015 - Obsessões

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Acho que nunca transpirei tanto enquanto dormia igual hoje. Assim como nunca tive sonhos tão malucos quanto os dessa noite. Inclusive adquiri uma grande dificuldade para diferenciar o que foi sonho e o que realmente aconteceu.

Não sei se é um efeito dos alucinógenos utilizados, mas por algum motivo, aquelas perdas de memória frequentes que eu obtinha após ingerir álcool, não havia acontecido.

As únicas dificuldades que eu enfrentava era de separar as ilusões do mundo real. Além de ter que enfrentar a dura realidade de ser obrigada a me recordar de cada palavra que foi projetada pela minha boca.

Nunca foi tão difícil abrir meus olhos como está sendo agora. Sinto minhas pálpebras coladas e faço uma força imensa para que aquele esforço tenha algum resultado.

Diferente dos outros dias, em que o costume era acordar com as cortinas já abertas e meus olhos queimando pelo sol. Naquele dia parecia diferente, estava mais escuro.

Meus olhos lentamente se abrem e me dão visão ao quarto inteiramente em meio ao breu. Não tentei me levantar porém palpei a cama tentando procurar o telefone mas não fazia ideia de onde ele poderia estar.

Viro minha cabeça para o lado e tento enxergar quais horas marcavam o relógio mas era impossível devido ao grau da miopia.

Decido finalmente me sentar na cama e observar com mais clareza as coisas para de alguma forma se capaz de me localizar no espaço.

Penso que talvez aquele homem havia ido, de fato, embora após minha mente adormecer. Afinal, meus olhos ainda não captaram sua presença física. Mas toda linha de raciocínio se quebra ao ouvir um barulho vindo diretamente do banheiro.

Era o barulho do chuveiro, pensei em duas possibilidades. Poderia ser Layla, que possivelmente poderia ter vindo no meio da noite ou no amanhecer, e também cogitei ser mesmo o Tom.

Permaneço parada na cama, encarando a porta do banheiro esperando que algo acontecesse e que alguém saísse de lá de dentro. Até que a porta se abre e revela o jovem de tranças molhadas e a camisa pendurada pelo ombro. Uma bela visão eu diria.

— Achei que iria embora depois que eu dormisse. - Indago sonolenta e com a voz ainda rouca.

— E eu achei que não iria se lembrar da noite passada e que acordaria um pouco mais tarde. - O garoto caminha até a cama da ruiva e coloca sua camisa tampando a linda visão que eu tinha. - Acho que nós dois estávamos errados. - Sua resposta soa como uma ironia e o garoto pega seu celular que estava jogado na cama.

— Que horas são? - Pergunto quando ponho uma de minhas mãos sobre minha cabeça para tentar aliviar a dor forte que ali estava.

— 10:00AM. - Ele diz pacificamente observando a tela do aparelho e aquela resposta faz meu corpo pular da cama.

— Espera o que?! - A indignação em minha voz era totalmente perceptível. - Por que caralhos você não me acordou antes? - Levanto furiosa enquanto vou até meu guarda-roupa pegar algumas peças de roupas.

— Ouvi dizer que você não gosta quando te acordam, resolvi não checar a veracidade da informação. - Ele guarda o celular no bolso e se levanta junto comigo.

— E eu também não gosto de perder aulas. - Me aproximo do garoto que mantinha seu rosto sereno e calmo, era irritável. - Acho que sua tática não deu muito certo. - Encaro seus olhos escuros e viciantes procurando coisas para dizer em meio ao silêncio estabelecido.

Depois de tanto tempo em uma luta que parecia eterna, eu finalmente aprendi a entender seu olhar. Aquele olhar que no começo, era apenas uma bola castanha repleta de um vazio sem fim, agora parecia transmitir e ter algum significado.

PROMISE - Tokio HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora