022 - Uma De suas Garotas Nesta Noite

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Sinto meu corpo por inteiro derreter. Um calor inexplicável cobre todo meu corpo e eu suspiro lentamente antes de abrir meus olhos e ter a visão do teto de meu dormitório.

Ainda um pouco atordoada, balanço a cabeça em negação e ergo meu corpo e vejo o quarto completamente vazio e sem cor. Eu estava de fato sozinha.

Em algum momento, Layla veio até aqui e retirou todos os seus pertences. Aos meus ouvidos, chegou que a ruiva pediu transferência de dormitório, e no meio do semestre de alguma forma ela conseguiu, mas não cabe ao meu respeito mais.

O sol invade as frestas da cortina que balançava em sintonia com o vento fraco que vinha do lado de fora. Esfreguei a colcha em meu rosto tentando criar certo tipo de coragem para levantar definitivamente e seguir minha vida. Ao meu lado, o despertador marca as 6:58AM, marcando dois minutos antes de daquele barulho irritante invadir meus ouvidos.

Encaro o pequeno aparelho ferozmente na ansiedade de ouvir seu estalar e usar isso como ponto de partida para levantar. Minha mente se enche de pensamentos bruscos e sinto o arfar subir meu peito.

Faziam algumas semanas desde o acontecido, muita coisa estava diferente, principalmente eu mesma. Minha vida estava em completo silêncio, mas era uma faixada mal feita já que minha ruína era visível para qualquer um que olhasse em minha face por alguns minutos.

Will não havia me dito exatamente quando tudo estaria pronto e isso me causava uma ansiedade além do que eu aguentava. Comecei a utilizar a maconha mais frequentemente e era raro os momentos em que eu me encontrava sóbria, o que não era tão ruim.

Layla ainda não me pediu desculpas pela forma como se direcionou a mim e Bill está maluco tentando consertar as coisas, vive me dizendo que sente minha falta em sua casa mas definitivamente não é só a garota que estou evitando.

Esbarrei com o Kaulitz algumas vezes pelos corredores da faculdade, sentindo seu olhar me fuzilar fazendo eu me sentir como uma peneira, e eu não passava longe. Estava sentindo um ódio por ele totalmente fora do comum.

Sua voz me irritava, seu jeito me irritava, o jeito que seu olhar se encontrava com o meu me irritava. Ele me irritava.

Um som distante que aumentava exponencialmente a medida em que meus olhos piscavam mais rápido e eu entendia que o horário esperava estava marcado no aparelho que sacudia levemente. Desliguei o dispositivo suspirando profundamente e criando coragem para me levantar.

Fui diretamente até a primeira gaveta da cômoda mais à frente da minha cama e peguei o primeiro baseado que apareceu na minha frente. Com o auxílio do isqueiro preto que estava sob algumas peças de roupa e eu o acendi posteriormente levando a droga até meus lábios.

Que porra eu tô fazendo com a minha vida?

Caminhei lentamente até a janela aberta sentindo a brisa meio gelada balançar os fios do meu cabelo. Nesse momento, vi o garoto de cabelos loiros e olhos azuis correr pela calçada do prédio com uma regata azul clara e um shorts preto.

Thomas caminhava toda manhã, no mesmo horário, e na maioria das vezes eu fico aqui observando ele voltar da sua corrida e retirar os fones do ouvido ao passar pela porta.

A fumaça se esvai e minha visão se torna embaçada, lentamente minhas pálpebras se fecham e eu respiro profundamente. Uma batida na porta faz meus pensamentos se dissiparem e meu corpo se fica bruscamente em sinal de espanto.

Em passos leves posso ouvir o silêncio ensurdecedor exalar do outro lado da parede. Faz dias que não vejo e nem recebo ninguém, quem iria vir aqui sem me avisar. Meus passos são calmos e minha mão vai até meus lábios retirando o entorpecente e o escondendo atrás do meu corpo. Não é como se o cheiro e meu visual deixasse subtendido que eu estava chapada.

PROMISE - Tokio HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora