consegui segurar o suspiro de alívio quando senti as suas mãos em minhas costas, me puxando para si.

Estou rígida, hesitante, quanto ao seu toque. Seu corpo era largo, quente e reconfortante.
Embora ele dissesse que não era um humano, tudo nele era humanoide, só que ainda melhor.

Como seu coração que batia tão rápido e pesado, que eu o sentia em minha alma.
Seu cheiro que me deixava atordoada, e eu desconfiava ele ser o causador da minha "anestesia". Porque era assim que eu me sentia: extasiada.

Ao mesmo tempo que ele me assustava, também me atraía. Devia ser a sua forma de se aproximar, afastando meu medo e atiçando a curiosidade.

Relaxe. Já sabe que eu nunca a machucaria, meu amor. ㅡ seu apelido me faz abrir os olhos e sair só"sonho" o qual eu estava.

Me afasto, encarando a escuridão.
A verdade era como um balde de água fria sobre a minha cabeça. Um pílula difícil de engolir.

Jacob... Jacob o conjurou para me machucar...
Uma vingança de algo que eu não sabia.

O silêncio se torna ensurdecedor. Não me afasto quando seu polegar toca meu rosto, enxugando a umidade presente ali.
Eu nem mesmo havia sentido as lágrimas rolarem.

Seu gesto me trouxe de volta para o controle de meu corpo, me fazendo piscar e soltar a respiração presa na garganta.

O ritual dele não deu certo, mas, de alguma forma, me atraiu até você. sua voz sai baixa e cautelosa, como se adivinhasse o que eu estava pensando.

Franzo meu cenho. Então, de onde ele havia saído?
Minha língua pesa na boca, mas me obrigo movê-la:

ㅡ Você já existia aqui? ㅡ mal dá para ouvir a minha pergunta, no entanto, ele parece entender.

Eu a senti. ㅡ uma hesitação. ㅡ Estava de passagem e resolvi ver quem era o idiota tentando mexer com o outro lado.

Balanço minha cabeça, apertando meus olhos e massageando minha têmpora, exasperada.

Era muito informação para mim.

ㅡ Como fez isso? Como conseguiu me mostrar isso? V-você nem estava lá! ㅡ o acuso.ㅡ Por acaso também consegue mexer na minha cabeça?

Posso a ajudar lembrar de algumas coisas, mas essa, em específico, eu tive sim acesso através de suas lembranças.

Isso me faz parar por alguns segundos. Ele podia me ajudar? Abro a boca, criando coragem para perguntar.

ㅡ Consegue acessar minhas memórias, mas eu não? ㅡ ele não me responde de imediato, então continuo. ㅡ Então elas ainda estão aqui?

Me And The Devil ( Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora