020 - Precipício

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— Existe alguma chance de eu cair fora dessa merda? - Lamento apreensiva e meus passos são rápidos de um lado para o outro.

— Chances mínimas mas não impossíveis. - O trançado diz enquanto encara curioso meus pés se mexerem. - Eu tenho quase certeza que você vai criar um buraco na rua se continuar dessa forma. - Indaga se erguendo da dura calçada de pedra e ficando de frente pra mim.

— Ta falando sério? - Pergunto meio eufórica e um pingo sútil de esperança surge em meu peito de que eu consiga me livrar disso.

— O que? Sobre o chão? Olha se for levar em conta a física.. - Sua voz sai sarcástica e sinto uma leve raiva surgir dentro de mim.

— Não bocó! - Retruco transferindo um leve tapa em seu ombro e vejo um pequeno sorriso singelo surgir nos seus lábios. - Acha que eu consigo sair dessa? - Minha voz sai mais baixa e suave em razão ao desespero interno que enfrento, vejo seu semblante se entristecer novamente e sinto sua mão quente em minha bochecha.

— Alune. - Tom iniciou e despejou carinhos em meu rosto descendo a mão até o meu ombro e senti meu corpo ser anestesiado com seu toque preciso. - Eu não sei como, eu não sei quando, mas eu vou te tirar dessa, eu prometo. - Sua voz era tão suave que minha língua sentia um gosto doce a cada palavra que seus lábios soltavam.

Aquela conexão, aquele sentimento, era tão vicioso quanto o pó branco invadindo minhas vias aéreas. Meu corpo sentia que precisava do seu toque, seu perfume mas por que isso parece ser ago tão ruim? A ideia de que criar esse laço significaria a ruína dos dois, faz sentido?

Minha amizade com Layla se romperia e os problemas que já existem no nosso meio triplicariam. De todo modo, não posso impedir os sentimentos que sinto por ele mas como vou ter certeza se nem estou tentando?

É como se meu corpo estivesse preso ao dele e minha cabeça estivesse em um beco sem saída. Eu rodava por todos os cantos mas meu coração sempre chegava no mesmo destino.

Por que eu não tento me afastar de verdade dele? Por que eu não consigo? Por que caralhos eu quero tanto sentir ele? Porra Alune que merda você tá fazendo da sua vida?!

Minha vida é um caos por completo onde eu consegui fracassar em todas as áreas possíveis e parece que eu tento cavar meu buraco sempre que tenho a oportunidade. Eu deveria só sair da sua frente nesse exato momento mas minha mente entra em replay infinito do momento em que finalmente eu senti seu gosto doce mas amargo ao mesmo tempo.

Eu sou uma viciada fodida presa mentalmente ao corpo de um ser que não me pertence. Ainda.

Seu toque era leve em minha pele cor de neve mas o peso de seu toque preenchia todo meu coração. Enfrentávamos os mesmos problemas e com as mesmas vontades compartilhávamos de uma feroz tentação insaciável. Onde isso vai parar?

— E o que a gente faz agora? - A falha em minha voz indicava a perda dos meus sentidos e meus olhos fixados aos seus transmitiam uma carga elétrica inexplicável, éramos os cargas positivas e negativas desesperadas pelo momento em que iríamos nos entrelaçar.

— O que você quer fazer? - Sua voz engrossava demonstrando sua visível sensação de desespero e suas pupilas cresciam tanto quanto uma bexiga cheia de ar.

— Não sei se é correto falar em voz alta. - Nossas respirações se entrelaçavam a medida em que nossos rostos se aproximavam e eu podia sentir o frescos do seu hálito soprar em minhas narinas.

— Pode tentar. - Um riso ladino surgiu no seu rosto em meio a uma provocação invisível porém paupável.

— Oi gente o Bill... - Uma doce voz feminina ecoou em nossos cérebros nos jogando de volta na realidade. - O que é isso? - A ruiva perguntava confusa e sua voz era visivelmente depressiva.

PROMISE - Tokio HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora