016 - Visita Surpresa

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Eu seria a pior pessoa do mundo se voasse em seus lábios nesse exato momento?

A resposta pode ser "não", porém, eu definitivamente me sentiria a pior pessoa do mundo.

Não faço a menor ideia se essa vontade era mais explorada pelo uso da maconha, mas certamente era parcialmente incontrolável.

Seus olhos vidrados em minha boca fazia o meu cérebro derreter em desejo. Suas pupilas grandemente dilatadas eram estonteantes. Eu estava atordoada com tamanho fervor em meu corpo.

— O que estamos fazendo? - Sua voz se esvanecia pela fumaça expelida dos meus lábios.

— Eu não sei. - Sinto minha respiração pesar e meu corpo amolecer enquanto meus olhos percorrem por todo seu rosto perfeitamente desenhado.

O silencia que emanava em nosso meio não era desconfortável, muito menos constrangedor. Aquilo criava em mim uma segurança totalmente desconhecida e curiosa.

— Posso te fazer uma pergunta? - O garoto me surpreende com a fala e eu o encaro franzindo o cenho.

— Depende. - Respondo suavemente e vejo seu rosto confuso se inclinar. - Fala.

— O que você sente quando...

Antes mesmo que o garoto pudesse terminar a frase, seu bolso treme loucamente informando uma possível ligação. Sua face se faz confusa e a minha o acompanha.

— É a Layla. - Ele diz ao encarar a telinha do celular e me olhar novamente com um olhar que esbanja frustração.

— Tudo bem. - Respondo e vejo Tom desencostar suas costas do banco e se inclinar pra frente. - É melhor atender, eu ignorei ela desde que despertei. - Minha resposta sai sem que eu olhe em seu rosto, e meus cotovelos apoiados no banco sustentam o meu rosto apoiado em minha mão.

De canto, vejo o garoto assentir com um semblante misterioso. Ele se levanta e se afasta um pouco de mim para atender a chamada. Confesso que não pude impedir meu corpo de se virar em sua direção e observar seu corpo, agora, de costas para mim.

O baseado ainda se encontrava entre meus dedos e subiam até meus lábios, tragando a erva e sentindo novamente o meu corpo se relaxar por completo.

Enquanto atendia, várias vezes eu via seu olhar recair sobre mim, porém sempre disfarçava para que ele não pensasse que eu queria me intrometer na conversa, por mais que eu quisesse.

Era completamente inaudível o que saía de sua boca mas pelo pouco que conseguir ler em seus lábios, frases como "Vou procurar" e "Não se preocupa" foram detectadas por mim, e aquilo fazia surgir pontos de interrogação em minha mente.

Porém, antes que eu pudesse raciocinar algo, ele se vira completamente para mim, caminha em minha direção desligando o telefone e guarda o aparelho em seu bolso.

— Ela está preocupada com você. - Indagou o garoto ao se sentar novamente na outra ponta do banco. - Vocês deveriam conversar.

— Ontem ela não estava assim. - Minha resposta sai de maneira mais ríspida que o planejado.

— Vocês brigaram? - Ele pergunta e mesmo sem o olhar, sei me encara e involuntariamente um riso anasalado escapa.

— Não diria que foi uma briga. - Novamente trago a erva antes de continuar a resposta. - Ela está com ciúmes da minha relação com Bill e ontem eu me estressei um pouco com isso.

— E aí vocês brigaram. - Ele completa sem me deixar terminar e eu o encaro com um sorriso ladino enquanto sinto o vapor sair.

— Não foi uma briga tá legal? Eu só queria mostrar pra ela que eu tenho capacidade de ter mais pessoas na minha vida. - Retruco me descolando do banco e apoiando os cotovelos em meu joelho.

PROMISE - Tokio HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora